Cai um dos últimos calls de compra: Citi rebaixa Banco do Brasil (BBAS3) e vê recuperação demorada
Tese do Citi para a estatal se baseava na expectativa de uma melhora já no 4T25, mas nova revisão do guidance feita pela administração indica que a recuperação não deve acontecer tão rapidamente
Banco do Brasil (BBAS3) divulga balanço do 3T25 e resultados mostram lucro abaixo do esperado (Foto: Adobe Stock)
O Citi era um dos únicos grandes bancos de investimento que ainda mantinha a recomendação de compra para as ações do Banco do Brasil (BBAS3), mesmo após o espiral negativo que tomou a companhia nos últimos trimestres e levou boa parte das casas a rebaixar as estimativas para os papéis do banco estatal. Nesta quinta-feira (13), após a divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2025 (3T25), o Citi resolveu se juntar ao grupo menos otimista.
A instituição rebaixou as ações do BB de compra para neutro, reduzindo o preço-alvo de R$ 29 para R$ 23. O grande motivo para o Citi dar um passo atrás foram as despesas maiores com provisões, disse o banco em relatório. O 3T25 foi operacionalmente mais fraco e preocupante em termos de qualidade dos ativos, com queda do índice de cobertura e deterioração da carteira da pessoa física. Demos os detalhes aqui.
O BB reduziu as estimativas (guidance) de lucro pela segunda vez no ano e agora espera um ganho líquido entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões em 2025, abaixo da faixa anterior, que ia de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões. Já as provisões para Devedores Duvidosos (PDD) também foram revisadas, saindo de R$ 53 bilhões a R$ 56 bilhões para R$ 59 bilhões a R$ 62 bilhões.
“Acreditamos que isso indica baixa visibilidade para os próximos trimestres, enquanto o impacto positivo das renegociações sobre os lucros deve demorar a se materializar — o que era um ponto central da nossa tese anterior”, diz o Citi.
O banco tinha elevado a recomendação de BBAS3 para compra em setembro, logo após o 2T25 quando a administração do Banco do Brasil revisou pela primeira vez o guidance (depois de suspendê-lo na revelação dos resultados do 1T25). À época, o Citi entendia que as estimativas feitas pela estatal embutiam um 3T25 mais fraco, mas projetavam uma melhora no custo de risco que se traduziria em um lucro líquido substancialmente maior no 4T25. Valia a pena esperar pela melhora.
O fim da paciência do Citi com BBAS3
Porém, a nova revisão do guidance feita pela administração da estatal na noite da quarta-feira (12), junto à divulgação do balanço do 3T25, fez o Citi desistir dessa tese, entendendo, agora, que a melhora deve demorar mais do que se esperava.
“Além da nova revisão — que aponta para maiores despesas com provisões no ano e um lucro líquido R$3 bilhões menor — observamos dados de qualidade de ativos ainda preocupantes. Assim, acreditamos que os possíveis efeitos positivos das renegociações de crédito rural devem demorar mais (do que esperávamos anteriormente) para contribuir com a rentabilidade do banco em 2026″, disse no relatório.
Nesse novo contexto, o Citi entende que os múltiplos de 0,7 vezes preço sobre valor patrimonial da ação (P/VPA) para o ROE de 12,5% que projeta para o BB em 2026 parecem “justamente precificados” atualmente.
No início da tarde desta quinta-feira (13), a ação BBAS3tinha queda de 2,85%, cotada a R$ 22,15. Acompanhe abaixo a cotação em tempo real dos papéis do Banco do Brasil após a divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2025 (3T25):