

Acontece hoje a chamada Super Quarta, com os mercados acompanhando de perto as decisões das taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos.
Publicidade
Acontece hoje a chamada Super Quarta, com os mercados acompanhando de perto as decisões das taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos.
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, realiza sua primeira reunião após o governo apresentar uma Medida Provisória que propõe a taxação de investimentos antes isentos. Veja os detalhes nesta reportagem. A medida deve começar a valer em 2026, mas provocou forte reação no mercado, especialmente por ocorrer em meio à piora do quadro fiscal e a ruídos sobre a autonomia da autoridade monetária.
O aumento da percepção de risco país reacendeu apostas de que o Copom eleve a Selic, atualmente em 14,75% ao ano, em 0,25 ponto percentual. Embora a maior parte dos analistas ainda espere a manutenção dos juros, essa possibilidade passou a ser considerada com mais força nos últimos dias. Dados da B3 mostram que o mercado precifica 42% de chance de manutenção, 56,60% de probabilidade de alta de 0,25 ponto e 1,40% de chance de alta de 0,50 ponto.
Publicidade
Analistas explicam que, em termos técnicos, a Selic já se encontra em patamar suficiente para garantir a convergência da inflação para a meta. O problema, segundo eles, não está nos índices correntes, mas nas expectativas futuras, diretamente contaminadas pela percepção de descontrole fiscal e risco de interferência política no BC.
A proposta de taxação dos ativos, somada às novas regras para plataformas de apostas, também gerou desconforto nos mercados, com impactos diretos sobre o planejamento de portfólios e a precificação de ativos.
Segundo Eduardo Amorim, especialista de investimentos da Manchester, mesmo com vigência a partir de 2026, o mercado já ajusta suas estratégias: investidores antecipam compras de ativos ainda isentos, o que tende a provocar um fechamento residual das taxas nos papéis existentes.
Por outro lado, as próximas emissões devem oferecer retornos maiores para compensar a nova carga tributária e manter a atratividade. “Apesar da inflação ter vindo abaixo do esperado no último mês, a forma como a proposta foi apresentada elevou a percepção de risco regulatório e fiscal, pressionando a curva de juros, o câmbio e os ativos domésticos”, diz.
O ambiente externo adiciona outro ingrediente de pressão. O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, também anuncia sua decisão nesta quarta-feira (18). A expectativa do mercado é de manutenção dos juros, que estão entre 5,25% e 5,50% ao ano, com um discurso firme no combate à inflação.
Publicidade
Um tom mais conservador no comunicado do Fed, segundo analistas, deve reforçar a tendência de juros elevados por mais tempo no cenário global, o que pressiona o dólar e limita qualquer espaço para flexibilização monetária no Brasil.
Isso ocorre, explica Carlos Honorato, professor da FIA Business School, porque uma política monetária restritiva nos Estados Unidos amplia o diferencial de juros entre as economias e, consequentemente, afeta o câmbio. Se o real continuar pressionado e os fluxos de capital forem prejudicados, o Banco Central brasileiro, diz ele, pode ser obrigado não só a postergar cortes, como também avaliar a necessidade de elevação dos juros.
Honorato destaca ainda que a pressão sobre o Banco Central dos Estados Unidos aumentou muito, especialmente por influência do presidente Donald Trump, que defende uma política monetária mais frouxa para estimular investimentos e o crescimento econômico no país. “O problema é que o próprio Trump gera incertezas, principalmente com sua postura agressiva em relação às tarifas e às disputas geopolíticas. Isso eleva a tensão sobre as decisões do Fed, que, apesar de ser uma autoridade independente, acaba sendo pressionado pelo ambiente político”, pontua.
O dólar abriu a semana em queda firme no mercado local, abaixo de R$ 5,50, alinhado à onda de enfraquecimento da moeda americana no exterior. A perspectiva de que o confronto entre Israel e Irã pode não se estender e ficar circunscrito entre os dois países, sem envolvimento direto dos EUA, diminuiu a aversão ao risco no exterior, abrindo espaço para recuperação de mercados acionários e divisas emergentes. Mas Copom e Fed devem adicionar grau maior de incerteza ao cenário global nos comunicados do BC, em meio à alta do petróleo e possíveis impactos na economia.
Com uma combinação de quadro fiscal doméstico deteriorado, câmbio volátil e juros globais elevados criando um ambiente particularmente difícil para o Copom, analistas recomendam uma abordagem cautelosa e estratégica, com foco na proteção do capital.
Publicidade
A orientação de Leandro Ormond, analista da Aware Investments, é ter cautela. “Para o investidor conservador, manter posições defensivas em ativos pós-fixados de alta qualidade [com baixo risco de crédito, ou seja, alta capacidade de honrar seus compromissos], com vencimento mais curto, pode ser prudente. Já o investidor com maior apetite ao risco pode aproveitar distorções pontuais, sobretudo em renda variável de empresas com balanços sólidos”, explica.
Portanto, a recomendação é evitar movimentos agressivos e priorizar alocações bem distribuídas, especialmente em ativos de renda fixa de qualidade. Títulos indexados à inflação (IPCA+) seguem como instrumentos relevantes para proteger o patrimônio contra possíveis pressões inflacionárias, enquanto os pós-fixados ganham espaço pela capacidade de capturar os efeitos dos juros elevados, oferecendo liquidez e flexibilidade.
Na parcela internacional, Amorim, da Manchester, diz que a dolarização da carteira continua sendo uma peça-chave, tanto como proteção cambial quanto como acesso a economias mais estáveis, além de ampliar a diversificação dos portfólios.
Já na renda variável, a recomendação do especialista em investimentos é ajustar a exposição de acordo com o perfil de risco de cada investidor, priorizando empresas com fundamentos potentes, boa geração de caixa e menor sensibilidade a choques macroeconômicos.
Publicidade
Invista em informação
As notícias mais importantes sobre mercado, investimentos e finanças pessoais direto no seu navegador