O que este conteúdo fez por você?
- Um estudo da Rico mostrou que os rendimentos de quem escolheu manter o seu capital por 20 anos aplicado com quem tentou acertar os melhores momentos da bolsa
- A análise mostrou que as maiores altas do Ibovespa aconteceram em momentos de crise, como a do subprime e a da pandemia da covid-19
- Os resultados reforçam a orientação dos analistas que o ideal é que o investidor invista com foco no longo prazo
Ser paciente é uma das características que todo investidor deve ter ao estar posicionado na Bolsa de Valores. Mas com a volatilidade das ações, é comum tentar acertar o melhor momento do mercado para vender os papéis e alcançar o tão sonhado lucro nos investimentos.
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O problema é que essa estratégia nem sempre é vantajosa para os investidores pessoa física. Um estudo feito pela Rico mostrou que as chances de ganhar dinheiro em renda variável são maiores quando se pensa no longo prazo do que tentar acertar os melhores momentos da renda variável.
De acordo o estudo, isso acontece porque os dias de maiores ganhos no mercado de ações costumam acontecer em períodos de intensa crise, o que dificulta as tentativas de acertar a hora de comprar e vender. No caso do mercado brasileiro, em um intervalo de 20 anos, as duas maiores altas do Ibovespa aconteceram no dia 13 de outubro de 2008, em meio à crise do “subprime” nos Estados Unidos, e no dia 13 de março de 2020, durante a pandemia da covid-19. Nestas duas datas, o principal índice da B3 subiu 14,7% e 13,9%, respectivamente.
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Vale lembrar que a segunda maior alta aconteceu um dia depois do IBOV cair 14,78% por causa dos desdobramentos causados pela pandemia. “É muito difícil evitar os piores dias e, ao mesmo tempo, estar presente nos melhores”, diz Júlia Aquino, analista da Rico.
Desta forma, na tentativa de compreender os “efeitos” na carteira quando se tenta acertar o momento certo de vender e comprar ativos na Bolsa, a Rico simulou o retorno de um investimento de R$ 10 mil no Ibovespa em janeiro de 2002 até dezembro de 2022. Os resultados mostraram que, se o investidor tivesse mantido esse valor até o fim do ano passado, teria resgatado cerca de R$ 80.824. Ou seja, um lucro superior a R$ 70 mil.
Agora, caso o investidor tivesse tentado acertar o “timing” e perdesse os 10 melhores pregões ao longo deste intervalo de tempo, o mesmo valor teria rendido apenas R$ 30.559. E se tivesse ficado de fora dos 60 melhores dias do mercado, teria um prejuízo de quase R$ 8 mil. Ou seja, a medida que o investidor fica de fora da Bolsa, a tendência é que os ganhos se tornem perdas.
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“Na tentativa de ficar fora de dias ruins, o investidor corre o risco de perder dias bons”, diz Aquino “Então, entendemos que manter uma perspectiva de longo prazo passando tanto pelos dias ruins quanto pelos dias bons vale a pena”, acrescenta a analista.
Como o investidor deve acompanhar o mercado?
As notícias do mercado financeiro costumam fazer preço na Bolsa de valores a cada pregão. O investidor que fica atento ao sobe e desce das ações pode até ficar apreensivo com o receio de ter prejuízos na carteira ou até de perder oportunidades de investimentos. No entanto, o sentimento de ansiedade não pode ser base para tomada de decisão, principalmente quando os aportes têm foco no longo prazo.
“Oscilações de curto prazo sempre devem ocorrer e muitas vezes podem levar o investidor ao erro, tanto para entrar quanto para sair da Bolsa”, diz Erick Scott Hood, head de produtos e portfólios da Inter Invest. Mas isso não significa que o investidor pessoa física não tenha a necessidade de estar informado. Pelo contrário, os analistas recomendam o acompanhamento do noticiário para entender como o cenário econômico pode afetar a rentabilidade dos seus investimentos. Se houver qualquer mudança, surgem oportunidades para reforçar a sua estratégia de investimentos.
“Quando há mudanças de ambiente de riscos, o investidor pode “calibrar” o seu portfólio. Se tiver uma carteira mais defensiva e conservadora, pode adicionar um pouco mais de risco se o cenário estiver propenso para isso”, afirma Ricardo França, analista da Ágora Investimentos. É o caso do atual ambiente econômico. Apesar do Banco Central ter mantido a taxa Selic a 13,75% ao ano, o mercado já precifica uma possível queda dos juros na reunião de agosto. Com isso, os pregões que antecedem a essa decisão abrem oportunidades de comprar ativos de risco com preços abaixo do seu valor de mercado.
“Por mais que ainda haja dúvidas de quando vai começar, já sabemos que esse movimento vai acontecer”, disse Marília Fontes, analista e co-fundadora da Nord, em entrevista ao E-Investidor sobre as expectativas para o corte de juros, publicada no fim de maio. Por outro lado, vale lembrar que esses momentos de oportunidades de investimentos não devem ser utilizados para encontrar o “bilhete premiado” da Bolsa. A ideia é aproveitar as mudanças de cenário econômico para reforçar a sua tese de investimento.
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“Não existe o melhor investimento para o momento. Existe uma carteira diversificada e equilibrada capaz de gerar valor e que possa reduzir a volatilidade do preço dos ativos”, acrescenta França. Desta forma, as chances do investidor aumentar o seu patrimônio são bem maiores do que tentar adivinhar o melhor investimento e o melhor tempo para se investir.