

Com R$ 200 mil, é possível construir uma carteira diversificada, combinando renda fixa e variável para equilibrar ganhos e riscos. Especialistas ouvidos pelo E-Investidor apontam que uma parte do capital pode ser alocada em títulos públicos e Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) de longo prazo, aproveitando juros mais atrativos.
Esse montante é adequado, ainda, para quem busca ativos com perfil de risco superior e até mesmo acesso a produtos com maior ticket médio de entrada. A exemplo dos fundos de crédito privado e debêntures incentivadas, ambos são indicados para quem busca rendimentos acima dos tradicionais.
O mercado de ações se torna ainda mais acessível com esse valor, permitindo investimentos diretos em empresas líderes ou via fundos de ações e fundos de índices (ETFs). Fundos imobiliários seguem como uma boa alternativa para quem busca fluxo de caixa regular. Alocações em setores diferentes garantem maior proteção contra oscilações e permitem capturar oportunidades em diferentes segmentos da economia.
Analistas financeiros também recomendam expandir os investimentos para o exterior com a proposta de reduzir a dependência do mercado local. Ações americanas, ETFs globais e fundos internacionais podem ser acessados diretamente ou por meio de plataformas brasileiras. Manter um percentual do patrimônio em ativos líquidos, como Tesouro Selic ou fundos de renda fixa de curto prazo, garante flexibilidade para novos aportes ou eventual necessidade de resgate.
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“Gosto de pensar na carteira de investimentos como um organismo vivo. Se um médico te receita uma certa dose de um remédio, depois de um tempo, por mais que uma dose diferente seja exigida, normalmente o médico sugere fracionar as doses aos poucos, até chegar no ideal. Assim deveria ser com a sua carteira. Com um patrimônio maior, o investidor pode, aos poucos, adicionar mais risco na carteira, talvez até buscando alguma exposição em câmbio ou ativos internacionais, de maneira a otimizar cada vez mais seu portfólio”, diz Felipe Paletta, analista da EQI Research.
Vale a pena investir R$ 200 mil em renda fixa?
Com um patrimônio de R$ 200 mil, muitos investidores se perguntam se ainda faz sentido priorizar a renda fixa ou se já é hora de ampliar a exposição à renda variável. Segundo Cristian Pelizza, economista-chefe da Nippur Finance, a decisão deve levar em conta o perfil de risco e o planejamento financeiro de cada investidor.
O primeiro passo fundamental na construção de uma carteira equilibrada é a formação da reserva de emergência. Esse montante deve estar aplicado em ativos de baixíssimo risco e alta liquidez, garantindo segurança para cobrir imprevistos. Como a renda fixa oferece maior previsibilidade e acesso imediato ao capital, ela é a escolha mais recomendada para essa finalidade.
Com a reserva de emergência estruturada, o investidor pode avaliar oportunidades em ativos de maior volatilidade, como ações e fundos imobiliários. “Com R$ 200 mil, é possível diversificar e incluir renda variável na carteira, desde que alinhado ao perfil de risco do investidor”, afirma Pelizza.
Para aqueles que buscam geração de renda recorrente, os fundos imobiliários (FIIs) podem ser uma alternativa interessante. No entanto, é importante lembrar que os rendimentos distribuídos pelos FIIs são retirados do montante investido, o que pode impactar o desempenho da carteira no longo prazo.
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A escolha dos FIIs deve levar em conta o objetivo do investidor. Quem busca valorização patrimonial pode se beneficiar mais dos fundos imobiliários de tijolo, que tendem a apresentar maior potencial de valorização ao longo dos anos. Já investidores mais conservadores, que priorizam previsibilidade de rendimentos, podem encontrar nos fundos de papel uma opção mais adequada porque costumam pagar dividendos mensais mais estáveis.
Como ajustar o portfólio em cenário de juros altos
Manter uma reserva de liquidez no portfólio é uma estratégia recomenda para garantir a cobertura de imprevistos e aproveitar oportunidades de mercado. Para uma carteira de R$ 200 mil, especialistas recomendam que pelo menos 10% seja alocado em ativos de alta liquidez.
A rentabilidade dessa parcela varia conforme o ciclo econômico, com ativos de liquidez geralmente acompanhando de perto a taxa do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). No cenário atual, com juros em 13,25% ao ano e perspectivas de alta, manter liquidez não significa abrir mão de rentabilidade, já que há opções que pagam 100% do CDI.
Em relação aos investimentos, a política monetária também tem grande impacto na escolha dos ativos. “Em um cenário de juros elevados, a renda fixa se torna mais atrativa. No curto prazo, superar a rentabilidade do CDI será um desafio, mas a alta dos juros pressiona os preços de ativos de maior risco, como ações e fundos imobiliários, criando boas oportunidades de compra a preços descontados”, explica o mestre em economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Caio Dias.
Com a alta da taxa de juros, a renda fixa tende a se destacar, oferecendo segurança e rentabilidade. No entanto, para quem tem uma expectativa de investimento mais longo, Dias enfatiza que é importante diversificar o portfólio, aproveitando o momento para adquirir ativos de risco com preços mais baixos.
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Ou seja, enquanto a renda fixa oferece estabilidade e liquidez, a renda variável pode ser uma excelente alternativa para potencializar ganhos no longo prazo. “O equilíbrio entre segurança e crescimento a longo prazo continua sendo fundamental, especialmente em tempos de incerteza econômica”, diz.
Simulação de investimentos com R$ 200 mil
A pedido do E-Investidor, Fábio Sobreira, analista e sócio da gestora Rocha Opções de Investimentos, elaborou uma tabela que compara diferentes opções de investimento e suas rentabilidades projetadas. A análise inclui ativos de renda fixa e variável, como Tesouro Direto, CDBs, FIIs, ETFs e BDRs, considerando um período de cinco anos.
Os dados oferecem uma visão detalhada do potencial de retorno anual e mensal de cada aplicação, auxiliando investidores na tomada de decisão. Confira abaixo a tabelas com os cálculos baseados em referências do mercado:
Tabela 2: Aporte de R$ 200.000
Ativo | Referência | Taxa | Rentabilidade em 5 anos | Rentabilidade anual | Rentabilidade mensal | Rendimento anual (R$) |
---|---|---|---|---|---|---|
Tesouro Selic | Tesouro Selic 2031 | Selic + 0,1118% | 54,41% | 9,08% | 0,73% | 18.154,87 |
Fundos DI | CDI | 100% CDI | 53,57% | 8,96% | 0,72% | 17.917,07 |
Tesouro IPCA+ 2029 | Tesouro IPCA+ 2029 | IPCA+ 7,68% | 81,36% | 12,62% | 1,00% | 25.249,50 |
CDBs | CDB Venc. 2030 | 120% CDI | 64,28% | 10,44% | 0,83% | 20.876,78 |
Ativos Pré | Tesouro Prefixado 2032 | 14,56% | – | 14,56% | 1,14% | 29.120,00 |
FIIs | IFIX | Variável | 43,00% | 7,42% | 0,64% | 14.831,18 |
BDR | BDRX | Variável | 72,45% | 14,52% | 1,16% | 29.050,52 |
ETF Nacional | BOVA11 | Variável | 100,09% | 14,88% | 1,16% | 29.779,41 |
ETF Internacional | IVVB11 | Variável | 187,12% | 23,48% | 1,77% | 46.969,14 |