

Os investidores estrangeiros estão otimistas com o Brasil, apesar do fluxo negativo na bolsa de valores em abril. É o que aponta a XP após concluir uma semana de encontros com investidores interessados em América Latina e mercados emergentes, em Londres. Segundo a corretora, o sentimento dos gringos se baseia nos fundamentos sólidos e valuation atrativo das empresas brasileiras e na percepção de que o Brasil está menos suscetível aos efeitos da guerra comercial, iniciada pelas tarifas recíprocas de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.
“Os mercados emergentes como uma classe de ativos está com uma melhor perspectiva em 2025, à medida que a rotação para fora dos EUA ganha força e o dólar se desvaloriza. Cresce ainda a expectativa de que os juros estejam próximos do pico no Brasil”, acrescentou a corretora em relatório divulgado neste domingo (27). Com isso, os investidores se mostraram mais interessados em setores domésticos e sensíveis à taxa de juros, como construtoras residenciais, locação de veículos, infraestrutura, mercados de capitais, setor financeiro e alguns segmentos de varejo.
“Um ponto de divergência em relação aos investidores locais foi o setor bancário, onde os estrangeiros se mostraram claramente mais otimistas, contrastando com os investidores domésticos, que possuem um posicionamento abaixo do neutro”, disse a XP. Em contrapartida, há os gringos estão mais cautelosos com o setor de commodities, como petróleo e minério de ferro. Esse otimismo em torno do mercado brasileiro, contudo, é surpreendente, pois o fluxo de capital estrangeiro para as ações brasileiras permanece com um saldo negativo neste mês.
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Os dados mais recentes da B3 mostram que, entre os dias 1º e 23 de abril, houve uma saída líquida de R$ 5,7 bilhões. Com isso, o acumulado de 2025 caiu de R$ 11 bilhões, em março, para R$ 5,2 bilhões. Para a XP, a divergência entre o sentimento e o fluxo de capital se deve aos movimentos dos fundos quantitativos e à realização de lucros após o aumento da volatilidade dos mercados com o anúncio das tarifas recíprocas. “Vale destacar também que, enquanto o mercado à vista registrou fortes saídas em abril, o mercado futuro apresentou entradas líquidas de R$ 5,5 bilhões, levando o fluxo total a ficar praticamente equilibrado”, diz a corretora sobre o comportamento dos investidores estrangeiros.