Consenso é de que o BC está se aproximando do fim do ciclo de aperto monetário. Foto: AdobeStock
O Banco Central faz o que o mercado quer ou o mercado é que tenta adivinhar o que o BC vai fazer? A recente inversão da curva de juros para baixo sugere que os investidores já antecipam o fim do ciclo de alta da Selic e a possibilidade de cortes à frente.
Os agentes precificam que a reunião desta quarta-feira (7) do Comitê de Política Monetária (Copom) deva trazer mais uma alta da Selic, com os apostas divididas entre 0,25 e 0,50 ponto percentual. Em junho, na reunião seguinte, é esperada uma estabilização nos 15%, para, depois disso, começarem os cortes. O consenso é de que o BC esteja se aproximando do fim do ciclo de aperto monetário e que os cortes começarão em breve, talvez já em novembro. Isso reduz as projeções de CDI médio e termina derrubando as taxas do Tesouro Prefixado e IPCA+.
Apesar de o Copom levar em conta o movimento atual da curva d’e juros para decidir o que fazer, a verdade é que o Banco Central não necessariamente faz o que o mercado está pedindo. Na prática, é o mercado que tenta antecipar o que a autoridade monetária vai fazer. “Quando dizemos que o Banco Central ‘entregou o que o mercado queria’, parece que ele seguiu uma demanda, mas, na realidade, o mercado apenas projetou uma ação futura do BC”, comenta Ian explica Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset.
Por isso, os investidores compram ou vendem títulos porque acreditam que o BC tomará determinada decisão mais adiante. E quando essas apostas fogem demais do que a autoridade monetária considera adequado, ela se manifesta para corrigir as expectativas. É o que acontece, por exemplo, quando surgem projeções exageradas. “O BC pode usar sua comunicação para ancorar expectativas, como fez nas últimas semanas com discursos mais moderados (dovish), sinalizando que não pretende acelerar cortes de juros em ritmo acelerado”, observa Ian.
A autoridade monetária também fala nos comunicados da reunião do Copom e nas atas, uma semana depois da decisão sobre os juros. Esses são sinais que os investidores observam para entender a tendência dos próximos meses. “É muito importante avaliar as declarações do Banco Central, principalmente na próxima reunião que acontece agora em maio”, salienta Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos.
Inflação, crescimento do PIB e taxa de emprego darão pistas sobre a saúde econômica e as perspectivas futuras para Selic. “Se for identificado um arrefecimento dos dados, possivelmente teremos uma reversão. Pesquisas eleitorais, propostas de candidatos para 2026 influenciarão as percepções de risco e otimismo”, completa.