- A Americanas (AMER3) é a mais nova “penny stock” da Bolsa brasileira. O termo é utilizado para empresas cujas ações são negociadas por menos de R$ 1
- Contudo, não são só as ações da Americanas que são negociadas por centavos na B3. De acordo com levantamento feito por Einar Rivero, head comercial do TradeMap, existem pelo menos outras nove empresas na mesma situação
- O setor de incorporação e intermediação imobiliária se destaca entre as "penny stocks", com quatro companhas na lista
A Americanas (AMER3) é a mais nova “penny stock” da Bolsa brasileira. O termo é utilizado para empresas cujas ações são negociadas por menos de R$ 1 – no caso da varejista, os papéis AMER3 atingiram os R$ 0,71 no fechamento da última sexta-feira (20). Nesta terça (24), terminaram o dia custando R$ 0,80.
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Na última quinta (19), a Americanas entrou com pedido de Recuperação Judicial alegando ter um caixa de R$ 250 milhões, segundo o Estadão, para uma dívida de R$ 43 bilhões (soma entre o rombo contábil e a dívida bruta anterior da companhia, de R$ 19,3 bilhões). A Justiça acatou a solicitação.
Com isso, os papéis AMER3 deixaram o Ibovespa na sexta-feira, já que pelas regras da B3, empresas que estão em RJ não podem permanecer no índice.
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Contudo, não são só as ações da Americanas que são negociadas por centavos na B3. De acordo com levantamento feito por Einar Rivero, head comercial do TradeMap, existem pelo menos outras nove empresas na mesma situação.
O setor de incorporação e intermediação imobiliária se destaca entre as “penny stocks”, com quatro companhas na lista: João Fortes Engenharia (JFEN3), Viver (VIVR3), Nexpe (NEXP3) e PDG Realty (PDGR3).
As ações da PDG Realty têm a menor cotação da Bolsa atualmente, R$ 0,15. Apesar do preço aparentemente “baixo”, a companhia apresenta valorização de mais de 25% em janeiro. A alta volatilidade, pela falta de liquidez e clareza sobre o futuro da empresa, costuma ser uma forte característica das penny stocks.
A B3 tem regras específicas em relação a penny stocks. Uma empresa não deve permanecer por mais de 30 pregões consecutivos com suas ações abaixo de R$ 1. Caso isso ocorra, é dever da companhia tomar medidas para que o ativo saia dessa faixa mínima de preço por um período mínimo de seis meses.
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Descumprida a regra, o papel poderá ter a negociação suspensa. Penny stocks também são vedadas de participarem de alguns índices, como o Ibovespa, o que também contribui para uma liquidez menor. Atualmente, nenhuma das dez ações do levantamento faz parte do principal indicador da B3.
Fora isso, o fato de o segmento imobiliário aparecer em peso no ranking tem a ver com a situação complexa que essas companhias atravessaram nos últimos anos. Primeiro, com a pandemia do coronavírus, e depois, pelo salto da inflação. Em 2021, o Índice Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) saltou 18,65%. Já em 2022, a alta foi de 10,9%.
Os juros altos também impactam as vendas dos empreendimentos, encarecendo os financiamentos imobiliários, dificultando a situação dessas companhias, que costumam estar mais alavancadas (endividadas). Atualmente, a taxa Selic está em 13,75% ao ano, maior patamar desde dezembro de 2016.
Contudo, essas empresas também têm suas especificidades. “A João Fortes, por exemplo, era uma companhia que tinha ficado sem publicar balanços por um tempo (referentes ao exercício de 2019). E, da última vez que vi os números da PDG, não eram muito positivos também”, afirma Mario Goulart, analista de investimentos e criador do canal no Youtube ‘O Analisto’.
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Um outro destaque da lista são os papéis do IRB Brasil (IRBR3), que descobriu fraudes contábeis nos balanços em 2020, o que fez as ações do ressegurador derreterem mais de 90% na Bolsa desde então.
Recrusul (RCSL4), de materiais rodoviários, Triunfo Participações (TPIS3), de infraestrutura, Westwing (WEST3), varejista de casa e decoração, e Dotz (DOTZ3), de programas de fidelização, completam a lista de penny stocks da bolsa.
Especialistas pontuam que nem sempre uma cotação baixa é sinônimo de “ação barata”. Pelo contrário, pode significar que aquela companhia passa por um momento desfavorável ou está em uma situação financeira pouco confortável. “São todas empresas que sofreram bastante, principalmente por estarem endividadas em algum momento. Não aposto muito nesse tipo de companhia, muito alavancada, neste momento de juros altos”, diz Goulart.
Veja o ranking completo:
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