- Conflito entre Rússia e Ucrânia e efeitos da pandemia de covid-19 tornam o valor do dólar pareado ao do euro.
- Especialistas avaliam que a crise de abastecimento em países europeus, somada à inflação, também desvaloriza o euro.
- Analistas estão realocando ativos e deixando investimentos de risco em segundo plano.
Pela primeira vez em 20 anos há uma paridade entre o preço do dólar e o do euro. O segundo, geralmente mais caro que o primeiro, está em processo de desvalorização em razão da crise de energia em países na Zona do Euro e do corte no fluxo de gás enviado pela Rússia. Além disso, os efeitos das ondas de Covid-19 na pandemia também fragilizam a moeda do bloco europeu.
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Em paralelo, o Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos trabalha para aumentar a taxa de juros e valorizar a moeda norte-americana.
Por que o dólar está pareado ao euro?
1. Efeitos da pandemia
Segundo Arthur Igreja, cofundador da consultoria AAA Inovação, o Brasil, assim como outros países, vive consequências longas da pandemia, motivo primordial para deixar o dólar pareado ao euro. Ao longo das sucessivas ondas de Covid-19, muitas nações decidiram imprimir dinheiro e injetar capital para conter os problemas gerados pela crise sanitária.
A injeção de recursos em um curto período fez que uma série de produtos ficasse escassa. “Todos esperavam na pandemia um choque de demanda e o que aconteceu foi a falta de oferta, com dificuldade de produção e preços perdidos. Em virtude dos juros historicamente baixos houve alta demanda por produtos como semicondutores. Em um segundo momento, os juros voltaram para patamares historicamente altos para frear a inflação”, avalia Igreja.
2. Guerra, crise de energia e escassez de combustível
Outro fator que contribuiu para a queda do euro foi o conflito entre Rússia e Ucrânia. A Europa vive uma crise de energia sem precedentes e recentemente o gás enviado pela Rússia teve o fluxo cortado, ampliando a escassez do produto em vários países do bloco europeu.
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Em relação ao petróleo, houve queda no preço do barril durante a pandemia de Covid-19, o que barateou os contratos futuros e interrompeu a produção das empresas. “As petroleiras estão desencorajadas pelo fenômeno sustentável e dependem de tempo para furar novos pontos de extração, o que não é suficiente para abastecer os países”, comenta Gabriel Komatu, especialista em Investimentos e sócio-diretor da gestora de recursos Komatu.
3. Possível recessão na Europa
A recessão em grandes economias do globo vem se tornando realidade. “A inércia do banco central europeu em aumentar os juros em resposta ao controle da inflação vai na contramão do que os Estados Unidos têm feito, até que novamente direcione a inflação a patamares mais baixos”, observa Leandro Sobrinho, especialista em Negócios.
Como isso impacta os investimentos?
De acordo com Igreja, o dólar pareado ao euro impacta os investimentos porque tanto os analistas quanto os investidores consideram as curvas de inflação, de juros e de movimentações dos bancos centrais para realocar ativos. “Provavelmente haverá menos capital disponível para investimentos de risco (startups e scale-ups), porque o apetite por ativos de risco cai”, prevê ele.
As bolsas de valores também sentem os impactos do dólar pareado ao euro, uma vez que o capital flui para economias com juros menores. “Há menos busca por países emergentes em razão da reversão na dinâmica de investimentos praticada 18 meses atrás”, avalia Igreja. Porém, o especialista diz que é uma movimentação cíclica: com a queda da inflação, a tendência é que esse movimento se reverta e, consequentemente, os valores praticados em ambas as moedas mudem.
Para investidores que estão começando agora no mercado de ações, Komatu recomenda olhar além dos números, porque as empresas de commodities ficam caras quando os múltiplos (preço da ação praticado no mercado em comparação com o valor de ações similares e variáveis operacionais, como dividendos) estão baratos e vice-versa. “Deve-se tomar cuidado com múltiplos baratos, mas pode ser que haja oportunidades no setor de commodities no mercado de ações”, conclui ele.
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