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- Acredita-se que apenas uma fração dos ativos ESG de hoje são investimentos sustentáveis de verdade
- Matt Patsky espera que regulamentações mais rígidas separem o joio do trigo do mercado
- O empresário de 58 anos condena os gestores de fundos que usam apenas dados ESG, que ele diz serem falhos, para afirmar que estão fazendo investimentos sustentáveis
(Saijel Kishan, WP Bloomberg) – Existe um veterano em investimentos ESG que mal pode esperar por regulamentações mais rígidas para dar fim às falsas alegações de gestores de investimentos no setor de US$ 35 milhões que ele ajudou a promover.
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Matt Patsky, que dirige a Trillium Asset Management, começou a procurar por investimentos com foco em melhores práticas ambientais, sociais e de governança corporativa na década de 1990, muito antes de a maioria dos gestores de investimentos sequer pensar em ESG. Atualmente, ele estima que apenas uma fração dos ativos ESG de hoje são investimentos sustentáveis de verdade.
Os esforços dos reguladores para controlar as alegações dos gestores de fundos de ESG são “a melhor coisa que já aconteceu ao setor em anos”, disse Patsky, cuja empresa com sede em Boston administra US$ 4,8 bilhões, em uma entrevista. “Isso traz a fiscalização para uma área que se tornou o Velho Oeste, onde os gestores de investimentos têm liberdade para colocar a etiqueta de ESG em qualquer coisa.”
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Patsky, cujo principal fundo apresentou quase 20% de retorno até agosto, diz que os gestores de investimentos que falam para os clientes que estão investindo em ESG, sem pressionar de forma rigorosa as empresas para causar menos danos às pessoas e ao planeta não estão fazendo o trabalho direito. Ele espera que regulamentações mais rígidas tirem o joio do trigo do mercado. O empresário de 58 anos condena os gestores de fundos que usam apenas dados ESG, que ele diz serem falhos, para afirmar que estão fazendo investimentos sustentáveis.
Novas regulamentações
Após anos de crescimento desenfreado, o setor de ESG agora enfrenta novas regulamentações. Na Europa, o Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis entrou em vigor em março e já está forçando os gestores de investimentos a começarem a reduzir as políticas ESG infladas. O conjunto de regras contra o greenwashing é o mais ambicioso de seu tipo no mundo, mas os reguladores dos Estados Unidos e da Ásia estão correndo atrás em meio a preocupações cada vez maiores em relação aos fundos que exageram ao falar de suas credenciais verdes.
Patsky, que criou o primeiro índice “green-chip” do mundo de empresas socialmente responsáveis em 1994, estima que dos US$ 35 trilhões que a Aliança Global de Investimentos Sustentáveis (GSIA, na sigla em inglês) diz estarem aplicados em investimentos sustentáveis, menos de US$ 1 trilhão está em investimentos ESG “de verdade”. Desse total, US$ 500 bilhões são administrados na Europa e até US$ 300 bilhões nos EUA, afirmou.
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Tais alertas estão se tornando mais frequentes conforme o clima em torno dos investimentos em ESG muda. Alguns integrantes da indústria fizeram acusações de greenwashing contra seus antigos empregadores. E os gestores de ativos estão começando a rever como classificam e vendem fundos ESG para evitar serem citados nominalmente e passarem vergonha. Os reguladores dos EUA e da Alemanha estão investigando a unidade de investimentos do Deutsche Bank depois que seu ex-chefe de sustentabilidade acusou a instituição de promover investimentos em ESG. O gestor dos ativos, o DWS Group, diz que o banco não fez nada de errado.
Embora o investimento sustentável não tenha definições e seja baseado em benchmarks inconsistentes e dados insuficientes, Patsky diz que está feliz que empresas e o mercado financeiro estejam dando mais atenção a questões como desigualdades de gênero, violações dos direitos humanos em cadeias de suprimentos e mudanças climáticas.
Para ser um investidor socialmente responsável com credibilidade, Patsky diz que os gestores precisam primeiro ser céticos em relação aos dados de classificação do que é ESG, que ele afirma estarem repletos de erros. Essas questões tornam o investimento passivo em ESG inviável, acrescentou.
ESG consideration
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Patsky não concorda com uma estratégia que agora representa a maior parte dos ativos de investimento sustentável chamada de “ESG consideration” (importância ESG). A etiqueta significa que os gestores de investimentos levam os riscos dos ativos ESG em consideração em seus modelos de investimento, mas não mudam necessariamente seus investimentos em consequência disso. Cerca de US$ 25 trilhões estão nessa estratégia, de acordo com a GSIA.
“Isso nem deveria ser classificado como ESG, porque não está contemplando a sustentabilidade de uma forma completa”, disse Patsky.
Seu checklist para ser um investidor ESG sério inclui pressionar os executivos corporativos a mudar o comportamento de suas empresas, pedindo por soluções dos acionistas e votando naquelas apresentadas pelos demais.
“A menos que isso aconteça, a maior parte dos investimentos em ESG será amplamente ineficaz para tratar rapidamente os problemas sistêmicos”, disse Patsky.
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A própria Trillium pressionou empresas como a Johnson & Johnson e a Starbucks Corp. em questões como a realização de auditorias raciais e a redução do uso de plásticos. O gestor de ativos foi comprado no ano passado pelo fundo de investimentos australiano Perpetual Ltd.
A Trillium foi fundada em 1982 pelo falecido pioneiro do investimento responsável Joan Bavaria. Seu principal fundo, o ESG Global Equity, apresentou retorno de 19,3% até agosto, em comparação com o ganho de 16,2% de seu índice de referência, o MSCI ACWI, segundo os dados da Bloomberg.
(Tradução de Romina Cácia)