

As ações da Ambev (ABEV3) sobem no pregão desta quarta-feira após a empresa divulgar um lucro líquido de R$ 5 bilhões no quarto trimestre de 2024, alta de 11% na comparação com o mesmo período de 2023. Analistas do mercado financeiro comentam que o resultado foi positivo pelo crescimento do lucro e das demais linhas do balanço. No entanto, eles estimam que 2025 tende a ser um pouco mais complicado.
Às 16h29min as ações da Ambev subiam 5,50%, a R$ 11,70. Para os analistas do Itaú BBA, o grande destaque foi o crescimento do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, que cresceu 12% acima do que os analistas esperavam, para R$ 9,6 bilhões. Os especialistas comentam que os números foram impulsionados pelos resultados da empresa na América do Sul. Eles também lembram que a empresa vai pagar R$ 0,1276 por ação em dividendos, um rendimento de 1,15%. Mesmo que o anúncio seja bom para o investidor, os especialistas do Itaú BBA ponderam que o anúncio não foi tão grandioso.
“Embora modesto, em nossa opinião, alinha-se com a discussão de alocação de capital da Ambev. Por enquanto, preferimos não depender de pagamentos extraordinários excedendo o retorno usual, dado o comportamento historicamente conservador da Ambev em tais temas. Todavia, notamos que isso pode se tornar um gatilho potencial para a tese nos próximos trimestres”, dizem Gustavo Troyano e Bruno Tomazetto, que assinam o relatório do Itaú BBA.
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Já Georgia Jorge, analista do BB Investimentos, relata que o cenário de vendas da Ambev mais retraído realçou ainda mais o trabalho interno de gestão de marcas e de controle de custos e despesas, que implicou em ganho de resultado operacional na comparação orgânica. “A companhia pontuou que, em 2025, espera enfrentar maior pressão de custos por conta do real mais desvalorizado frente ao dólar, além dos ventos contrários advindos do preço do alumínio”, diz Jorge.
A equipe do BTG Pactual lembra que o crescimento mais fraco da receita líquida da cerveja no Brasil, que foi de 2,4% entre o quarto trimestre de 2024 e o quarto trimestre de 2023, não causou tantos problemas para a expansão de margem bruta, que avançou 1,5 ponto porcentual em 1 ano.
“O que realmente liderou o caminho foi o ganho de margem trazido por outras receitas, formado principalmente por incentivos fiscais, provavelmente refletindo uma mistura geográfica positiva, já que a Ambev superou presumivelmente o mercado nas regiões onde Petrópolis é super indexada”, afirmam Thiago Duarte, Guilherme Guttilla e Gustavo Fabris, que assinam o relatório do BTG.
O investidor deve comprar a ação da Ambev?
Embora a ação ABEV3 dispare no mercado hoje, os analistas continuam receosos sobre a empresa em sua maioria. A equipe do Itaú BBA diz que apesar da positiva sobre a estratégia de portfólio da Ambev estabelecida nos últimos anos, que provavelmente dará frutos a partir de agora, eles acreditam que as discussões nos próximos trimestres podem se concentrar na dinâmica da receita e da margem na Cerveja Brasil.
“Isso, por sua vez, pode depender do ambiente de consumo no Brasil, que provavelmente será impactado pelas tendências de inflação de alimentos, dinâmica de custos para a indústria e o ambiente competitivo em relação à Heineken no Brasil. Por outro lado, assumir uma posição vendida na Ambev parece ser menos consensual, com a empresa negociando a 12 vezes o Preço sobre Lucro (P/L) e um nível de juros curto já alto”, argumentam Troyano e Tomazetto.
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Desse modo, o Itaú BBA tem recomendação neutra para a Ambev com preço-alvo de R$ 15,00 para o fim de 2025, uma possível alta de 35,2% em relação ao fechamento de terça-feira (25), quando a ação encerrou o pregão a R$ 11,09. O BTG também tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 14 para o fim de 2025, alta de 26,2% em relação ao último fechamento.
“Notamos que os volumes estão desacelerando, os preços permanecem modestos e os ventos favoráveis de custos devem reverter em breve com base nas tendências de câmbio e commodities. O crescimento dos lucros de longo prazo da Ambev depende muito da manutenção de um poder de precificação sustentável, que não parece estar mudando no que diz respeito aos números do quarto trimestre de 2024, implicando na recomendação neutra”, explicam os analistas do BTG.
Já o BB Investimentos é o único a recomendar compra. Georgia Jorge salienta que vai manter a recomendação de compra até incorporar os resultados mais recentes e as expectativas divulgadas pela companhia em relação à pressão sobre os custos em 2025. A especialista tem recomendação de compra para Ambev (ABEV3) com preço-alvo de R$ 16 para o fim de 2025, uma possível alta de 44,27% na comparação com o fechamento de ontem