

É consenso no mercado financeiro. Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), devem elevar em um ponto percentual a Selic na reunião desta quarta-feira (19). Com esse reajuste, a taxa básica de juros passa de 13,25% para 14,25% ao ano, o maior patamar desde outubro de 2016, quando o País enfrentava a crise econômica durante o governo de Dilma Rousseff (PT).
No entanto, o ritmo de alta não deve estacionar com esta decisão. As projeções mais recentes do boletim Focus indicam mais uma elevação de 0,75 pontos porcentuais até o fim de 2025. Ou seja, o mercado espera que a Selic encerre o ano em 15%. Já a XP tem uma visão mais pessimista e avalia que as projeções do mercado não irão “resolver o problema” do desequilíbrio fiscal do País. Por isso, a corretora acredita que a taxa básica de juros no Brasil chegue a 15,50% na reunião dos dias 17 e 18 de junho, após altas de 0,75 e 0,50 p.p. nos dois próximos encontros do Copom.
“As políticas fiscal e parafiscal continuam expansionistas, o que pode ser intensificado com medidas que o governo vem debatendo. Por exemplo, a liberação de recursos do FGTS, a ampliação do crédito consignado ao setor privado e a isenção de imposto de renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil reais por mês”, diz a corretora em relatório, publicado no início da semana.
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A resiliência do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), responsável por medir a inflação no País, também justifica a necessidade de uma política monetária mais restritiva por parte do BC ao longo do ano. A XP estima que o IPCA alcance o patamar de 6% em 2025 , o dobro da meta de inflação. Atualmente, o índice está em 5,06% no acumulado dos últimos 12 meses após registrar um avanço de 1,31% em fevereiro.
“A inflação não é elevada somente devido a choques de curto prazo, mas sim como resultado de desequilíbrios entre oferta e demanda agregadas, que exigirão um esforço monetário significativo para correção”, afirma a XP. Por outro lado, a corretora enxerga que há possibilidade do Copom encerrar o ciclo de aperto monetário na reunião de maio. Isso pode ocorrer caso o dólar permaneça relativamente estável nos próximos meses e a economia sofra uma desaceleração mais intensa.
Do contrário, a Selic deve avançar para os 15,50% com espaço para flexibilização apenas em 2026. “Nossa projeção para a taxa básica de juros no final de 2026 continua em 12,50%. Este cenário depende crucialmente da dinâmica das tensões globais e da política econômica doméstica como um todo em 2026, um ano eleitoral”, ressalta a XP.