A Americanas (AMER3) reduziu o prejuízo dos nove primeiros meses de 2023 em 23,5%, com o número indo de R$ 6 bilhões em 2022 para R$ 4,6 bilhões entre janeiro e setembro de 2023, mostra documento enviado ao mercado nesta segunda-feira (26).
Leia também
Por volta de 11h19 desta segunda, as ações ordinárias da Americanas (negociadas fora do Ibovespa) subiam 3,85%, a R$ 0,54.
Para os analistas, os números ficaram dentro do esperado pelo mercado, visto que a empresa não havia gerado grandes expectativas para o balanço justamente por causa do processo de recuperação judicial.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Segundo Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, o prejuízo continua significativo, mas a redução em relação ao ano anterior mostra melhorias. “A queda do prejuízo sugere que a empresa está implementando medidas para lidar com suas dificuldades financeiras”, afirma Gonçalvez.
Artur Horta, especialista em investimentos da GTF Capital, segue a mesma linha de Gonçalvez. “Isso indica que a Americanas tem conseguido ao menos eliminar os pontos mais fracos da sua operação, que vinham sendo detratores do resultado”, afirma Horta.
Porém, a dívida líquida da Americanas encerrou o terceiro trimestre de 2023 em R$ 33,4 bilhões, alta de 10,6% na comparação com o terceiro trimestre de 2022. Gonçalvez aponta que o crescimento do endividamento pode indicar desafios contínuos para a empresa em termos de gestão financeira e liquidez.
Horta, da GTF Capital, ressalta que a queda bruta no volume bruto de mercadorias (GMV) foi um ponto ruim do balanço. O GMV total foi de R$ 16 bilhões nos nove primeiros meses de 2023, uma diminuição de 51,1% na comparação com igual período de 2022. “Isso indica que a companhia vai diminuir de tamanho e precisará trabalhar muito para reestabelecer sua credibilidade junto aos stakeholders, incluindo clientes, fornecedores e o próprio mercado.
Vale a pena comprar a ação agora?
Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, diz que se o investidor comparar o resultado com o de outras empresas do mesmo setor listadas na Bolsa, o resultado é “bem ruim”. Ele recomenda ficar de fora de Americanas.
Publicidade
O especialista da Órama não é o único. Gonçalvez detalha que a varejista está enfrentando desafios significativos e ainda está em processo de recuperação, o que pode ser arriscado para o investidor que quiser entrar no papel neste momento. “A incerteza em torno do sucesso do plano de recuperação judicial e a possibilidade de impactos adicionais nos resultados financeiros futuros podem sugerir que é prudente esperar por mais clareza antes de considerar investir”, afirma.
Horta da GTF Capital entende que essas reestruturações são demoradas e custosas para a companhias e, com os dados disponíveis hoje, não está claro qual será o futuro da empresa. Nesse caso, o papel só fica atrativo para o investidor que tem um grande apetite ao risco, mas que deve ser feito com cautela e não necessariamente agora.