Nos Estados Unidos, a casa avalia que a atividade econômica e o mercado de trabalho estão desacelerando, o que deve abrir espaço para novos cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), mas a inflação permanece acima da meta e o setor de tecnologia deve impedir uma desaceleração mais pronunciada da economia.
A casa projeta estabilização das taxas de juros americanas na faixa entre 3,25% e 3,50% no próximo ano, um pouco mais contracionista do que o esperado pelo mercado atualmente.
Outro fator de destaque vai ser a nomeação por Donald Trump do novo presidente do Fed para substituir Jerome Powell. “Esse será, provavelmente, o evento econômico mais importante dos próximos meses”, diz a corretora.
No Brasil, a XP projeta que o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciará o ciclo de cortes de juros em março, prevendo seis reduções consecutivas de 0,50 ponto porcentual até que a Selic alcance 12%.
Com uma política fiscal expansionista no País, a corretora acredita ser difícil enxergar a taxa básica de juros retornando a um dígito. Também avalia que a perspectiva de reformas fiscais após as eleições de 2026 será fundamental para que os juros caiam abaixo de 12%.
Eleições ganham destaque
Em relação à corrida eleitoral, a XP diz que o mercado deve acompanhar de perto se as políticas públicas previstas para 2026 serão capazes de recuperar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Um dos tópicos que concentrarão atenções será o Projeto de Lei (PL) 1.087/2025, que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês. “A tendência é de que haja uma melhora na percepção de renda, mas a conversão de eventual impacto na elevação do índice de aprovação do governo depende de outras variáveis”, destaca a corretora.
Para além da popularidade de Lula, os mercados também acompanharão o risco de que novas medidas com impacto fiscal sejam ventiladas pelo governo.
As posições da XP para 2026
Para 2026, mesmo com a taxa de juros em trajetória de queda, a XP deve manter uma exposição relevante em renda fixa pós-fixada. A corretora entende que a classe se mantém como um pilar defensivo dos portfólios, principalmente nos de menor volatilidade.
No que se refere ao crédito privado, a casa pretende reduzir gradualmente a sua exposição, não só em títulos pós-fixados, mas também nos demais indexadores. “A seletividade na escolha de emissores e gestores de fundos de crédito permanece essencial para mitigar riscos e preservar a qualidade da carteira”, afirma.
Quando se trata da Bolsa de Valores, a XP observa que o Ibovespa ainda negocia com múltiplos abaixo da média histórica, com boa parte das empresas apresentando balanços saudáveis e baixa alavancagem.
De forma geral, a corretora vê 2026 como um ano de transição, marcado pela busca de equilíbrio entre captura de oportunidades e gestão de riscos. A renda fixa brasileira deve continuar sendo o núcleo das carteiras, enquanto a renda variável segue como vetor importante de geração de valor, mas exige disciplina e visão de longo prazo.
Ibovespa a 185 mil pontos
O cenário-base da casa para o valor justo do Ibovespa é de 185 mil pontos. Na projeção otimista, espera que o índice chegue aos 224 mil pontos, enquanto no contexto pessimista estima 144 mil pontos.
Caso o Brasil consiga estabilizar sua trajetória de dívida e sinalizar responsabilidade fiscal, as taxas de juros podem cair mais no pós-2027, na visão da XP, destravando um potencial de valorização significativo para a Bolsa. Por outro lado, se não houver ajuste, os juros permanecerão elevados, pressionando os preços das ações e o câmbio.
Se o ciclo de quedas da Selic se cumprir, o ambiente tende a favorecer small caps (empresas de menor capitalização) e setores sensíveis a juros, como infraestrutura, imobiliário, varejo e utilidade pública. Embora bancos não sejam diretamente beneficiados pela queda dos juros, a XP entende que as instituições podem capturar melhora via aceleração do crédito e redução da inadimplência.
A corretora mantém preferência por empresas de alta qualidade, com balanços sólidos e forte geração de caixa. Embora já observe investidores começando a flexibilizar a “régua de qualidade” para incluir companhias mais alavancadas, a avaliação é de que esse movimento ainda tem caráter tático.
“Historicamente, a combinação ganhadora no Brasil ao longo de diferentes ciclos tem sido empresas de qualidade com viés de valor. Entramos em 2026 com essa estratégia, embora prontos para reavaliá-la ao longo do ano”, destaca.
As ações preferidas da XP para 2026
As ações favoritas da XP para 2026 incluem:
Ano promissor para fundos imobiliários
Para Marx Gonçalves, líder de fundos listados da XP, os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) caminham para iniciar 2026 com fundamentos setoriais sólidos, diante do bom desempenho da atividade econômica.
“Estamos acompanhando uma desaceleração [da atividade] totalmente previsível em função dos juros em patamares restritivos, mas ainda assim vemos um desempenho robusto que tem contribuído para os principais segmentos do mercado imobiliário“, afirmou Gonçalves, durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira.
Ele reforçou que, apesar do ambiente “muito desafiador” para os fundos listados em 2025 – com risco de tributação sobre ativos isentos, Selic em patamar elevado e incertezas aqui e no exterior –, o ano foi positivo para o segmento, com uma valorização de 18,07% do Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (Ifix).
“Mesmo após essa performance robusta, olhando os fundos imobiliários em particular, o fato é que a classe segue negociando com descontos médios atrativos” disse Gonçalves, da XP.
*Com informações do Broadcast