A indústria global de Exchange Traded Funds (ETFs) caminha para US$ 15 trilhões, com mais de 11 mil ativos disponíveis, em uma trajetória ininterrupta de crescimento há 16 anos. Mas o Brasil ainda está de fora desse mercado. Em termos de comparação, o volume negociado pela América Latina representa apenas 1% do todo; os Estados Unidos, o grande player do mundo, detém 70%.
A Nu Asset Management levanta essa bandeira no mercado doméstico há tempos e tem cinco ETFs (fundos negociados em bolsa atrelados a uma carteira de ativos) próprios, alguns em parceria com a própria B3, a Bolsa de Valores brasileira. A gestora do Nubank entende o produto como uma maneira de simplificar a experiência de investimentos dos mais de 100 milhões clientes, oferecendo alternativas simples de investir, eficientes e de baixo custo.
Ainda assim, reconhece que o tripé de vantagens que fez os ETFs dispararem no mundo na última década ainda não foi suficiente para convencer o investidor brasileiro a apostar na classe de ativos, especialmente em um mercado dominado pela gestão ativa e fundos de investimentos.
Andrés Kikuchi, diretor executivo de Investimentos da Nu Asset Management, explicou no TAG Summit, evento realizado pela TAG Investimentos nesta quarta-feira (7) em São Paulo, que a indústria de ETFs no Brasil já possui uma gama ampla de ativos, bons e oferecidos a taxas competitivas quando comparadas com mercados desenvolvidos, como os EUA. O desafio, no entando, é outro.
“ETFs não são novidade no Brasil, há estratégias de renda variável, renda fixa, criptomoedas. O desafio está em dar conhecimento a elas, aproximar o investidor do varejo à forma como pensa o institucional, com uma alocação que muitas vezes é simples e conservadora, mas eficiente”, destacou.
ETFs dão retorno superior à Bolsa?
Na visão do diretor, com até cinco ETFs é possível construir uma alocação que exponha o investidor a diferentes classes de ativos para que a carteira supere no longo prazo os benchmarks (referências) mais tradicionais do mercado – no Brasil, o CDI para a renda fixa e o Ibovespa para a renda variável. Um estudo feito pela TAG Investimentos em março deste ano mostrou como isso funciona na prática. Por ser muito concentrado em setores específicos e de alta negociabilidade, muitas vezes, o principal índice de ações brasileiro, o IBOV, deixa de fora teses de maior qualidade.
A TAG fez uma simulação unindo dois ETFs, o LVOL11 da Nu Asset e o DIVO11 do Itaú. Investindo nos dois produtos, um focado em baixa volatilidade e outro em dividendos, o investidor consegue um retorno superior para o nível de risco. Demos os detalhes aqui. “O direcionamento do Ibovespa não é necessariamente o que os investidores buscam”, disse Kikuchi.
O diretor elencou três estratégias de ETFs que fazem sentido na carteira de qualquer investidor, dos iniciantes aos bilionários: na renda fixa, o IMA-B5, que segue as NTN-Bs; na renda variável, o Nu “ama” o ativo da casa LVOL11. Para se expor ao exterior, estratégias ligadas ao S&P 500; o ativo mais famoso no Brasil é o IVVB11. “É uma alocação simples e estratégica, considerando cenário de longo prazo, mas que no fim do dia consegue avançar além do CDI. Mas cabe ao investidor complementar com suas características.”