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Mercado

Desvalorização da Azul (AZUL4) não dá trégua, mas analistas enxergam uma oportunidade

Enquanto mais de 66% do mercado não recomenda compra para a ação, três casas dizem que o investidor deve aproveitar o momento

Desvalorização da Azul (AZUL4) não dá trégua, mas analistas enxergam uma oportunidade
As ações da Azul passaram por forte turbulência nos últimos dias (Foto: Tupungato em Adobe Stock)
O que este conteúdo fez por você?
  • As ações da Azul bateram sua nova mínima histórica nesta semana, a R$ 4,07
  • O consenso do mercado é que o investidor não deve comprar a ação
  • Ainda assim, três casas recomendam compra para as ações da Azul; veja os motivos e se vale a pena

As ações da Azul (AZUL4) encerraram o pregão da última segunda-feira (9) em uma nova mínima histórica, a R$ 4,07. No acumulado do ano, os ativos da empresa derretem 74,08% até quarta-feira (11), quando fechou o dia a R$ 4,15. A baixa acontece em meio a preocupações do mercado com o endividamento da companhia. Entre os 12 analistas consultados pelo E-Investidor, oito apresentaram recomendação neutra para as ações. Apenas uma casa recomendou a venda do papel e três casas recomendaram a compra.

Na última sexta-feira (6), a Azul disse não haver decisão concreta a respeito das negociações com seus credores, uma vez que as conversas ainda estão em andamento. O comunicado foi uma resposta ao questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgado após a publicação de reportagens que destacavam que a única saída para a empresa evitar a recuperação judicial nos Estados Unidos seria conseguir dinheiro novo com os detentores de títulos de dívida da companhia aérea ainda neste ano.

No entanto, a Azul garantiu que já está elaborando estratégias para a possível entrada de novo capital em 2025. Até agora, a Azul informou que busca levantar capital utilizando a Azul Cargo como garantia, no valor de até US$ 800 milhões. Em entrevista exclusiva ao Broadcast, o CEO da Azul, John Rodgerson, disse que as negociações das dívidas com arrendadores de aviões caminham “muito bem” e devem ser fechadas ainda em setembro.

No entanto, tanto as falas do CEO quanto o novo posicionamento publicado na sexta-feira (6) não agradaram o mercado. As ações da Azul recuam 42,75% entre o dia 28 de agosto e a última quarta-feira (11).

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A queda do papel da Azul é uma resposta dos investidores para a complicada situação em que vive a companhia, visto que o rumores de recuperação judicial ganharam força no fim de agosto. O principal temor do mercado é de que a empresa não consiga fechar o acordo e inevitavelmente caminhe para a RJ. Ainda assim, Ágora Investimentos, Itaú BBA e Goldman Sachs recomendam compra para as ações da Azul. Tudo isso mesmo após o ativo derreter e se manter em queda ao longo das últimas semanas.

Por que a Ágora está otimista com a Azul (AZUL4)?

Os analistas da Ágora Investimentos reafirmaram confiança na empresa após as declarações do CEO de que a Azul segue com negociações construtivas com os arrendadores dos aviões e empenhada em encontrar uma solução final para US$ 570 milhões em passivos de aeronaves.

“Além disso, a Azul tem outras iniciativas para fortalecer sua posição de liquidez, o que pode resultar em uma entrada total de caixa de quase US$ 1,3 bilhão nos próximos meses (ou seja, US$ 800 milhões em novos títulos, US$ 209 milhões do empréstimo do Fundo Garantidor de Infraestrutura - ABGF e US$ 300 milhões da FNAC)”, dizem Wellington Lourenço e Larissa Monte da Ágora Investimentos.

Ou seja, mesmo com a queda recente, os analistas da Ágora Investimentos se mantêm confiantes em relação às ações da Azul, pois estimam que a empresa deve chegar a um acordo e que a aérea tende a se recuperar dessa situação delicada. A Ágora Investimentos recomenda compra para as ações da Azul com preço-alvo de R$ 20 para o fim de 2025, potencial alta de 381,9% na comparação com o fechamento de quarta-feira (11), quando a ação encerrou o pregão a 4,15.

A Azul está recuperando sua lucratividade?

Os analistas do Goldman Sachs reconhecem que a Azul conseguiu recuperar a lucratividade desde a pandemia, o que pode ser visto pelo atual nível de margens Ebitda. Eles também comentam que esse resultado é reflexo do comportamento racional e prudente das três empresas do setor aéreo.

“Acreditamos que isso deve permitir que as empresas aéreas brasileiras resolvam uma maior lucratividade em vista dos custos mais altos”, comentam Bruno Amorim e João Frizo, que assinam o relatório do Goldman Sachs. Eles também afirmam que o fato de o Congresso ter aprovado um projeto de lei que permite que as companhias aéreas acessem linhas de crédito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apoiadas pelo fundo de aviação brasileiro tende a ajudar ainda mais a empresa.

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“Notamos que isso poderia permitir que dívidas mais baratas sejam acessadas pelas companhias aéreas brasileiras e poderia, até certo ponto, reduzir a saída de caixa de curto prazo e diminuir o custo do empréstimo”, apontam Amorim e Frizo. Devido a essa boa melhora da empresa em termos do seu resultado operacional, os analistas acreditam que a ação da Azul está sendo negociada a um preço muito descontado pelo múltiplo Valor da empresa sobre o Ebitda (EV/Ebitda) em 4,4 vezes.

Sendo assim, os analistas recomendam compra para as ações da Azul com preço-alvo de R$ 12,20 para os próximos 12 meses, uma potencial alta de 194% na comparação com o fechamento de quarta-feira (11). Já os analistas do Itaú BBA possuem classificação de outperform, desempenho acima da média do mercado, que é equivalente à compra. O preço-alvo é de R$ 24 até o fim de 2024, uma potencial alta de 478,3% na comparação com o fechamento de quarta-feira (11).

Os especialistas comentam que, embora a companhia tenha apresentado um resultado negativo no segundo trimestre de 2024, boa parte desse resultado foi impactado pelas enchentes no Rio Grande do Sul, que fizeram com que o aeroporto de Porto Alegre ficasse fechado durante o segundo trimestre. A Azul reportou um prejuízo líquido de R$ 3,865 bilhões no segundo trimestre de 2024, revertendo o lucro de R$ 497,9 milhões no mesmo período de 2023.

“O Rio Grande do Sul trouxe cerca de R$ 200 milhões de impacto líquido para a Azul no segundo trimestre, com parte disso relacionada a passagens vendidas com rendimentos baixos durante o trimestre. Isso já se normalizou, e a empresa compartilhou que sua curva de reservas de passagens está mostrando tarifas 27% maiores em agosto em comparação a abril”, esclarecem Gabriel Rezende, Daniel Gasparete e Luiz Capistrano, que assinam o relatório do Itaú BBA.

Qual é a visão do restante do mercado sobre a Azul?

Enquanto BBA, Goldman Sachs e Ágora recomendam compra e estimam altas estratosféricas para as ações da empresa do setor aéreo. O consenso do mercado é de que o investidor não deve comprar o ativo neste momento. A tese geral é de uma recomendação neutra. Para analistas do BTG Pactual, o risco de endividamento da Azul deve continuar sendo um fator preocupante. O banco tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 17 para os próximos 12 meses, alta de 309,6% na comparação com o fechamento de quarta-feira.

A alavancagem da Azul foi de 3,7 vezes no primeiro trimestre de 2024 para 4,5 vezes no segundo trimestre de 2024, piora de 0,8 vez na comparação entre os dois trimestres. Segundo a companhia, essa alta aconteceu devido à desvalorização de 11,7% no final do período do real em relação ao dólar americano no segundo trimestre.

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Para os analistas do JPMorgan, a companhia está em um “ponto crítico” e de alto risco para o investidor. Isso porque, caso as negociações não deem certo com os arrendadores, a empresa caminha para uma recuperação judicial iminente nos EUA. Em meio a essas complicações, os analistas preferem a recomendação neutra.

Em função desse fator de risco da recuperação judicial, os analistas cortaram o preço-alvo das ações da companhia de R$ 19 para R$ 8,50 para dezembro de 2025 em relatório publicado no dia 9 de setembro. A nova cifra equivale a uma potencial alta de 104,8% na comparação com o fechamento de quarta. Outras seis casas possuem recomendação neutra para a Azul justamente pelos mesmo motivos. São elas: Santander, BB Investimentos, Barclays, Genial Investimentos, UBS BB e XP Investimentos. Já o BofA tem recomendação de venda, justamente pelos problemas que a empresa vem enfrentado.

De modo geral, se o investidor for mais cauteloso e não busca grandes riscos para a sua carteira, o ideal é não comprar a ação da companhia agora. No entanto, se o investidor quiser destinar um pequeno espaço de sua carteira para comprar as ações da Azul (AZUL4) em busca de grandes retornos, com até 478,3% de alta estimada pelo Itaú BBA, sabendo dos riscos e dos problemas que o ativo oferece, essa pode ser uma boa oportunidade para aumentar o patrimônio exponencialmente.

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