Mercado

Por que a ata do Fed não mexeu tanto com os mercados?

Apesar da importância, o documento do BC dos EUA não movimentou as apostas de investidores para o ciclo de afrouxamento monetário

Por que a ata do Fed não mexeu tanto com os mercados?
Federal Reserve. (Foto: Envato)
  • Foi divulgada nesta quarta-feira (09) a ata da última reunião do Federal Open Market Committee (FOMC), o órgão do banco central dos Estados Unidos, Federal Reserve (Fed), responsável pela condução da política monetária nos país
  • Mas, apesar da importância do documento, a ata do Fed não foi suficiente para mexer com as apostas do mercado para o ciclo de afrouxamento por lá
  • Depois da divulgação do payroll mais elevado do que o esperado, expectativa é que a instituição não possa manter o ritmo de 50 bps de cortes adotado na última reunião

Foi divulgada nesta quarta-feira (9) a ata da última reunião do Federal Open Market Committee (FOMC), o órgão do banco central dos Estados Unidos, Federal Reserve (Fed), responsável pela condução da política monetária nos país. O documento traz detalhes da decisão mais aguardada do ano: a redução de 50 pontos-base que levou a taxa de juros americana para o intervalo entre 4,75% e 5,0%, protocolada pela instituição em 18 de setembro, no primeiro ajuste para baixo em quatro anos.

A decisão pelo corte mais agressivo do Fed, de 50 bps e não de 25 bps, chamou a atenção do mercado na ocasião. Os dados de inflação têm mantido uma trajetória mais favorável nos últimos meses, com uma desaceleração no mercado de trabalho, enquanto dados de serviço e varejo ainda mostram certo crescimento. A dúvida que havia ficado era se o nível ainda aquecido da economia americana permitiria ao Fed manter o ritmo de ajustes de juros para as reuniões marcadas para novembro e dezembro deste ano – e a ata divulgada nesta quarta-feira poderia dar indícios sobre esse cenário.

“Os dirigentes discutiram o crescimento econômico dos EUA, destacando que a economia continua a se expandir de forma sólida, resistindo bem aos juros elevados. Esse crescimento, segundo a ata, mostra que o cenário exige atenção para garantir que a inflação continue a se mover na direção da meta sem reversões indesejadas”, destaca Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

Apesar da importância do documento, a ata do Fed não foi suficiente para mexer com as apostas do mercado para o ciclo de afrouxamento por lá. De acordo com o CME Group, a chance de corte de 25 pontos-base no encontro de novembro ainda é o cenário mais provável, que avançou levemente a 77,7%. Antes da publicação da ata, a probabilidade estava em 76%.

“Anteriormente, os mercados futuros indicavam um caminho mais agressivo, mas agora precificam uma chance de cerca de 1 em 5 de que o Fed não faça cortes em sua reunião de 6 e 7 de novembro”, pontua Fernando Bento, CEO e sócio da FMB Investimentos.

Reação das bolsas

Os mercados internacionais também ficaram praticamente inalterados com o documento. No fechamento, o índice Dow Jones fechou em alta de 1,03%, o S&P 500 avançou 0,71%, renovando sua máxima de fechamento, e o Nasdaq marcou alta de 0,60%, aos 18.291,62 pontos como mostra esta matéria.

A ata indicou que todos os dirigentes concordaram com a flexibilização em algum grau, embora parte dos membros tenha cogitado uma redução de apenas 25 pontos-base.

Jefferson Laatus, chefe-estrategista do Grupo Laatus, explica que a visão dos dirigentes favorável ao corte mais agressivo se baseava em um mercado de trabalho que vinha dando sinais de desaceleração. Mas o payroll divulgado na última sexta-feira (04) mostrou um cenário diferente; como mostramos aqui.

“De alguma forma, há uma contradição. A especulação para um novo corte de 50 pontos-base agora na reunião de novembro cai por terra”, avalia Laatus. “Deixa a entender que o Fed errou um pouco na mão no corte muito rápido e que deveriam ter sido um pouco mais conservadores.”

Publicidade

Na quinta-feira (10), investidores vão conhecer ainda o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de setembro nos EUA. Se a inflação se mostrar resistente, é possível esperar por um impacto maior nos mercados.

“Com essa ata, se o CPI vier alto, corrobora que provavelmente não terá corte de juros pelo Fed em novembro e isso vai mexer inclusive com os ativos aqui no Brasil. Com perspectiva de ausência de corte de juros lá fora, o dinheiro vai sair, o dólar vai pra cima e o índice Ibovespa vai continuar indo pra baixo”, explica Laatus.

Informe seu e-mail

Faça com que esse conteúdo ajude mais investidores. Compartilhe com os seus contatos