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Investimentos

Investimento de empresas brasileiras em 2021 foi o maior em 7 anos

Levantamento feito pela TC/Economatica avaliou os dados financeiros de 216 companhias de capital aberto

Investimento de empresas brasileiras em 2021 foi o maior em 7 anos
Os níveis de investimentos no ano passado das empresas brasileiras foram os maiores desde 2014 (Foto: Envato Elements)
O que este conteúdo fez por você?
  • Mesmo com os altos e baixos do Ibovespa, os níveis de investimento das empresas brasileiras de capital aberto foram os maiores desde 2014
  • Para especialista, recursos que ficaram represados em 2020 por conta da pandemia foram aplicados em 2021
  • Os analistas são categóricos ao afirmar que o indicador é positivo ao demonstrar que os investimentos das empresas foram bastante expressivos. No entanto, não há sinais de que esse ritmo se mantenha neste ano ou ao longo de 2023

O ano de 2021 foi marcado pela volatilidade no mercado financeiro e incertezas macroeconômicas, principalmente no segundo semestre. Mesmo com os altos e baixos do Ibovespa, o nível de investimento das empresas brasileiras de capital aberto foi o maior desde 2014. Os dados são de um levantamento realizado pela plataforma TC/Economatica.

A pesquisa avaliou os dados financeiros de 216 companhias brasileiras de capital aberto em um recorte de dez anos, de 2011 a 2021. A amostra não incluiu a Petrobras por apresentar indicadores muito elevados, o que poderia distorcer o resultado do índice. Além disso, o estudo só considerou as empresas com informações em todos os períodos analisados.

Para calcular os níveis de investimentos, foi utilizado a mediana de dois indicadores: o Capex (Capital Expenditure, siga em inglês) e a Depreciação. O primeiro representa o fluxo de capital destinado para os investimentos nas empresas, enquanto o segundo corresponde a desvalorização dos bens materiais da companhia.

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O resultado mostrou que a relação Capex/Depreciação foi de 136,9% em 2021. O percentual sinaliza que o investimento no ano passado foi 1,36 vezes maior em relação à depreciação registrada pelas empresas no mesmo período.

João Rafael Araújo Filho, sócio líder de transações da Grant Thornton, atribui o aumento de gastos com investimentos ao início da pandemia de covid-19. Segundo ele, a paralisação das atividades econômicas, em virtude da circulação do vírus, exigiu cautela na hora de investir devido às incertezas.

Por esse motivo, a relação entre os dois indicadores das empresas foi apenas de 89,7% naquele ano, o menor dentro do intervalo de tempo analisado. O percentual abaixo de 100 indica que as empresas sofreram mais depreciação do que investiram. “Os recursos estavam represados em 2020 e foram aplicados em 2021”, afirma Araújo Filho.

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Os indicadores apontam ainda uma visão positiva para a economia nos próximos anos. “Quando uma empresa investe em Capex, espera um retorno. Isso mostra que há uma perspectiva positiva porque as empresas abrem lojas, investem em infraestrutura e em energia, por exemplo”, diz o sócio da Grant Thornton.

A forte alta do dólar no ano passado é outro fator que pode ter ajudado nos níveis de investimentos das companhias brasileiras. Para Victor Mouadeb, sócio da EWZ Capital, a valorização da moeda norte-americana beneficiou, principalmente, empresas consideradas cíclicas, como as de mineração e de petróleo.

Dessa forma, as companhias conseguiram aumentar a sua capitalização, o que permitiu ter mais recursos para investir. “Os ativos das empresas não se depreciaram quanto deveriam e as companhias ainda conseguiram ter resultados muito mais altos do que esperavam”, afirma Mouadeb.

Por isso, empresas como Vale (VALE3) e JBS (JBSS3) apresentaram os maiores Capex entre as empresas analisadas no estudo. Segundo a plataforma TC/Economatica, as companhias desembolsaram no ano passado cerca de R$ 27,5 bilhões e R$ 18,7 bilhões, respectivamente. A relação desses recursos (Capex) com a depreciação gerou uma mediana de 168,1% para a Vale e de 208% para a JBS.

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“É algo muito positivo porque significa que as empresas aumentaram a sua capacidade de produção para gerar valor como um todo para o seu tipo de negócio”, ressalta Mouadeb.

Por outro lado, a Hypera (HYPE3) foi a companhia que se destacou ao apresentar um nível de investimento bastante expressivo em relação à depreciação. Embora os seus gastos em Capex tenham ficado na casa dos R$ 4 bilhões, a relação dos dois indicadores (Capex/Depreciação) no ano passado foi de 3.301%, percentual bem acima em comparação aos da Vale e da JBS.

O resultado pode estar relacionado às recentes aquisições feitas pelas companhias. “Os números de Capex da Hypera em 2021 correspondem a aquisição de portfólio da Takeda e da Biehringer Ingelheim. A companhia soube fazer ótimas incorporações”, aponta Mário Goulart, analista da O2 Research. Neste ano, a Hypera anunciou a incorporação de 12 marcas da Sanofi, o que ampliou a atuação de mercado da farmacêutica.

O que esperar para os próximos anos?

Os analistas são categóricos ao afirmar que o indicador revela uma tendência positiva. No entanto, não há sinais de que esse ritmo se mantenha neste ano ou ao longo de 2023.

Para Goulart, a alta vista no ano passado pode ser um reflexo de uma queda dos níveis de investimentos nos últimos anos devido ao período de recessão econômica e também pela pandemia.

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Como a recessão econômica compromete a capacidade das companhias, o volume de investimentos futuros vai depender dos indicadores econômicos de 2022 e também de 2023. “O Brasil está experimentando um pouco de recuperação econômica. Então, se as empresas sentirem que a economia vai se recuperar bem, a tendência é que haja mais investimentos”, avalia Goulart.

No entanto, a taxa básica de juros a 12,75% ao ano e o aumento da inflação podem inibir a disposição das companhias para investir, principalmente aquelas ligadas a produtos não essenciais, como as varejistas. “Medicamentos são produtos que as pessoas não deixam de comprar, mas quando a inflação está alta a pessoa que ia comprar uma televisão dá uma “segurada” nos gastos”, acrescenta o analista da O2 Research.

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