As ações da Azul passaram por forte turbulência nos últimos dias (Foto: Tupungato em Adobe Stock)
As ações da Azul (AZUL4) disparam na Bolsa nesta terça-feira (08), depois de a companhia anunciar um acordo com seus arrendadores e fabricantes de equipamentos originais (OEMs). Às 10h36, o papel acumulava ganhos de 21,22% no pregão, cotado a R$ 6,97.
O passo já era aguardado pelo mercado, que vinha acompanhando com preocupação à necessidade da Azul de negociar uma dívida de cerca de US$ 600 milhões. Nas últimas semanas, circulou no mercado a notícia de que a companhia estaria se preparando para acionar o Chapter 11 nos Estados Unidos, um mecanismo utilizado por empresas em falência, parecido com o processo de recuperação judicial no Brasil. Isso foi desmentido pela aérea, mas, desde então, investidores acompanham com atenção o desenrolar da situação financeira.
A companhia aérea chegou a ser rebaixada pela agência de classificação de risco Moody’s, de Caa1 para Caa2, uma avaliação utilizada para empresas com alto risco de crédito. Mostramos os detalhes aqui.
Mas a história acaba de ganhar um novo – e positivo – capítulo. A Azul conseguiu chegar a um acordo que engloba 92% das obrigações de emissão de ações existentes. Como parte do plano para fortalecer a geração e caixa e melhoar a estrutura de capital da companhia, os arrendadores e OEMs concodaram em eliminar sua participação pro-rata no saldo atual de emissão de ações, que totalizava R$ 3 bilhões. Em troca, vão receber até 100 milhões em novos ações preferenciais da AZUL4 em uma única emissão.
A conclusão do acordo da Azul ainda depende de alterações em outras obrigações, incluindo a obtenção de financiamente adicional. Mas já foi muito bem recebido pelo mercado.
“Esse acordo é uma peça fundamental no esforço da Azul para fortalecer sua geração de caixa e melhorar sua estrutura de capital, proporcionando alívio financeiro significativo”, avalia a Genial Investimentos. “No entanto, a diluição de até 100 milhões de ações pode ter impacto nos acionistas atuais, ainda que seja um movimento positivo a longo prazo para a sustentabilidade da empresa. O preço de emissão acordado foi de R$ 30,00 por ação, ajustado a partir de um acordo anterior de R$ 36,00, o que implica uma diluição de aproximadamente 22% para os acionistas.”
O Goldman Sachs também viu com bons olhos o acordo. Para os analistas Bruno Amorim e João Frizo, a saída encontrada remove um “overhang” (pressão de baixa) sobre as ações da Azul. O Bradesco BBI avalia ainda que o acordo deve facilitar as negociações da companhia com outros 8% de credores restantes.