Unidade de fábrica da Ambipar (AMBP3); empresa passa por processo de recuperação judicial. (Imagem: Divulgação/Ambipar)
O Grupo Ambipar (AMBP3) conseguiu na Justiça do Rio de Janeiro a manutenção da tutela cautelar que impede o vencimento antecipado de dívidas por credores, enquanto tramita o seu processo de recuperação judicial (RJ). A decisão, segundo a companhia, reforça a proteção jurídica necessária para que o grupo consiga avançar no seu plano de reestruturação financeira e garanta a continuidade das suas operações.
Na decisão, a 3ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro reconheceu a existência de um grupo econômico entre as empresas controladas pela Ambipar e autorizou a tramitação conjunta do processo.
“Com a decisão, segue vigente a tutela que assegura estabilidade financeira e operacional ao grupo, permitindo o prosseguimento das atividades sem qualquer interrupção”, disse a Ambipar em comunicado à imprensa.
Na segunda-feira (20), a empresa de gestão ambiental entrou com pedido de recuperação judicial tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos com R$ 10,5 bilhões em dívidas. Entre as instituições financeiras credoras, a maior é o Santander (SANB11), com R$ 663 bilhões, seguido pelo Banco do Brasil (BBAS3), com R$ 352 milhões.
Ao anunciar o pedido, a Ambipar esclarece que a medida decorre dos sucessivos eventos que foram deflagrados após a descoberta de indícios de irregularidades na contratação de operações de swap – operação com derivativos – pela diretoria financeira e a renúncia abrupta do antigo diretor financeiro.
O episódio, segundo a companhia, resultou em pedidos de antecipação de vencimento de dívidas por parte de alguns credores, criando risco concreto de vencimento cruzado de outras obrigações do grupo.
Ações da Ambipar despencam na Bolsa
A situação penalizou as ações AMBP3, que despencarem 94% na Bolsa de Valores apenas no mês de outubro. Às 11h (de Brasília), os papéis da Ambipar recuavam 2,63%, sendo negociadas a R$ 0,37.
Como mostramos nesta reportagem, a estratégia é essencial para a sobrevivência da Ambipar (AMBP3) nos próximos meses. “O caminho natural é que seja aceita a recuperação judicial até para garantir uma proteção aos credores. Caso contrário, a empresa vai virar pó em muito pouco tempo porque, sem essa proteção, todo mundo vai querer antecipar a dívida e a companhia obviamente não vai suportar”, diz Felipe Sant’Anna, especialista em investimentos do grupo Axia Investing.