O dólar hoje fechou no menor nível em 15 meses. Foto: Adobe Stock
O dólar fechou esta terça-feira (16) em queda de 0,44% a R$ 5,2981, menor nível de encerramento desde 6 de junho de 2024, então a R$ 5,2508. A moeda americana, que opera no menor patamar em 15 meses, tem sido pressionada por apostas cada vez mais firmes de cortes de juros nos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed) decide os rumos das taxas americanas na quarta-feira (17).
Nesta matéria, explicamos que a desaceleração do mercado de trabalho e a inflação sob controle abriram espaço para que o Fed seja mais agressivo do que se imaginava até pouco tempo atrás. Segundo dados da plataforma FedWatch, da CME, a aposta majoritária ainda é de redução de 0,75 ponto percentual nos juros americanos até o final deste ano.
Por outro lado, no Brasil, a Selic a 15% ao ano favorece o chamado carry trade. Na prática, isso significa que investidores estrangeiros pegam dinheiro em países com juros baixos, compram ativos brasileiros que rendem mais e, ao vender depois, ficam com lucro na diferença das taxas, movimentando capital para o Brasil e fortalecendo o real.
Cristiano Oliveira, diretor de pesquisa macroeconômica do Banco Pine, explica que a fraqueza do dólar no âmbito global também contribuiu para a apreciação da moeda brasileira. Em 2025, o índice DXY, que compara a divisa americana com seis pares fortes, acumula perdas de 10,88%. “Em nossa avaliação, o real deve manter a tendência de valorização frente ao dólar nos próximos meses”, destaca.
De acordo com Nickolas Lobo, especialista em investimentos da Nomad, as próximas reuniões de política monetária do Fed, nos EUA, e do Comitê de Política Monetária (Copom), no Brasil, deverão ser acompanhadas de perto, pois ditarão a direção do câmbio no curto prazo.
“O comunicado e a coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell, levantam a cautela dos investidores, que esperam uma maior clareza sobre os próximos cortes ainda neste ano e em 2026″, diz Lobo.
Manter uma exposição ao dólar é importante para proteger o investidor. O estudo “Impacto Cambial no Consumo dos Brasileiros e a Necessidade de Diversificação Internacional”, conduzido por especialistas em economia e finanças do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGVcef), mostrou que o impacto do câmbio sobre a cesta de consumo dos brasileiros varia de 16% a 18% a depender da faixa de renda. Mostramos os detalhes da pesquisa aqui.
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Dessa forma, só para proteger o seu poder de compra das variações cambiais, os brasileiros deveriam ter um mínimo de 16% de sua carteira dolarizada. Este percentual pode ser maior dependendo das particularidades de consumo da pessoa ou família. Para núcleos de alta renda, por exemplo, o mínimo deve ficar entre 17% e 18%.
Para quem deseja comprar dólar, especialistas consultados nesta matéria recomendam seguir a estratégia do preço médio – isto é, realizar aportes graduais ao longo do tempo, para se proteger das oscilações cambiais. Em vez de tentar adivinhar os movimentos da moeda americana, a orientação é encarar a moeda americana como um instrumento de diversificação e proteção patrimonial. Nesse contexto, o horizonte de investimento deve estar sempre voltado para o longo prazo, independentemente da cotação momentânea.