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- Já na segunda-feira (20), o republicano adotou as suas primeiras medidas do seu governo ao assinar os primeiros decretos
- Uma das ordens envolve a pauta de imigração ao declarar como "emergência nacional" a fronteira dos Estados Unidos com o México
- O governo também abordou as tarifas comerciais sobre os produtos importados e sugeriu uma alíquota de 25% sobre os itens vindos do México e Canadá
O presidente americano, Donald Trump, não hesitou em demonstrar ao mundo a mudança de rota que pretende adotar na agenda econômica dos Estados Unidos (EUA) para os próximos quatro anos. Em seu discurso de posse, o republicano prometeu uma nova “era de ouro” para a nação mais rica do mundo e reforçou o seu empenho em implementar as principais promessas de campanha. Algumas pautas já avançaram logo no primeiro dia de governo, ao serem contempladas na primeira leva de decretos que foram assinados na segunda-feira (20).
Uma delas envolve a imigração. Em seu retorno à Casa Branca, Trump declarou como “emergência nacional” a fronteira dos EUA com o México. O novo governo também pôs fim ao CBP One, app que permitia a entrada de imigrantes em liberdade condicional com direito de trabalho, enquanto aguardam o processamento dos pedidos de asilo. A promessa de deportações em massa também foi abordada em discurso e levantou preocupações sobre o efeito inflacionário caso a proposta avance nos próximos anos.
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As tarifas comerciais sobre as importações também foram enfatizadas durante nas primeiras horas do seu governo, embora não tenha adotado nenhuma medida concreta. Na segunda-feira (20), Trump disse que pretende aplicar uma alíquota de 25% sobre os produtos do México e Canadá, mas não detalhou quando e como pretende implementar essa política.
Efeito das novas medidas de Trump está no radar do Fed
O objetivo do novo presidente americano com as tarifas busca estimular a indústria nacional e ampliar a arrecadação do governo por meio dos novos impostos. Assim como ocorre com as políticas de combate à imigração, a medida traz mais um alerta para o risco inflacionário. “O processo de reindustrialização americano, parte de iniciativas que seriam alternativas para importações, vem com o potencial efeito de aumento de custos de mão de obra, pressionando a inflação pelo canal dos salários”, avalia a XP em relatório divulgado nesta terça-feira (21).
O assunto já está no radar dos membros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) que, desde dezembro, mantém uma postura mais cautelosa sobre a condução da política monetária do país para os próximos meses. “Esperamos mudanças significativas na política. Precisamos ver quais são elas e os efeitos elas terão” disse Jerome Powell, presidente do Fed, em coletiva de imprensa no fim de dezembro.
A nova postura trouxe reações no mercado, que agora enxerga pouco espaço para a continuidade do ciclo de queda de juros no País em 2025. As taxas das treasuries longas dispararam, o dólar se fortaleceu e a queda nas bolsas globais marcou a reta final de 2024. As incertezas continuaram nas primeiras semanas de janeiro em meio ao surgimento de novas especulações sobre as medidas tarifárias do novo governo Trump. “Elementos como dados mais fortes de emprego, que chegaram a levar as taxas das treasuries mais longas para perto da marca de 5%, assim como o início da temporada de resultados do 4T24, contribuíram para o ambiente volátil”, destacou a corretora em documento.
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Trump prometeu também restabelecer as reservas estratégicas de petróleo dos Estados Unidos e exportar para todo o mundo. Anunciou a saída dos EUA dos acordos de Paris e o abandono das metas de eletrificação da frota de automóveis americana. A ideia busca salvar a indústria nacional. Essas primeiras movimentações do segundo governo de Donald Trump sinalizam que alguns setores da economia, como commodities, tecnologia e saúde, estarão mais suscetíveis à volatilidade nos próximos meses à medida que essas políticas forem avançando.
Como mostramos nesta reportagem, os impactos no mercado mais significativos incluem a elevação dos custos de produção na manufatura devido à imposição de tarifas sobre importações, a redução da disponibilidade de mão de obra qualificada no setor de tecnologia por causa de mudanças nas políticas de imigração e a criação de incertezas. “No setor de saúde, propostas de desregulamentação e alterações em políticas de preços de medicamentos podem gerar incertezas adicionais”, diz Gianluca di Matina especialista em investimentos da Hike Capital, sobre o que esperar dos mercado com a volta de Donald Trump.
Com informações de Leo Guimarães