Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset. (Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO)
A carta de gestão mensal da Verde Asset referente a abril começa com uma citação de Vladimir Lenin, chefe da antiga União Soviética: “há décadas onde nada acontece, e há semanas onde décadas acontecem”. Foi assim que a gestora fundada por Luis Stuhlberger classificou o desempenho dos mercados globais no último mês, quando o pacote de tarifas recíprocas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chacoalhou os ativos de investimento pelo mundo. No meio da alta volatilidade, os multimercados brasileiros conseguiram um de seus melhores desempenhos mensais da série história — o fundo Verde deu 1,90% em abril ante 1,06% do CDI.
No acumulado de 2025, o fundo macro da Verde Asset rende 4,75%. O CDI, 4,07%.
Os ganhos de abril vieram das posições em moedas e criptomoedas, nos livros de ações no mercado doméstico e em juro real. Para maio, a Verde zerou a posição em dólar, iniciando outras compradas em ouro e em real. A alocação em cripto também aumentou, enquanto a posição comprada em petróleo foi zerada. A gestora segue zerada em bolsa brasileira e levemente vendida em bolsa global.
Na carta, a Verde destaca que o “Dia da Libertação” e o “caricato choque de tarifas” de Trump devem marcar o início da redução da hegemonia americana e do dólar sobre os mercados globais. “Os investidores de fora dos EUA passaram os últimos dez anos aumentando sistematicamente sua exposição aos ativos americanos (não sem razão, dada excelente performance) e agora vivemos os estágios iniciais de um processo estrutural de realocação de capital”, diz.
Esse rearranjo de fluxos tende a se refletir de maneira importante sobre moedas e mercados acionários, ainda que as semanas finais de abril tenham sido marcadas por uma recuperação daquele primeiro choque causado pelas tarifas. O movimento parece um “otimismo exagerado” para a Verde, que acredita que os efeitos micro e macro do tarifaço ainda devem afetar as empresas, consumidores e a economia americana. A incógnita agora é a magnitude dessa desaceleração e se ela colocará a maior economia do mundo em recessão.
No mercado brasileiro, a gestora vê pouco impacto do noticiário local na precificação dos ativos, que também passou por um período mais positivo em abril. “A maioria das ações seguiu comprimindo prêmio de risco, e acreditamos que a melhor alocação hoje é nas NTN-Bs da parte intermediária da curva.”