- As empresas de tecnologia listadas na bolsa de Nasdaq também distribuem grande volume de dividendos aos seus acionistas
- Segundo dados da Economatica, a Microsoft destinou mais US$ 10,6 bilhões para os investidores posicionados na companhia
- Os números chamam atenção, mas os analistas alertam que as ações de tecnologia nem sempre prioriozam parte do seu lucro para a distribuição de dividendos
Os ganhos com a valorização da ação não são a única forma de rendimento que os investidores vislumbram ao montar o portfólio. Os dividendos também fazem parte da lista de desejos de quem busca as melhores oportunidades de investimento no mercado acionário. No exterior, as big techs e outras empresas listadas na Nasdaq, bolsa de valores dos Estados Unidos, também se destacam com o seu volume bilionário destinado para a distribuição de proventos.
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Um levantamento da Economatica mostra que as ações da Microsoft (MSFT) foram as que mais se destacaram com o volume distribuído. No ano passado, a big tech pagou mais de US$ 10,6 bilhões aos investidores ao pagar um total de US$ 2,79 por ação em dividendos, o equivalente a R$ 13,79 na cotação atual do dólar.
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Já os investidores com posição em Broadcom (AVGO) receberam um pagamento ainda mais generoso. O valor pago por ação ficou em US$ 19,05. Ao converter para o real, o dividendo chega a uma remuneração de R$ 94,11. Ou seja, uma remuneração 13 vezes maior do que os acionistas da Petrobras (PETR3; PETR4) receberam em 2023, quando a estatal brasileira pagou R$ 7,25 por ação.
Os dados foram retirados do demonstrativo de fluxo de caixa (dividendos pagos) na Securities and Exchange Commission (SEC), órgão dos Estados Unidos equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) brasileira.
Veja as 10 ações na Nasdaq que mais pagaram dividendos em 2023
Companhia | Valor total distribuído em 2023 | Valor por ação |
Microsoft (MSFT) | US$ 10,6 bilhões | US$ 2,79 |
Broadcom (AVGO) | US$ 7,6 bilhões | US$ 19,05 |
Comcast (CMCSA) | US4 4,7 bilhões | US$ 1,14 |
Texas Instruments (TEXA) | US$ 4,5 bilhões | US$ 5,02 |
Amgen (AMGN) | US$ 4,5 bilhões | US$ 8,52 |
Apple ( AAPL) | US$ 3,8 bilhões | US$ 0,95 |
Gilead Sciences (GILD) | US$ 3,8 bilhões | US$ 3 |
Intel Corp (ITLC) | US$ 3 bilhões | US$ 0,74 |
Asml Holding (ASML) | US$ 2,5 bilhões | US$ 6,49 |
Mondelez International (MDLZ) | US$ 2,1 bilhões | US$ 1,62 |
Fonte: Economática |
Vale a pena investir em ações que pagam dividendos nos EUA?
A Nasdaq costuma ser conhecida pela predominância de ações do setor de tecnologia, como as big techs – termo que se refere às gigantes do setor, como Amazon (AMZN), Apple (AAPL), a dona do Google Alphabet (GOOG), a dona do Facebook Meta (META), Microsoft (MSFT) e Nvidia (NVDA) – , que atraem investidores com perfil de longo prazo. Ao contrário de outros setores econômicos mais defensivos, essas empresas estão em constante investimento para aprimoramento de produtos e serviços tecnológicos.
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Renato Nobile, gestor e analista da Buena Vista Capital, cita o exemplo da Microsoft, big tech com US$ 3 trilhões em valor de mercado. Segundo ele, as fontes de receita da companhia são diversificadas e há um empenho por parte da gestão de acompanhar as inovações tecnológicas. “Há 15 anos, a receita da empresa estava no Windows. Cinco anos depois passou para o pacote office. Hoje, o segmento que mais gera receita é a Azure, plataforma de nuvem de dados, e para os próximos cincos será a inteligência artificial”, afirma Nobile.
Por essa razão, não faz sentido para a gestão da empresa destinar parte do lucro para a distribuição de dividendos aos acionistas. Os recursos precisam ser constantemente realocados para o desenvolvimento de novas linhas de negócios. O retorno que o acionista terá na carteira ocorre com a valorização do papel à medida que a companhia ganha espaço relevante no mercado.
Apesar dessas características, a Microsoft e a Broadcom, listadas como as maiores pagadoras de dividendos da Nasdaq, são empresas já consolidadas e que possuem uma previsão de fluxo de caixa elevado devido à sua posição relevante no mercado. “São empresas, que podem até ser consideradas, do ponto de vista do mercado americano, destinadas para um investidor mais conservador no mercado de ações”, acrescenta o analista da Buena Vista Capital.
Impostos sobre os dividendos
Além disso, quando traz para a realidade do investidor brasileiro, os impostos cobrados em cima dos dividendos reduzem ainda mais a atratividade do papel quando o investidor busca dividendos.
A legislação dos EUA estabelece uma alíquota de 30% em cima dos proventos pagos a investidores estrangeiros. Há ainda as cobranças do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 0,38% em cima do valor enviado ao Brasil e da taxa custodiante da corretora responsável pela operação. Se a posição do investidor na empresa ocorrer por meio de BDRs, os ganhos serão ainda menores.
“O BDR é um recibo lastreado em uma ação negociada no exterior e não necessariamente essa razão é de um para um (uma ação gera um BDR). Até podem existir casos assim, mas são raros”, diz Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research. No caso da Microsoft, uma ação da big tech equivale a 24 BDRs listados na B3. Ou seja, os proventos a serem pagos serão proporcionais à posição do investidor na companhia.