- A expectativa para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) é grande
- O mercado brasileiro espera unânime pelo 1º corte de juros deste ciclo, depois de a Selic passar um ano em 13,75% ao ano
- A queda dos juros vai abrir oportunidades para rebalancear a carteira na direção de ativos de maior risco, dizem especialistas
O Comitê de Política Monetária (Copom) vai anunciar nesta quarta-feira (2) a decisão monetária mais esperada dos últimos tempos. A expectativa do mercado é unânime: um corte na taxa básica de juros, que está estacionada em 13,75% ao ano desde agosto de 2022. A magnitude do movimento ainda divide opiniões – como mostramos nesta reportagem, há quem aposte em uma queda de 0,25 ponto porcentual, enquanto outros esperam uma redução de 0,5 p.p.
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Independente do tamanho do corte, a mera redução da taxa Selic vai impactar os investimentos. Para além da redução do retorno do CDI, a queda dos juros deve levar mais investidores de volta para ativos de risco. Um movimento que já começou a ser visto nos últimos meses e deve se acentuar, explica Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
“O cliente com perfil um pouco mais arrojado começa a ficar desconfortável, por mais que a renda fixa ainda continue pagando dois dígitos no ano”, destaca. “Ele vê o Ibovespa subindo 11%, alguns fundos subindo 15%, 20%, e sente que perdeu uma oportunidade.”
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Segundo Cruz, com o corte de juros, a tendência é que corretoras, bancos e casas de investimentos façam um rebalanceamento de suas carteiras para se adaptar ao novo cenário. Nesta reportagem de maio, mostramos que alguns movimentos já estavam sendo feitos pensando nesse cenário.
A direção? Um degrau acima no risco, aumentando a parcela daquelas classes de ativos de renda fixa e variável que foram penalizadas quando a Selic subiu e agora devem voltar a ganhar protagonismo.
Títulos pós-fixados, ações e FIIs
Na renda fixa, pode ser um bom momento para ir trocando parte das posições em pós-fixados para buscar oportunidades em ativos de “duration” (prazo médio para recuperar o investimento realizado na compra) mais longa, como títulos prefixados de vencimento entre 3 a 5 anos, ou atrelados à inflação, com prazo superior a 8 anos. Essa é a visão de Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.
“Ainda acreditamos em prêmios na curva, dado que a inflação implícita de longo prazo ainda se encontra distante da meta de inflação, mantida em 3%, e as taxas reais, apesar de menores, também se mostram com alguma distância dos 4,5%, o novo juro neutro do Banco Central”, explica.
Na renda variável, duas classes de ativos já têm chamado a atenção pelo desempenho positivo dos últimos meses: ações e fundos imobiliários (FIIs). O Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, alcançou no último dia 25 um nível de fechamento que não se via desde 2021.
O próprio IFIX, índice de referência dos FIIs, também têm alcançado desempenhos positivos desde abril. Isso acontece porque os fundos imobiliários tem um fluxo de caixa futuro relativamente estável. Quando as taxas de juros mudam no mercado, caindo, esse fluxo passa a valer mais a valor presente, explica Rodrigo Correa, estrategista chefe e sócio da Nomos.
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“A última classe de ativos que também devem ser considerada para se beneficiar de um movimento de fechamento de juros são as ações”, pontua o especialista. “Ainda que não tão sensíveis quanto os FIIs, é inegável que ações se beneficiam de um ambiente de juros baixos.”
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Correa destaca, no entanto, que as mudanças em função da queda de juros devem ser feitas sempre tendo em vista a composição de carteira que o investidor já tem, sem deixar de lado o seu perfil de risco.