- A moeda norte-americana superou a sua rival por alguns instantes no último dia 12, o que não era visto há 20 anos
- A expectativa por escassez de gás na Europa e o aumento de juros nos EUA foram as duas grandes razões para a paridade
- Na maior parte do ano passado, o euro ficou acima dos R$ 6,00, oscilando em torno de R$ 5,30
Julho ficou marcado pela paridade entre dólar e euro, com a divisa norte-americana superando seu rival por alguns instantes no dia 12, em um movimento que o mundo não via há 20 anos. Com valores tão próximos durante vários dias uma grande possibilidade de alocação de duas moedas fortes foram abertas aos investidores. Mas qual delas configura a melhor opção?
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Para os analistas ouvidos pelo E-Investidor, eles têm uma preferência. Porém, antes de tudo, alertam para a necessidade de diversificação. “É muito importante para o investidor ter um porcentual da carteira alocada em moeda forte, ou seja, em dólar. Com relação ao euro, na maior parte de 2021 a moeda oscilou no intervalo entre R$ 5,30 e R$ 6,00. Então, este pode ser um momento bom para aproveitar”, diz Renan Mazzo, head de câmbio da SVN Investimentos.
O dólar fechou o pregão de ontem cotado a R$ 5,2792, com alta de 1,94%, enquanto o euro encerrou a terça-feira cotado a US$ 1,0165.
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A expectativa por uma possível escassez de gás na Europa e o aumento de juros pelos Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) foram dois dos grandes motores da paridade. Mas para André Rolha, diretor de produtos da Venice Investimentos, o principal motivo que levou ao fato histórico foi a demora para a zona do euro enfrentar a inflação elevada do momento atual.
“As duas economias demoraram para reconhecer que não era uma inflação momentânea. Os EUA começaram a fazer a lição de casa de forma antecipada e a Europa, de forma tardia. Esse receio em elevar a taxa de juros, trazendo uma retração econômica de forma prejudicial para toda economia, provocou a depreciação na moeda [europeia]”, afirmou Rolha.
O fato do dólar ser reconhecido no mercado como um ativo de maior segurança faz com que a moeda norte-americana ganhe a preferência em tempos de volatilidade, disse o diretor.
Nesta reportagem os analistas de mercado alertam sobre os cuidados que o investidor deve tomar com alocação de investimentos em dólar e em euro.
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Contudo, o cenário global está muito nebuloso para especular com moedas, uma tarefa difícil por natureza, de acordo com Felipe Steiman, gerente comercial da B&T Câmbio. Ele sugere que ambas as moedas sejam utilizadas como reserva de valor. “Todo investidor precisa ter uma parte do seu patrimônio em outras moedas. Apesar da grande desvalorização recente do euro, o dólar é a moeda mais segura do mundo, o refúgio de investidores em momentos de tensão global”, diz Steiman.
Para o investidor que faz especulação com moedas o momento requer cuidado, principalmente com o cenário atual de volatilidade e com decisões de política monetária mundo afora – de forma gradual, diversos bancos centrais reajustaram suas políticas de juros na última semana. Porém, quem compra parte do patrimônio como proteção e reserva consegue navegar neste cenário turbulento com mais tranquilidade.
“Geralmente quando o Ibovespa está caindo, o dólar está subindo. E quando o dólar está caindo, as ações aqui estão indo bem. Então, é importante ter uma carteira bem alocada para obter um porcentual de ganhos em diferentes cenários”, indica Mazzo.