Um dos hábitos que contribuíram para o sucesso de Barsi foi a constância. Imagem: Adobe Stock.
O ano de 2025 se aproxima do fim, com o Natal batendo à porta, e o investidor de renda passiva quer saber: quem são as vacas leiteiras da Bolsa brasileira neste ano? As ações que mais pagaram dividendos seguem, em boa parte, as mesmas de sempre, mas há espaço para surpresas.
Um levantamento exclusivo de Einar Rivero, CEO da Elos Ayta Consultoria, para o E-Investidor mostra um recorte parcial das companhias que mais distribuíram proventos em 2025, pelo critério do dividend yield (retorno em dividendos) até 27 de outubro. O estudo reúne 20 empresas com rentabilidade entre 8,27% e 47,30%, considerando dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) que já saíram do caixa das companhias, mesmo que ainda possam não ter pingado no bolso dos acionistas.
Nas 10 primeiras posições há uma combinação de empresas cíclicas e de setores perenes. A liderança é da Syn Prop Tech (SYNE3), que atua em venda, locação e desenvolvimento de imóveis comerciais, e registra dividend yield de 47,30% no acumulado de 2025, após distribuir R$ 2,62 por ação. Parte dos pagamentos, porém, veio de vendas pontuais de imóveis e pode não se repetir no longo prazo.
Em segundo lugar está a Marfrig (MBRF3), com novo código após a fusão com a BRF, com dividend yield de 16,50% e R$ 2,81 por papel. Em 2024, a antiga Marfrig (MRFG3) foi a maior pagadora da Bolsa, com retorno em dividendos de 29,21%, equivalente a R$ 2,83 por ação.
Completam o Top 5: Vulcabras (VULC3), Unipar (UNIP6) e Direcional (DIRR3), com dividend yields de 15,16%, 12,56% e 12,29%, respectivamente.
Nas seguintes posições estão ações mais perenes, como BB Seguridade (BBSE3), uma das favoritas dos analistas para liderar em 2025 no quesito remuneração dos acionistas. A seguradora soma dividend yield de 11,76%, com R$ 4,25 distribuídos. Também figuram no ranking Bradesco (BBDC3; BBDC4), Cemig (CMIG4) e Plano&Plano (PLPL3).
Veja abaixo as TOP 20 maiores pagadoras:
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As queridinhas dos analistas
Ainda podem ocorrer novas distribuições até o fim de 2025, o que provavelmente alteraria o ranking das maiores pagadoras. Mas a fotografia atual reflete a percepção dos analistas? O E-Investidor ouviu agentes de mercado que apontam 9 ações com potencial para liderar em dividendos neste ano e com espaço para bons pagamentos em 2026.
Um dos grandes destaques é a BB Seguridade (BBSE3), presente também no ranking da Elos Ayta e a mais citada entre os analistas. A maioria tem recomendação de compra, com projeção de dividend yield entre 9,5% e 12,50% para os próximos 12 meses. O preço-teto indicado para compra vai de R$ 34 a R$ 38,30, faixa considerada segura para garantir boa remuneração e não pagar caro.
Para Sergio Biz, analista e sócio do GuiaInvest, a BB Seguridade oferece um dos melhores dividend yields da Bolsa de forma sustentável. A companhia costuma pagar proventos em agosto e fevereiro. A próxima distribuição, referente a 2025, deve ocorrer em fevereiro de 2026. “Existe expectativa de desaceleração dos resultados no segundo semestre de 2025, mas sem impacto relevante na remuneração dos acionistas”, diz Biz.
Ele lembra que a queda da taxa Selic pode reduzir o resultado financeiro, mas esse componente representa apenas 20% do total. “À medida que a Selic cair, o resultado operacional deve evoluir, embora leve alguns trimestres.” Aparentemente o preço atual da ação já embute essa redução dos dividendos.
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O CFO da BB Seguridade, Rafael Sperendio, afirmou recentemente à coluna Dividendo à Vistaque 2025 será um ano de distribuições robustas, podendo até superar o payout (parcela do lucro destinada a proventos) tradicional de 90%. Em 2026, o volume total de dividendos pode diminuir temporariamente, mesmo com o payout mantido.
Biz calcula que, com ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) acima de 80% e payout de 85% a 90%, a companhia pode pagar entre R$ 3,20 e R$ 3,50 por ação em 2026, mesmo diante da desaceleração dos dividendos.
Milton Rabelo, analista da VG Research, também recomenda BBSE3. Ele lembra que a crise no agronegócio impactou o Banco do Brasil, controlador da seguradora, o que pressionou as ações, apesar da resiliência dos resultados. “Mesmo com deterioração operacional em curso, os resultados financeiros compensam quase plenamente essa queda. A companhia mantém alto payout, o que sustenta o dividend yield elevado”, avalia Rabelo.
Na visão do analista da VG, a BB Seguridade continuará entre as melhores pagadoras da bolsa nos próximos meses. “A compressão dos múltiplos foi exagerada e oferece boa margem de segurança para investir. Se voltarem à média de múltiplos, há espaço para valorização da ação”, afirma. Rabelo estima que o preço-justo de BBSE3 seria R$ 45,10 e recomenda compra até R$ 38,30, com potencial de garantir alta de 15%. O dividend yield projetado pelo analista é de 12,5% para os próximos 12 meses.
“Investimento atrativo, por conta da resiliência dos negócios da seguradora, alta rentabilidade e forte distribuição de proventos”, reforça Rabelo.
A BB Seguridade não deve anunciar novas distribuições em novembro e dezembro, salvo ocorram extraordinárias, o que ainda não foi sinalizado pela companhia. A próxima está prevista para fevereiro de 2026, com base nos resultados de 2025.
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Entre as outras favoritas está a Petrobras (PETR4), ainda vista como forte candidata a vaca leiteira, com expectativa de dividend yield de até 15% nos próximos 12 meses. Jayme Simão, sócio-fundador do Hub do Investidor, destaca a produção sólida registrada na sua prévia, a geração de caixa e foco no pré-sal como pilares para manter os proventos. “Com o Brent acima de US$ 60 e endividamento em 1,81 vez dívida líquida sobre Ebitda, a empresa segue barata e com dividend yield acima da média da bolsa, que é de 6%.”
Simão recomenda compra PETR4 até R$ 35, com potencial de valorização até R$ 40 nos próximos 12 meses. Como a estatal costuma remunerar praticamente trimestralmente, ele espera novas distribuições ainda no quarto trimestre. Sobre pagamentos efetivos, a companhia já programou três parcelas, em 21 de novembro e duas em 22 de dezembro, de até R$ 0,33 por ação.
Outra aposta é a Itaúsa (ITSA4), holding que investe no Itaú (ITUB3) e em mais seis subsidiárias. Antiga “meme” dos investidores pelos dividendos magros, a empresa mostra que deu a volta por cima e pode entregar dividend yield de até 9% nos próximos 12 meses. O preço-teto recomendado pelos analistas para investir na holding é até R$ 13.
Para Renato Reis, analista da Blue3 Investimentos, comprar Itaúsa é investir no Itaú com desconto. Segundo ele, as ações ITUB3 são até 15% mais baratas do que ITUB4, contudo possuem baixa liquidez de negociação. Como a holding investe em ITUB3, vale mais a pena investir em Itaúsa. “Entre pagar mais caro nos papeis preferenciais do Itaú (ITUB4) ou comprar Itaúsa (ITSA4), prefiro comprar a holding”, defende.
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Reis pondera, contudo, que a gestão da holding deixa a desejar por manter empresas menos alinhadas à renda passiva na carteira, como Alpargatas, Dexco e Motiva.
A Itaúsa, contudo, já deixou claro que busca uma estratégia híbrida, mesclando proventos e ganho de capital, com participações em conselhos e comitês das investidas. Para 2025, o foco da holding é reduzir dívida e abrir espaço para dividendos maiores. Se os juros ajudarem, em 2026 a companhia pode voltar a investir.
A Itaúsa paga juros sobre capital próprio trimestrais de R$ 0,02 por ação, em janeiro, abril, julho e outubro, além de dividendos complementares, que ocorrem geralmente em agosto e no início do ano seguinte. Portanto, novas distribuições em 2025 não devem ocorrer, salvo se forem extraordinárias, impulsionadas pelos lucros e dividendos do Itaú. Porém, os dividendos adicionais do Itaú também costumam ser distribuídos no começo do próximo ano subsequente ao exercício.
Outro estudo da Elos Ayta Consultoria mostra ainda companhias que distribuíram proventos religiosamente em todos os quartos trimestres de 2020 a 2024, sugerindo que novas remunerações possam vir até dezembro, se seguirem esta tendência.