- Os fundos multimercados estão vivendo um ano de baixa em 2023
- Entre janeiro e outubro, investidores resgataram R$ 64,9 bi dos multimercados, mostram dados da Anbima
- Especialistas explicam se faz sentido resgatar as aplicações e o que precisa ser avaliado antes
Os fundos multimercados estão vivendo um ano de baixa em 2023. Como contamos nesta outra reportagem, somente 99 ativos estão conseguindo superar o CDI, referência de desempenho (benchmark) da classe, no acumulado do ano. E os resultados negativos podem estar afastando os investidores: dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que os resgates líquidos dos multimercados somavam R$ 64,9 bilhões entre janeiro e outubro.
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O desempenho está puxando toda a indústria de fundos de investimento para baixo e mostra como os investidores brasileiros parecem pouco tolerantes às variações que esses ativos sofreram. Mas resgatar as aplicações é mesmo a melhor opção?
Gabriel Tossato, especialista em investimentos da Ágora Investimentos explica que o movimento é, ao menos, compreensível. “Dado que a performance de 2023, na média, não supera o CDI, o investidor migra para a renda fixa para buscar uma rentabilidade que ele já tem como certa no curto prazo, com juros ainda atrativos”.
Isso não significa, no entanto, que resgatar as aplicações seja a melhor opção para o investidor. A Ágora mantém a parcela de multimercados na carteira recomendada e não vê motivos no radar que indiquem uma redução na exposição.
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“Não tem algo que nos aponte para um call de saída de multimercados no momento”, diz Tossato. “Pelo contrário, na realidade, esses fundos tendem a operar muito bem em diferentes cenários por conta da versatilidade. Se olharmos o último período em que tivemos de afrouxamento monetário no Brasil, os multimercados conseguiram tirar muito retorno.”
O que considerar?
Para o investidor que estiver na dúvida entre manter ou não as aplicações, alguns pontos podem ser analisados. Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital, explica que a classe de multimercados, no geral, costuma entregar resultados no longo prazo. Mas é possível analisar fundo a fundo para entender se o ativo em questão ainda merece o lugar na carteira de investimentos.
“É importante entender como aquele gestor está alocando capital, o risco que eles estão correndo e se no longo prazo esse risco está ajustado ao retorno”, diz.
Depois de entender a estratégia e característica do fundo, é preciso ficar atento a janelas maiores de retorno. Para além de 2023, como esse ativo performou nos últimos anos? “Se ele não está entregando resultado nos últimos quatro ou cinco anos, minha sugestão é o investidor entender os motivos e repensar essa alocação”, afirma Fonseca.