Descubra quanto ganha um assessor de investimentos no Brasil, como funciona a remuneração por comissão ou fee-based, e quais habilidades e desafios envolvem a carreira em 2025. | Imagem: Freepik
Se você já viu O Lobo de Wall Street, talvez deva associar o estilo extravagante e as ousadias retratadas no filme às pessoas que lidam diretamente com as ações da bolsa, mas a realidade desses profissionais é bem diferente. O assessor de investimentos (antigo agente autônomo) atua como intermediário entre investidores e corretoras, oferecendo produtos como ações, fundos e previdência. A profissão é regulamentada, exige certificação da Associação Nacional das Corretoras de Valores (Ancord) e vem passando por transformações importantes.
Em 2023, a Resolução 178 da CVM marcou um divisor de águas. “Ela reconheceu o assessor como um profissional patrimonial, que pode atuar também em câmbio, crédito e seguros. Foi um marco para a categoria”, afirma Diego Ramiro, presidente da Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos (ABAI).
Outro ponto central, segundo ele, foi a transparência. “O assessor é o único agente econômico cuja comissão é aberta ao cliente. Nem os bancários têm isso. Somos pioneiros”, diz Ramiro. Essa mudança, avalia, consolidou a credibilidade da profissão, que ajudou a ampliar o número de investidores na Bolsa de 500 mil para mais de 5,5 milhões nos últimos anos.
Quanto ganha um assessor de investimentos
A remuneração de um assessor é em grande parte variável, baseada em comissões. Funciona assim: o cliente adquire um produto financeiro; a corretora recebe a taxa referente a esse produto e repassa parte ao escritório de assessoria e ao assessor. Quanto maior for o patrimônio do cliente, mais elevado tende a ser o ganho do profissional.
De acordo com estimativas do Glassdoor, a remuneração média de um assessor de investimentos no Brasil fica em torno de R$ 8,8 mil mensais. Esse número serve como referência, mas a renda pode variar significativamente conforme a carteira de clientes. Um profissional que administra cerca de R$ 30 milhões pode chegar a R$ 37 mil por mês, considerando uma comissão anual entre 0,6% e 1,5% sobre o patrimônio investido.
“Hoje são mais de 20 mil profissionais e quase 1.300 empresas de assessoria no país. O grande desafio agora é gerar valor agregado, porque não basta vender produtos. É preciso ter certificações, diversidade e qualidade no atendimento”, afirma Ramiro.
Oportunidades e riscos
A concorrência com os grandes bancos e a taxa Selic alta dificultam a atração de clientes. “Com os juros elevados, muitos preferem ficar nos Certificados de Depósitos Interbancários (CDI). Além disso, a transparência pode ser vista como barreira de entrada: “Já no primeiro contato, o cliente sabe quanto o assessor está ganhando”, explica o presidente da ABAI.
Apesar disso, ele vê vantagem nos momentos de maior instabilidade. “Na pandemia foi quando a assessoria mais cresceu. Em períodos turbulentos, o cliente não sabe para onde ir e é aí que o assessor ganha relevância”, diz.
Perfil necessário
Ramiro ainda compara o trabalho ao de um médico da família. “O assessor precisa ser generalista, entender as necessidades do cliente e traduzir a sopa de letrinhas do mercado em soluções simples. Resiliência e capacidade de transformar emoção em racionalidade são essenciais.”
Não há exigência de diploma, mas a maioria dos assessores possui graduação, muitos também têm pós-graduação ou MBA. Além do conhecimento técnico sobre o mercado financeiro, o profissional precisa de habilidades comerciais, boa comunicação, organização e entendimento da regulação do setor.
Como se tornar um assessor
O profissional deve ser aprovado no exame da Ancord, realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A prova tem cerca de 80 questões, exige 70% de acertos e custa cerca de R$ 460. Após obter a certificação, o profissional se registra na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pode atuar por conta própria ou em escritórios associados a corretoras.