

Por conta da volatilidade, escolher uma ação de commodities para uma carteira de dividendos é toda uma arte que envolve estratégia.
O primeiro passo, segundo Bruno Oliveira, analista do Vida de Acionista, é acompanhar as variáveis nas quais a empresa está exposta, mas que fogem do seu controle. No caso da CSN Mineração (CMIN3), por exemplo, a companhia depende da cotação do dólar e do preço do minério de ferro.
“Cada trimestre, o investidor precisa enxergar essas variáveis no resultado final. Observar desempenho operacional, indicadores de eficiência, e o cumprimento do plano estratégico da empresa. Fatores que podem ser mais relevantes do que analisar o lucro da companhia”, aconselha.
Publicidade
Outro aspecto importante é aceitar que a volatilidade faz parte do processo, aponta João Ascoli, sócio da Sphera Wealth. É inevitável que o preço das ações e até os dividendos oscilem no curto prazo, para cima ou para baixo, acompanhando, por exemplo, a cotação das commodities com as que a empresa trabalha. “No curto prazo, isso é normal, commodities têm sazonalidade”, diz.
Volatilidade não é risco, é oportunidade. Bruno Oliveira, analista do Vida de Acionista
Ascoli lembra que muitos investidores se assustam com esse tipo de variação abrupta, mas que isso pode representar oportunidade de compra. “As ações de commodities devem entrar na carteira quando estão com desconto relevante”, diz. Ele lembra que a Vale apresentou uma oportunidade boa de entrada no começo do ano, apesar de que o minério de ferro não estava abaixo da média histórica. Para conseguir usufruir destas oportunidades, a dica é delimitar um percentual de exposição da carteira a commodities. A recomendação dele é entre 10% e 15%, a depender do apetite de risco do investidor.
Para Victor Bueno, sócio e analista da Nord Research, para o momento atual faria sentido entre 12% e 15% de exposição a commodities, mas sempre de olho em empresas que tenham um histórico de resiliência, solidez operacional e financeira e que transmitam a confiança de que continuarão pagando bons proventos.
A volatilidade das commodities é inimiga ou aliada?
A volatilidade tem sido a vilã do momento quando se trata de ações de commodities, principalmente diante da guerra comercial, contudo, Oliveira destaca que é preciso olhar essas oscilações com outra perspectiva. “Volatilidade não é risco, é oportunidade. Isso tem que ficar claro para o investidor pessoa física”, defende.
Segundo o analista do Vida de Acionista, uma empresa de commodities, com as ações desvalorizadas, mas que conseguiu manter fundamentos interessantes, pode ser um ótimo negócio para compra a preços menores. “É oportunidade desde que a variação do preço não decorra de mudanças estruturais do negócio, mas sim de um medo ou euforia do mercado”, pontua.
Já quando há mudanças estruturais macroeconômicas, a recomendação é de rever a tese de investimento da empresa ou quando há alterações internas que aumentam o risco sobre o futuro da companhia de forma desproporcional. Para não se expor a riscos desnecessários, a dica é tomar decisões pragmáticas e evitar fazer mudanças na carteira em curtos períodos de tempo.
Publicidade
Volatilidade e commodities podem ser aliados da sua estratégia de renda passiva. Mas, para iniciantes, os especialistas não recomendam começar a constituir uma carteira de dividendos por este setor, dado que o custo psicológico pode ser muito alto e levar o acionista a tomar decisões equivocadas.
Confira abaixo o levantamento de Filipe Ferreira, diretor de negócios da Comdinheiro/Nelogica, sobre quais são as empresas de commodities mais voláteis da bolsa nos últimos 12 meses. A preferida de Oliveira para dividendos é a CSN Mineração (CMIN3), que está apresentando essa oportunidade de compra.
E nesta outra matéria, é possível conferir as ações de commodities mais indicadas para quem busca renda passiva. Veja aqui!
As empresas de commodities mais voláteis da bolsa brasileira
Ação | Dividend yield últimos 12 meses | Mediana de dividend yield últimos cinco anos | Volatilidade em 12 meses |
Indicada para dividendos? |
CBA (CBAV3) | 0% | 0% | 57,73% | Não |
Brava (BRAV3) | 0% | 0% | 52,31% | Não |
Usiminas (USIM5) | 6,57% | 5,12% | 46,94% | Não |
Marfrig (MRFG3) | 14,30% | 14,30% | 46,33% | Sim |
Braskem (BRKM5) | 0% | 0% | 46,28% | Não |
Usiminas (USIM3) | 6,40% | 5,05% | 45,51% | Não |
CSN (CSNA3) | 9,96% | 4,83% | 44,95% | Não |
Minerva (BEEF3) | 0% | 4,07% | 44,65% | Sim |
CSN Mineração (CMIN3) | 11,93% | 11,93% | 42,49% | Sim |
3tentos (TTEN3) | 1,29% | 1,13% | 40,33% | Não |
Fonte: Comdinheiro/Nelogica, dados até 17 de abril
OBS: volatilidade nos últimos 12 meses, quanto maior o número, mais oscila a ação.
Publicidade