A XP Investimentos selecionou três setores como os melhores para investir nos Estados Unidos após a temporada de balanços do primeiro trimestre de 2025. Segundo relatório enviado ao E-Investidor nesta quarta-feira (11), foram escolhidos os setores financeiro, utilidade pública e tecnologia. Além disso, a corretora apontou os segmentos de bens de consumo, materiais básicos e saúde como os piores para aportar no momento.
Os analistas fizeram essas escolhas após as empresas que compõem o S&P 500 divulgarem resultados com crescimento de 13% do Lucro Líquido por Ação (LPA) na comparação entre o primeiro trimestre de 2025 e o primeiro trimestre de 2024. Segundo Raphael Figueredo e Maria Irene Jordão, que assinam o relatório, esse é o sétimo trimestre consecutivo de crescimento interanual do LPA, porém apresentou significativa desaceleração em relação ao trimestre anterior.
Essa desaceleração também provocou uma revisão das projeções (guidance) dos executivos das empresas. Tudo isso aconteceu devido à guerra tarifária travada entre os Estados Unidos e a China. Com isso, a estimativa de lucro por ação para o S&P 500 no 2º trimestre de 2025 caiu 3,9% (de US$ 65,12 para US$ 62,56) e a previsão de crescimento para o ano corrente recuou 1,9% (de US$ 267,82 para US$ 262,82).
Em meio a esse cenário conturbado, a dupla de especialistas escolheu o setor financeiro como seu favorito por causa de sua resiliência e o bom desempenho no 1T25, com resultados dos bancos impulsionados pelas receitas das mesas de negociação, que se beneficiam do ambiente de elevada volatilidade.
“O setor financeiro continua apresentando fundamentos sólidos para manutenção de seu momento. Observamos uma retomada no investimento privado no primeiro trimestre, que estimulou o crescimento do crédito e a atividade no mercado de capitais. Além disso, a possível desregulação do setor, amplamente defendida na campanha de Donald Trump, adiciona um fator de opcionalidade relevante à tese de investimento em bancos”, argumentam Raphael Figueredo e Maria Irene Jordão.
O segundo setor selecionado pelos analistas é o de utilidade pública. Conforme os especialistas, a preferência segue sendo por empresas que tendem a se beneficiar da alta demanda energética provocada por inteligência artificial. “Além disso, estamos observando cada vez mais acordos que beneficiam as empresas do setor, especialmente no segmento de energia nuclear, como o entre a Meta e a Constellation Energy”, explicam Raphael Figueredo e Maria Irene Jordão.
O terceiro setor preferido pelos analistas é de tecnologia. A preferência pelo segmento ocorre pelo fato de os lucros das sete magníficas crescerem aproximadamente o dobro do registrado pelo S&P 500, reafirmando a dominância das gigantes de tecnologia e dissipando parte das dúvidas que surgiram com a ascensão da Deep Seek (inteligência artificial chinesa).
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“A inteligência artificial permanece como um vetor estrutural de crescimento, mas sua sustentabilidade como tema de investimento exige atenção redobrada a variáveis como liquidez e fluxos, comportamento do dólar, tarifas e restrições de exportação, além de riscos regulatórios e tributários”, dizem Figueredo e Jordão.
Os piores setores para investir nos EUA
O setor de bens de consumo foi fortemente impactado pela escalada das tarifas de Trump ao longo do primeiro trimestre, e apresentou em média surpresas negativas na receita (-1,0%) com queda de 6% no lucro líquido por ação. Os analistas comentam que durante período de maior incerteza em 2025, as companhias passaram a ser negociadas com múltiplos mais esticados, que ainda não foram inteiramente corrigidos, mesmo que com baixa perspectiva de crescimento de lucros.
O setor de materiais básicos também é fortemente afetado pela guerra comercial, que gera queda nos preços das commodities devido à desaceleração global. “Embora a apreciação de metais como ouro, ligada a motivos defensivos, impulsione certas empresas do setor, siderúrgicas e mineradoras de ferro têm enfrentado temores de desaceleração econômica, tarifas mais elevadas e atrasos na resolução de interrupções no comércio global”, dizem Raphael Figueredo e Maria Irene Jordão.
No caso do setor de saúde, os analistas dizem haver riscos regulatórios e tarifários. Imposições governamentais de diminuição de preços de medicamentos nos EUA, por exemplo, podem gerar forte contração de margem das companhias, prejudicando o crescimento robusto que têm apresentado e correndo o risco de uma contração de múltiplos no curto prazo. “Há alguns trimestres, os provedores de serviços de saúde já apresentam custos médicos mais elevados, e agora se deparam com redução de repasses federais”, ressalta a equipe da XP sobre investir nos EUA.