Indústria tem trabalhado para tornar ETFs mais acessíveis a investidores. Foto: Adobe Stock
O termo “BRD de ETF” ainda tem causado estranhamento entre investidores e pode passar por uma reformulação. O tema entrou em debate no Encontro Anual Sobre Índices e ETFs no Brasil, evento organizado pela S&P Dow Jones Indices (S&P DJI), em parceria com a B3, nesta quinta-feira (30).
Segundo Thalita Forne, superintendente da Bolsa brasileira, uma pesquisa interna mostrou que os investidores costumam buscar informações sobre “ETFs” ou “BDRs” de forma separada, mas raramente pesquisam por “BDRs de ETFs”.
Esses produtos são ativos emitidos no Brasil com lastro em cotas de ETFs operadas no exterior. Na prática, quem investe neles adquire indiretamente um ETF negociado em Bolsa internacional.
De acordo com a B3, os BDRs de ETFs podem passar por um “rebrading” e começarem a ser nomeados como “ETF globais”. A reformulação tem o aval da própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No começo deste ano, o “xerife do mercado” explicou, em ofício, que não há vedação da nomenclatura “ETF Global” no que diz respeito aos BDRs de ETF e seus materiais de divulgação correspondentes.
“A utilização da expressão ‘ETF Global’ tem como objetivo facilitar a compreensão das características do valor mobiliário, desburocratizando o acesso ao mercado de capitais e aprimorando a capacidade de decisão dos investidores ao considerarem suas opções de investimento”, afirmou a CVM no documento.
A simplificação dos nomes é, inclusive, um pedido do mercado. Francisco Amarante, superintendente da Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos (ABAI), afirma que a “sopa de letrinhas” existente, com a extensa variedade de produtos, pode dificultar a vida do investidor. “Gestores, facilitem o nome de seus produtos”, brinca.
Forne, da B3, ressalta que, com a diversidade de ETFs disponíveis, é papel da indústria simplificar essa aparente complexidade. “Queremos mostrar que esse não é necessariamente um produto para o investidor super-qualificado”, destaca.
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Como parte desse processo, a B3 lançou em setembro, em parceria com a Associação Nacional das Corretoras de Valores (Ancord), uma trilha educacional para certificar assessores e consultores de investimento como especialistas em ETFs, BDRs e fundos imobiliários.
Com carga horária total de 29 horas, o programa concede a certificação B3 em Produtos Listados no Mercado à Vista. Um dos grandes diferenciais da iniciativa é a validação de pontos tanto pela Ancord quanto pelo Programa de Qualificação Operacional (PQO) da Bolsa.
Vale lembrar que a Ancord, entidade responsável por certificar os assessores de investimento, exige a acumulação de pontos periódicos para manutenção da certificação profissional. Ao concluir a trilha, os participantes poderão contabilizar esses pontos.
Educação é chave para evolução de ETFs
Em entrevista ao E-Investidor, Cauê Maçanares, CEO da Investo, gestora focada em ETFs, avalia que a educação é importante para o investidor quando ele começa a conhecer o produto. “Muitos investidores desconhecem o produto. Mas, depois que passam a adotá-lo, torna-se um caminho sem volta. Você vê o resultado que ele traz ao longo do tempo e vira um embaixador do movimento”, diz.
Fundada em 2020, a Investo nasceu em um cenário de baixa familiaridade do público com ETFs. Desde então, tem trabalhado para lançar novos fundos associados a diferentes classes de ativos. “Costumo dizer que o ETF funciona como peças de Lego: você pode montar diversas combinações para atender a objetivos variados”, explica Maçanares.
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Com R$ 4,5 bilhões sob gestão, a Investo pretende atingir R$ 5 bilhões até o fim de 2025. O avanço do mercado, segundo o executivo, deve trazer mais concorrência, mas também novas parcerias.
Na última semana, a gestora anunciou junto à Rio Bravo o lançamento do QLBR11, o primeiro ETF em cogestão de ativos brasileiros, focado em renda variável e negociado na B3. Mostramos os detalhes do produto aqui.