Mercado

Por que as ações dos grandes bancos estão no negativo em 2021

As ações de Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander estão no vermelho no acumulado do ano

Fachada do Banco Bradesco, em São Paulo. (Foto: Werther Santana/Estadão)
  • Depois de ficar estagnado na faixa dos 110 mil pontos por quase quatro meses, o Ibovespa voltou ao patamar dos 120 mil pontos
  • Mas no acumulado de 2021, os quatro maiores bancos do Brasil - Itaú Unibanco (ITUB4), Santander (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) - registram desempenho negativo na B3, com queda de 13,61%, 15,34%, 21,89% e 5,16%, respectivamente
  • De acordo com um relatório produzido pela Economática, em 2020 os grandes bancos brasileiros tiveram a maior queda de lucro em 21 anos

Depois de ficar estagnado na faixa dos 110 mil pontos por quase quatro meses, o Ibovespa voltou ao patamar dos 120 mil pontos e acumula alta de 1,71% em 2021. Uma das grandes apostas para este ano eram as ações dos bancos, mas o cenário parece não ter se concretizado.

No acumulado de 2021, os quatro maiores bancos do Brasil – Itaú Unibanco (ITUB4), Santander (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) – registram desempenho negativo na B3, com queda de 13,61%, 15,34%, 21,89% e 5,16%, respectivamente.

De acordo com um relatório produzido pela Economatica, em 2020 os grandes bancos brasileiros tiveram a maior queda de lucro em 21 anos, 24,4%. O levantamento também constatou que o volume dos dividendos e dos juros sobre o capital próprio (JCP) dos quatro bancos no ano passado foi 48,69% menor em relação a 2019. Nominalmente, o Itaú Unibanco tem o maior valor, com R$ 12 bilhões. Santander aparece na sequência, com R$ 10,2 bilhões; Banco do Brasil com R$ 6,07 bilhões e Bradesco com R$ 1,43 bilhão.

Preencha os campos abaixo para que um especialista da Ágora entre em contato com você e conheça mais de 800 opções de produtos disponíveis.

Ao fornecer meu dados, declaro estar de acordo com a Política de Privacidade do Estadão , com a Política de Privacidade da Ágora e com os Termos de Uso

Obrigado por se cadastrar! Você receberá um contato!

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

Apesar da queda em 2020, o Santander divulgou nesta quarta-feira (28) fortes resultados em seu balanço do primeiro trimestre de 2021. O banco registrou um lucro líquido de R$ 4 bilhões, o maior já computado pela companhia em um único trimestre.

O recorde de lucro se deu por uma combinação de vários resultados, entre eles a margem financeira bruta que inclui as receitas com concessão de financiamentos, que cresceu 6,1% no primeiro trimestre de 2021 comparado com o mesmo período de 2020.

As receitas totais do banco também cresceram, atingindo os R$ 18,27 bilhões, o que representa um aumento de 6,6% em relação ao 1T20. Outro destaque foi a inadimplência superior a 90 dias, que se manteve em 2,1%, mesmo nível de dezembro de 2020.

Itaú, Bradesco e Banco do Brasil ainda vão divulgar seus resultados referentes ao primeiro trimestre de 2021 nos dias 3, 4 e 6 de maio, respectivamente.

Por que os bancões estão em baixa

Ainda segundo o levantamento da Economatica, o lucro dos grandes bancos em 2020 foi de R$ 61,6 bilhões, 27,6% menor do que o de 2019, ano em que as instituições tiveram lucro recorde de R$ 85,1 bilhões.

No ano passado, a receita de intermediação financeira dos bancos registrou queda de 4,91% em comparação com 2019. O Santander foi o único a registrar crescimento neste quesito, um aumento de 31,72%, enquanto Itaú, Bradesco e BB tiveram queda de 6,98%, 25,08% e 5,22%, respectivamente.

Segundo Vitor Carvalho, analista de equities da Investmind, como os preços das ações estão ancorados em lucros e dividendos a serem distribuídos no futuro e o cronograma de vacinação em relação a outros países está atrasado, é natural que o desempenho dos bancos fique abaixo das expectativas neste primeiro semestre. “O auxílio emergencial deve ser menor do que o do ano passado, o que pode comprometer as taxas de inadimplência”, diz.

Já para Anderson Meneses, CEO da Alkin Research, além da ameaça das fintechs, os bancões podem estar menos atrativos do que o Tesouro Direto. “As pessoas enxergam os bancos como bons pagadores de dividendos, mas hoje você consegue uma atratividade maior com o Tesouro Direto”, diz.

Segundo as estimativas de Meneses, o Tesouro Prefixado com juros semestrais 2031 hoje está pagando 9,36% de rendimento bruto, sem contar o desconto de 1% de imposto. Em comparação, os bancões estão com Dividend Yield acumulado nos últimos 12 meses que varia de 2% a 4%.

Para Meneses, a empresa com maior chance de se destacar nessa corrida pela readequação em relação aos bancos digitais será a que conseguir realizar uma migração mais forte ao novo modelo de trabalho, com menos agências e uma estrutura mais enxuta.

Carvalho acredita que BB e Bradesco têm mais chances de se sobressair em 2021. Para ele, o primeiro apresenta historicamente um maior desconto frente aos seus pares privados pelo fato de ser controlado em última instância pelo Governo Federal. “Entendemos que o banco já atingiu seu fundo esse ano com as recentes alterações na diretoria e no conselho e pode ter um caminho de recuperação nos próximos meses”, diz.

O Bradesco, por sua vez, é um player que vem se beneficiando de uma desalavancagem operacional nos últimos anos. “Enxergamos potencial de melhora nos  resultados, com a carteira de crédito aumentando acima do ritmo do mercado, assim como nos indicadores de rentabilidade”, afirma Carvalho.

Perspectivas

Segundo os especialistas, o atraso da vacinação no país, a queda do auxílio emergencial e o aumento na competitividade das fintechs podem gerar um efeito negativo para o setor, que tinha tudo para ter um resultado superior a 2019 neste ano.

Apesar de todas as dificuldades do segmento, o diretor de fiscalização do Banco Central, Paulo Souza, acredita que o lucro líquido dos bancos deve voltar aos níveis pré-pandemia, em torno de R$ 120 bilhões.

Durante entrevista coletiva sobre o relatório semestral de Estabilidade Financeira do BC, o diretor destacou que a provisão feita pelos bancos em 2020 é suficiente para fazer frente aos riscos de 2021. “No cenário-base, é plenamente possível que os bancos voltem a ter um lucro nominal na faixa de R$ 120 bilhões e, tendo em vista o aumento de capital que foi realizado ao longo dos últimos anos, é possível você voltar a ter uma rentabilidade na faixa entre 15% e 16%”, disse Souza.