Depois de passarem décadas praticamente sozinhos dominando o setor financeiro, os grandes bancos vinham enfrentando nos últimos anos a euforia do mercado com a chegada das fintechs. Por algum tempo, os olhares do mercado se voltaram para os ‘neobanks’ e bancos digitais, com a promessa de que a concorrência poderia enfraquecer as receitas das instituições financeiras tradicionais.
A temporada de balanços do segundo trimestre de 2022, porém, veio para mostrar que já está na hora de o investidor fazer as pazes com os bancões.
Carlos André Vieira, analista-chefe no TC Matrix, diz que, em um cenário de juros elevados e menos incentivos econômicos, os bancões são os únicos que conseguem entregar uma rentabilidade elevada e distribuição de lucros aos seus acionistas. Por isso, está na hora de investir nessas empresas. Veja as recomendações.
Com a exceção de Santander (SANB11), que registrou um lucro líquido de R$ 4,1 bilhões no período, Itáu, Banco do Brasil e Bradesco (BBDC3) reportaram lucro acima dos R$ 7 bilhões.
“O lucro líquido dos bancões no trimestre, na ordem de R$ 7 bi, é do tamanho da capitalização de muitas empresas na bolsa. O pessoal brigou muito com os bancos tradicionais, mas, depois de um tempo de abandono, eles estão voltando à moda”, destaca Mario Goulart, analistas de investimento e criador do canal do YouTube ‘O Analisto’.
Em comparação com as fintechs, os grandes bancos têm carteiras de crédito de maior qualidade, direcionadas às grandes empresas, cuja inadimplência é mais baixa do que a de pessoas físicas, para quem as carteiras dos bancos digitais são mais voltadas. Com o cenário de juros mais altos, eles também conseguem aumentar as receitas, destaca Goulart.
Mas as fintechs também conseguiram impressionar o mercado no segundo trimestre de 2022. Veja o desempenho de Nubank.
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A qualidade das carteiras de crédito, inclusive, foi um dos pontos que mais chamou a atenção nos balanços apresentados pelas instituições. Para Renan Manda, analista-chefe do setor financeiro da XP, os números mostram um setor saudável e resiliente mesmo frente ao cenário macroeconômico mais adverso.
“As carteiras vem crescendo bastante desde o ano passado, mostrando que mesmo com a taxa de juros alta as linhas de crédito continuam tendo bastante demanda. O crescimento dos portfólios deve puxar a margem financeira dos bancos para cima ao longo dos próximos trimestres e, olhando para qualidade, não vemos nenhuma grande surpresa em termos de inadimplência”, explica Manda.
Com a expansão das carteiras vista no trimestre, Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú (ITUB4) até revisaram as metas de 2022 para cima. E, por isso, são considerados os melhores resultados do setor.
A estatal inclusive surpreendeu positivamente o mercado ao reportar lucro líquido ajustado de R$ 7,803 bilhões, um recorde na companhia. O resultado do segundo trimestre significa um aumento de 54,8% em relação ao mesmo período do ano passado e de 18% frente aos três meses anteriores. Confira os detalhes.
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Logo atrás, o Itaú – o benchmark (parâmetro) do setor – registrou lucro líquido de R$ 7,679 bilhões. O desempenho representa uma alta de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado e de 4,3% na comparação trimestral; veja. Ao E-Investidor, Nicholas McCarthy, chief investment officer do Itaú, aponta que o mercado está no melhor momento para o investidor apimentar um pouco o portfólio.
“Entre todos os indicadores de eficiência, rentabilidade e controle de custos, o Banco do Brasil foi o que mais evoluiu nas comparações trimestral e anual. O Itaú também apresentou bons resultados, com crescimento da carteira de crédito, manutenção da sua rentabilidade e controle da inadimplência”, afirma Vieira, do TC Matrix.