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Dólar perde nível de R$ 6. Movimento de queda deve continuar nos próximos dias?

Visão de que Donald Trump pode implementar tarifas de importação mais brandas ajudou o real no pregão

Dólar perde nível de R$ 6. Movimento de queda deve continuar nos próximos dias?
Notas de dólar. Foto: Envato Elements

O dólar hoje fechou no menor patamar desde novembro de 2024. A moeda americana finalizou a sessão em queda de 1,4% a R$ 5,9465. Mais cedo, atingiu mínima a R$ 5,9165, o menor valor intradiário desde 12 de dezembro do ano passado, quando a divisa chegou a R$ 5,8681, mas encerrou o dia cotada a R$ 6,0072.

Analistas do mercado apontam que o grande motivo por trás do movimento é a percepção de que Donald Trump pode implementar tarifas de importação mais brandas aos produtos chineses. Na terça-feira (21), o republicano disse a repórteres, em coletiva na Casa Branca, que está discutindo a imposição de uma tarifa de 10% – alíquota bem menor que a prometida durante a campanha, quando chegou a dizer que a taxação seria de 60%.

O entendimento é de que Trump pode adotar uma postura mais contida do que a inicialmente esperada. “O mercado passou a se sentir mais confortável em assumir que a retórica do presidente será mais firme do que suas atitudes. Com alguma demora em apresentar medidas concretas relacionadas a parte das promessas de campanha, os ativos de risco passaram a precificar um cenário mais benigno”, diz Paula Zogbi, gerente de research da Nomad.

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Lucélia Freitas, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, também acredita que as declarações mais recentes de Trump a jornalistas contribuem para o recuo da moeda americana. Em sua avaliação, a divisa passa ainda por uma correção natural, depois de subir mais de 27% em relação ao real em 2024. “Eu diria que o dólar enfrenta um movimento de calibração agora”, destaca.

Queda do dólar vai continuar nos próximos dias?

Prever os próximos movimentos do dólar é sempre um desafio, já que sua cotação é influenciada não apenas por fatores externos, mas também por questões internas. Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, destaca que, caso as políticas adotadas por Trump continuem mais moderadas do que o esperado, como está acontecendo atualmente, há, sim, a possibilidade de a moeda americana manter a trajetória de queda no curto prazo.

No entanto, tudo pode mudar em fevereiro, como o fim do recesso parlamentar no Brasil. Com a volta dos trabalhos na Câmara e no Senado, mais notícias podem movimentar os mercados e, consequentemente, impactar a cotação do dólar. “Com o recesso, tudo ficou mais leve, mas a gente ainda enfrenta o problema interno das contas públicas”, reforça Bresciani.

Para Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos, a impressão de que Trump está sendo menos agressivo em relação às tarifas de importação colabora para uma queda pontual da moeda americana, que pode não se estender no longo prazo. “Há um movimento de busca por ativos de risco. Está todo mundo com um pouco mais de otimismo agora. Mas isso é algo momentâneo e acredito ser necessário esperar de fato para ver as medidas que serão adotadas”, pondera.

Freitas, da Manchester Investimentos, também acredita que a desvalorização do dólar pode ser um fenômeno passageiro. “Acho que é o momento realmente de avisar os clientes, até para o pessoal se atentar e aproveitar essa queda também, que eu acredito que seja de curto prazo”, afirma.

As expectativas para o dólar em 2025

Como mostramos nesta matéria, em dezembro de 2024, diferentes bancos e corretoras mudaram suas projeções para o dólar ao final de 2025. As estimativas variam entre R$ 5,60 e R$ 6,25. Já a Wells Fargo vê um cenário em que a moeda alcance os R$ 7 no primeiro trimestre de 2026, em um contexto global de fortalecimento da moeda americana e de perda de confiança na credibilidade fiscal do Brasil.

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Na última edição do Boletim Focus, as medianas para a cotação do dólar no longo prazo continuaram subindo e se aproximando da linha de R$ 6. A estimativa intermediária para o fim de 2027 passou de R$ 5,82 para R$ 5,92, enquanto a projeção para o fim de 2028, de R$ 5,88 para R$ 5,99. As expectativas para o fim de 2025 e 2026 se mantiveram em R$ 6,0. Um mês antes, estavam em R$ 5,90 e R$ 5,84, respectivamente.

Já a versão de janeiro da pesquisa LatAm Fund Manager Survey, desenvolvida pelo Bank of America (BofA) e publicada na terça-feira (21), revelou que a maioria dos gestores espera que o dólar fique em torno de R$ 6,10 no final de 2025. Quando questionados se a moeda americana se fortalecerá neste ano, 63% dos participantes dizem que sim.