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Por que a alta nos juros dos EUA afeta o investidor brasileiro?

Entenda como o mercado brasileiro sente os efeitos das decisões norte-americanas para saber como agir

Por que a alta nos juros dos EUA afeta o investidor brasileiro?
Operador trabalha no salão da Bolsa de Valores de Nova York, Manhattan, EUA 20/05/2022 REUTERS/Andrew Kelly

O brasileiro está cada vez mais bancarizado, atento às movimentações de mercado e interessado em dinheiro e renda. Entretanto, há elementos da economia global que ainda são desconhecidos para boa parte da população. Um exemplo disso diz respeito à alta dos juros dos Estados Unidos. É importante ter conhecimento sobre este assunto, principalmente por conta do seu impacto no ambiente doméstico.

O estrategista-chefe da Avenue, Willian Castro Alves, também sócio da corretora, explica de forma muito didática que os juros funcionam como o “preço do dinheiro“. Ou seja, quando o trabalhador vai ao banco pedir um empréstimo, há um risco associado a esta operação. “Esse cliente está inserido no contexto de um país cuja economia pode estar, naquele momento, em maior ou menor grau de força”, diz.

Ele ressalta que a taxa de juros do empréstimo está associada a uma determinada moeda. Assim, se o juro é o preço do dinheiro o juro do Brasil faz preço para o real, enquanto o juro americano dá preço para o dólar. “Entretanto, a moeda norte-americana é a reserva de valor global, usada em 90% das transações mundiais. Logo, o juro americano acaba tendo uma importância muito grande”, explica.

Alves reforça que os juros americanos servem como uma referência que o mercado chama de “taxa livre de risco”. Os EUA praticamente não contam com risco de calote e a taxa de juros de lá serve como referência mundial. Assim, tudo o que não for a taxa de juros americana acaba sofrendo um spread, que é a diferença entre o preço de compra e venda de uma ação, título ou transação monetária.

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“Se a referência está em um determinado patamar, por exemplo 5%, tudo aquilo que não for a referência vai partir destes 5%, ou seja, é daí para mais. Logo, quem empresta dinheiro para o Brasil quer um retorno maior do que se emprestasse para os EUA, porque o risco é maior”, pontua.

Ele também acrescentar nessa “equação” o diferencial de inflação. Afinal, receber rendimento em dólar e receber em real são situações diferentes. Desta forma, o brasileiro que quiser se proteger deve procurar o benefício desse mercado de juros americanos.

Busca por alocação

De acordo com Matheus Pizzani, economista da CM Capital, do ponto de vista macroeconômico a movimentação de dinheiro entre as diferentes economias ao redor do mundo não deve ser entendida como fruto de uma hierarquia pré-definida, mas como reflexo da busca por uma alocação que maximiza a lucratividade do investidor.

Neste sentido, destaca, os EUA acabam se beneficiando de períodos como o atual, marcado por uma combinação de fatores negativos – como o combate à inflação, feito a partir de taxas de juros elevadas e os problemas geopolíticos com desdobramentos negativos sobre a economia – recebendo a maior parcela deste capital que busca expandir sua lucratividade e se proteger dos efeitos adversos da atual conjuntura.

O Brasil, por sua vez, acaba prejudicado, visto não possuir uma economia tão robusta nem uma moeda forte, embora o real seja a 16ª divisa mais negociada no mundo. O que pesa, no mercado brasileiro, é a imprevisibilidade nas entradas e saídas de capitais e isso afeta o câmbio.

A expectativa, segundo Pizzani, é que este processo se encerre a partir do momento em que haja uma maior definição acerca dos rumos da política monetária nos EUA. “O patamar terminal do atual ciclo de aperto monetário ainda é incerto para maior parte dos agentes de mercado, o que acaba afetando o processo de alocação de capitais”, pontua.

Mais retorno com menos risco

Já o analista de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio, Bruno Nascimento, afirma que no panorama atual, com os juros dos EUA em patamar elevado, há uma possibilidade de retornos maiores para os investidores. “E isso com menos riscos”, diz, levando em consideração o fato de que embora pressionada, a economia norte-americana segue como a principal do planeta.

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“É importante ressaltar que estamos em um período de redução das taxas de juros no Brasil, o que diminui ainda mais o diferencial de rendimento entre as moedas”, frisa, acrescentando que há, também, uma interdependência entre os dois países, visto que Brasil e EUA são parceiros comerciais. “O Brasil exporta commodities como soja, café, minério de ferro e petróleo, enquanto importamos máquinas, aparelhos, veículos e produtos químicos de lá”, conclui.

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