O que este conteúdo fez por você?
- A projeção de novas altas da taxa básica de juros frutrou as expectativas dos investidores para os fundos imobiliários
- Ao contrário do primeiro semestre, quando o IFIX ainda opera com ganhos, o índice caminha para consolidar o seu pior mês de outubro desde 2021
- Sem uma mudança para o cenário doméstico, a tendência é que a indústria continue sendo penalizada na bolsa de valores
Se setembro foi ruim para o IFIX após a queda de 2,64% no acumulado do mês, outubro reserva um resultado ainda pior. Até as negociações desta terça-feira (29), o índice que reúne os fundos imobiliários mais negociados da B3 acumula uma desvalorização mensal de 3,29%. Com esse desempenho, o IFIX caminha para cravar o pior mês de outubro da sua história, segundo dados da Economatica, enviados ao E-Investidor.
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A depreciação do índice tem relação com a mudança da trajetória dos juros no Brasil, que se consolidou em setembro, quando o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), elevou a Selic para 10,75% ao ano. A decisão – embora estivesse precificada pelo mercado desde agosto – obrigou os investidores a mudar a rota dos seus investimentos à medida que as projeções do mercado apontam para novos ajustes nos juros até o fim do ano.
Segundo o último boletim Focus, o mercado projeta uma Selic de 11,75% a.a para o fim de 2024. Isso significa que a taxa básica de juros deve sofrer uma elevação de um ponto porcentual nas próximas reuniões do Comitê. “Com essa leitura, naturalmente o investidor acaba por procurar outras alternativas de investimento (como os títulos do Tesouro Direto) em detrimento aos fundos imobiliários”, afirmou Wellington Lourenço, analista da Ágora Investimentos.
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A frustração trouxe um pessimismo generalizado para toda indústria. De todos os fundos imobiliários listados no IFIX, apenas 10 apresentarem ganhos no acumulado de outubro. As cotas do Pátria Prime Offices (HGPO11) foram as mais rentáveis do grupo ao registrar uma valorização de 3,99%. No entanto, a boa performance não se traduz em uma boa oportunidade de investimento para os novos cotista. Como mostramos nesta reportagem, o fundo anunciou a venda de 100% do seu portfólio por R$ 618 milhões e caminha para encerrar as suas negociações na bolsa de valores após o recebimento da última parcela da operação.
Na outra ponta, as cotas do Tellus Rio Bravo Renda Logística (TRBL11) lideram o ranking das maiores perdas. Até o pregão desta terça-feira (29), o fundo imobiliário apresentou uma depreciação de 22,37% em virtude da interdição pela Defesa Civil do município de Contagem, em Minas Gerais (MG). O imóvel apresenta danos estruturais, que aguardam reparos há pelo menos um ano, e responde por 46,5% da sua receita. Veja os detalhes nesta reportagem.
Veja as cinco maiores altas do IFIX em outubro
Fundo imobiliários |
Retorno em outubro*
|
HGPO11 | 3,99% |
HGRE11 | 2,91% |
HGRU11 | 1,36% |
OUJP11 | 1,03% |
VGIR11 | 0,82% |
Fonte: Broadcast/*Dados até o pregão desta terça-feira (29) |
Veja as cinco maiores quedas do IFIX em outubro
Fundo imobiliário | Retorno em outubro* |
TRBL11 | -23,90% |
URPR11 | -14,70% |
BLMG11 | -14,41% |
AIEC11 | -12,97% |
CYCR11 | -12,02% |
Fonte: Broadcast/*Dados até o pregão desta terça-feira (29) |
O que esperar do IFIX em novembro?
Sem uma alteração da trajetória dos juros no Brasil, a tendência é que novembro dê sequência ao desempenho negativo do IFIX. No entanto, Jacinto Santos, analista CNPI da CM Capital, acredita que as perdas podem ser mais “suaves” em comparação aos meses de outubro e setembro. “Muitos investidores já precificaram as novas altas da taxa Selic, além de terem identificado descontos exagerados em muitos fundos imobiliários”, informou Santos.
Ou seja, após esse período de perdas de outubro, os investidores que desejam aumentar exposição ou incluir novos ativos na carteira terão a oportunidade de comprar cotas de fundos imobiliários com boas teses de investimento a preços mais acessíveis. Se esse movimento for significativo nas próximas semanas, a tendência é que o mercado recupera parte das perdas dos últimos dois meses.
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“Alcançamos em um nível de preço que há muitos fundos imobiliários pagando taxas de dividendos na casa de 0,7% a 0,8% ao mês e apresentam quedas nas cotas de 1% a 1,10%. Então, em relação aos ativos de renda fixa, esses fundos começam a ficar atrativos”, avalia Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos. No acumulado de 2024, o IFIX apresenta uma desvalorização de 3,38%.