- As empresas CVC, Cogna e Qualicorp foram os principais destaques positivos no acumulado do mês
- Do lado negativo, as ações das empresas Embraer, Petrorio e Braskem foram as que apresentaram as piores performances
- Para o mês de abril, os investidores devem olhar para companhias com boas perspectivas de crescimento no médio e longo prazo
O Ibovespa encerrou o último pregão do mês de março com queda de 0,2% aos 119.999 pontos. No entanto, no acumulado do período, o desempenho do principal índice da bolsa de valores brasileira foi positivo pela quarta vez consecutiva, com ganhos de 6%.
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Segundo analistas, o movimento foi influenciado pela alta no preço das commodities e pelo interesse do investidor estrangeiro em ativos locais.
Nesses três primeiros meses do ano, o saldo líquido de investimento externo (diferença entre compras e vendas) chegou aos R$ 92,7 bilhões.
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Na avaliação de Mário Goulart, analista da O2 Research, os preços dos ativos domésticos estavam descontados devido ao cenário macroeconômico, como o risco no campo fiscal, enquanto as empresas entregaram bons resultados operacionais nos últimos trimestres.
A realidade despertou atenção dos investidores brasileiros que enxergam o mercado doméstico como uma boa oportunidade de investimento, principalmente, com o movimento de alta das commodities.
“O petróleo subiu forte e boa parte do Ibovespa é representado por commodities. A Petrobras e a Vale são as principais empresas desse setor”, afirma Goulart. De acordo com ele, no acumulado do ano, as duas empresas apresentaram retornos de 38,5% (Petrobras) e de 21% (Vale). “Essas duas ações já puxam o índice”, acrescenta.
Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, o desequilíbrio entre a oferta e demanda das commodities ficou ainda maior, o que beneficia países emergentes, como o Brasil.
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“Estamos ganhando na balança comercial no mercado internacional como exportadora de commodities agrícolas”, diz Ariane Benedito, economista da CM Capital.
As maiores altas e baixas de março
O mês foi um período positivo para boa parte das companhias brasileiras. De acordo com o levantamento da Economatica, de todas as empresas de capital aberto listadas na B3, apenas nove registraram rentabilidade negativa no acumulado de março.
As ações da Embraer (EMBR3), PetroRio (PRIO3), Braskem (BRKM5) e da Fleury (FLRY3) entregaram os piores retornos aos acionistas no acumulado mensal.
No caso da Embraer, Ricardo França, analista da Ágora Investimentos, afirma que as ações são prejudicadas devido à variação cambial, já que a companhia possui receita dolarizada. “A Embraer é uma exportadora. A companhia possui uma receita em dólar e a moeda norte-americana vem caindo desde o início do ano”, avalia França.
Confira as ações que mais subiram e desceram no mês de março
Empresas | Retorno no acumulado do mês de março |
As maiores altas | |
Cvc Brasil (CVCB3) | 33% |
Cogna ON (COGN3) | 25,20% |
Qualicorp (QUAL3) | 24,6% |
3r Petroleum (RRRP3) | 23,5% |
JHSF Part (JHSF3) | 22,4% |
As maiores quedas | |
Embraer (EMBR3) | -15% |
Petrorio (PRIO3) | -7,8% |
Braskem (BRKM5) | -7,2 % |
Fleury (FLRY3) | -7% |
Azul (AZUL4) | 5,4% |
Fonte: Einar Rivero, gerente de relacionamento e institucional da Economatica |
Do outro lado, os papéis da CVC (CVCB3), Cogna ON (COGN3), Qualicorp (QUAL3) e 3R Petroleum (RRRP3) foram os destaques positivos. Segundo Felipe Vella, analista de renda variável da Ativa Investimentos, os ganhos estão relacionados ao movimento de alta da bolsa brasileira nos últimos meses. As empresas com as melhores performances são as mesmas penalizadas no ano passado.
“Todos os papéis que apresentaram forte alta em março tinham sofrido muito após o pico de 2021. Podemos tratar isso como uma correção do preço dos papéis”, avalia Vella. No caso da CVC, o avanço da vacinação em massa contra a covid-19 e o retorno das viagens trouxeram perspectivas positivas para a companhia.
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No entanto, essa não é a única justificativa para os ganhos. Benedito ressalta que a companhia do setor de turismo apresentou bons números nos últimos trimestres, o que a deixou mais atrativa para o investidor brasileiro. “Além da expectativa de demanda reprimida por parte dos investidores, a empresa apresentou uma recuperação do EBITDA, ajustou a dívida e aumentou sua receita líquida”, ressalta.
Já a 3R Petroleum (RRRP3) apresentou alta na precificação dos papéis se deve ao movimento de alta do petróleo. No entanto, a economista da CM Capital ressalta que a incerteza em relação sobre a política de preço da Petrobras pode impactar no desempenho dos papéis da companhia nas próximas semanas. “O balanço de risco está muito apertado para a companhia. O caso da Petrobras (com a possibilidade de intervenção do governo) pode contaminar o setor como um todo”, avalia.
Recomendação
Para o mês de abril, a recomendação dos analistas é que os investidores observem companhias que devem apresentar bons resultados no médio e longo prazo.
Nesta perspectiva, Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Research, acredita que a PetroRio (PRIO3) atende a esse critério. De acordo com ele, há uma perspectiva de crescimento da sua produção para os próximos anos com as novas aquisições.
“PetroRio sairá de uma produção atual de 33 mil barris para 128 mil barris em 2024, o equivalente a um crescimento de produção de +287 por cento em três anos”, ressalta Bruce.
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A locadora de carros Unidas (LCAM3) também segue neste mesmo perfil, na avaliação de Barbosa. De acordo com ele, o setor apresenta forte crescimento nos últimos anos e as grandes empresas, como a Unidas, conquistam mais espaço no mercado.
“No segmento de locação, mesmo com os preços dos carros subindo com o dólar e os juros, faltam carros para alugar. A demanda é tão alta que as locadoras conseguem repassar a alta de custos tranquilamente”, justifica Barbosa a sua recomendação de compra.