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Após bater máxima de R$ 5,48, dólar fecha em leve alta à espera do Copom

A valorização obrigou alguns analistas a revisarem as suas projeções do câmbio para o fim de 2024

Após bater máxima de R$ 5,48, dólar fecha em leve alta à espera do Copom
Foto: Envato Elements

O dólar encerrou esta quarta-feira (19) cotado a R$ 5,44, com uma leve alta de 0,14%. A cotação chegou a bater a máxima de R$ 5,48 – o maior patamar desde o início do governo Lula, em janeiro de 2023 –, mas foi perdendo força a longo do dia enquanto investidores aguardam o fim da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Como mostramos aqui, por volta de 14h, a cotação chegou ao seu patamar máximo. Ao longo da tarde, no entanto, o movimento de alta teve certo alívio e tanto o dólar à vista quanto as taxas futuras reduziram a valorização sem grandes motivos aparentes.

O dia teve agenda esvaziada por causa do feriado de Juneteenth, nos Estados Unidos. Com isso, fatores domésticos acabaram se sobressaindo. “O político domina, porque, com o feriado nos EUA, a liquidez no dólar é bem reduzida”, destaca Elson Gusmão, diretor de Câmbio da Ourominas.

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No Brasil, a atenção de investidores está voltada para a decisão de política monetária no Brasil. A expectativa geral é de que o Copom decida pela manutenção dos juros no atual patamar de 10,50% ao ano, mas o foco mesmo está no placar da decisão. O mercado espera que a decisão seja consensual, para amenizar os temores causados pelo “racha” no último encontro do grupo, em maio.

Fernando Marx, contribuidor e Sócio do TC S.A, explica que, apesar da cesta de moedas emergentes estar mais fraca na comparação com o dólar, o desempenho do real segue sendo o pior. E o ruído fiscal é um dos principais fatores por trás do desempenho ruim da moeda brasileira. “Apesar do governo acenar com alguns ajustes de despesas, o grande ruído tem sido a possibilidade de uma falta de consenso no Copom desta quarta. Caso não tenhamos uma votação unanime pela manutenção da taxa de juros, a narrativa de um BC leniente com a inflação vai tomar bastante tração e poderá piorar ainda mais o câmbio”, afirma. “Uma votação consensual hoje, sem dúvidas, é o ponto mais importante para trazer algum alívio no câmbio e juros futuro no curto prazo.”

O que esperar do câmbio no restante de 2024?

As projeções do mercado para o câmbio ao final de 2024 começaram a ser revisadas. Em janeiro, a expectativa era de que o dólar fechasse o ano na casa dos R$ 5, mas a tese tem cada vez menos respaldo no mercado. A última edição do Boletim Focus trouxe uma expectativa de R$ 5,13; há uma semana, a projeção era de R$ 5,05.

O Itaú BBA é um dos que elevou nas últimas semanas a sua projeção para o dólar para R$ 5,15 em dezembro. “A nossa expectativa de um dólar forte para frente somada ao ambiente doméstico desafiador nos fez revisar recentemente [a previsão] para R$ 5,15 por dólar (antes R$ 5,00) em 2024 e R$ 5,25 por dólar (de R$ 5,20) em 2025 e a Selic terminal para 10,25 (de 9,75)”, menciona relatório.

E o banco não foi o único. A valorização obrigou alguns analistas a revisarem as suas projeções do câmbio para o fim de 2024. Nesta outra reportagem, mostramos o que as corretoras de investimento esperam do futuro do câmbio.

A Ativa Investimentos tinha até abril uma projeção de R$ 5,10 para o dólar em dezembro. Agora, a casa vê a moeda americana encerrar o ano a R$ 5,30. O C6 Bank tem a mesma projeção. Alguns analistas ainda não reajustaram as projeções, mas pretendem fazê-lo. A Ágora Investimentos, que tinha como cenário-base um dólar a R$ 5,10 ao final de 2024, já sinalizou que vai revisar o valor.

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“Bater R$ 5,50 é muito mais fácil do que voltar para R$ 4,80, e a moeda deve chegar a esse patamar no curto prazo”, diz Alexandre Viotto, head de banking e câmbio da EQI Investimentos.

Quer saber como a disparada do dólar afeta a sua vida? Veja aqui os impactos do câmbio no dia a dia e no orçamento da casa, além de como ele afeta os investimentos.

Como a disparada do dólar afeta sua vida

O dólar afeta diretamente o preço dos produtos importados que o brasileiro compra no varejo no Brasil. Mas, além deles, o câmbio pode estar embutido em itens fabricados aqui. Insumos importados são comumente utilizados na indústria nacional, a exemplo dos fertilizantes no setor agrícola e de peças para montadoras de veículos.

“O dólar é a moeda mais forte do mundo e é por meio dela que são negociada as principais commodities e os principais produtos do nosso dia a dia. Ou seja, uma alta do dólar faz com que a gente tenha produtos mais caros, que haja inflação”, comentou Victor Furtado Pinheiro, head de Alocação da W1 Capital.

A alta do dólar também pode afeta a política monetária. Em um momento de alta da moeda americana, a economia brasileira perde apelo para os investidores internacionais, disparando, assim, pressão inflacionária. Uma medida do Banco Central para segurar a inflação e atrair investidores é manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em patamar alto. Tal movimento busca reduzir a escalada de preços ao frear o consumo e atrair investidores com a oferta de retornos mais atraentes nos títulos públicos brasileiros.

*Com informações do Broadcast

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