Para o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, dólar sí não cai para 4,80 por conta da preocupação fiscal do País. (Foto: Adobe Stock)
O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, acredita que o dólar já deveria ter caído para a região dos R$ 4,80 ou mesmo R$ 4,60 se não fosse o risco fiscal no País. O adiamento no ajuste das contas públicas aumenta a percepção de risco dos investidores estrangeiros e mantém o real pressionado, mesmo com uma taxa de juros acima de dois dígitos.
Em outras palavras, com a Selicem 15% ao ano, o cenário esperado é o do Brasil atrativo para investidores estrangeiros, principalmente para aqueles que buscam ganhar dinheiro com operações de carry trade– cujo lucro vem da diferença entre os juros de dois países. Com mais dólares por aqui, o valor da moeda cai.
Esse movimento já vem acontecendo, mas poderia estar mais acentuado se a indefinição fiscal não estivesse no radar do capital externo, segundo o estrategista-chefe da RB Investimentos. Hoje, o câmbio está em R$ 5,47, reflexo do “custo político” dessa situação orçamentária.
“O real segue subvalorizado em relação aos fundamentos macroeconômicos”, aponta Cruz.
No ano que vem, as incertezas políticas entram de vez nos cálculos e podem manter o câmbio ainda mais volátil. Com as eleições 2026 para a presidência da República, muitas das movimentações financeiras no mercado serão baseadas em expectativas, como sobre quem ganhará o pleito e como será a abordagem do governo em relação à questão fiscal.
“O comportamento do câmbio em 2026 vai depender menos de projeções técnicas e mais da condução política e fiscal do País”, diz Cruz. “Um governo percebido como fiscalmente responsável tende a fortalecer o real, enquanto uma postura mais expansionista pode gerar desconfiança e valorização do dólar.”