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Como o agro pode comprometer o lucro do BB (BBAS3) em 2025; veja impactos nos dividendos

Inadimplência do agronegócio pesa no balanço; analistas fazem suas estimativas para os dividendos do banco

Como o agro pode comprometer o lucro do BB (BBAS3) em 2025; veja impactos nos dividendos
Desaceleração dos resultados da empresa preocupa o mercado (Foto: Banco do Brasil/Divulgação)
  • Analistas concordam que o resultado do Banco do Brasil foi ruim devido à piora da inadimplência
  • Especialistas que recomendam compra dizem que a ação está muito barata em relação ao seu potencial de pagamento de dividendos
  • Veja as estimativas de quanto o Banco do Brasil pode pagar em dividendos

O Banco do Brasil (BBAS3) reportou lucro líquido ajustado de R$ 9,5 bilhões no terceiro trimestre de 2024, alta de 8,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. Para analistas do mercado financeiro, o resultado foi negativo e modesto em um trimestre marcado pela piora da inadimplência e provisões do segmento do agronegócio.

Segundo os analistas do Banco Safra, os números foram ruins e, para piorar a situação, o banco fez a revisão das Provisões para Devedores Duvidosos (PDD) da faixa entre R$ 31 bilhões e R$ 34 bilhões para perdas de R$ 34 bilhões a R$ 37 bilhões. “Embora alguma pressão sobre provisões relacionadas ao segmento rural já fosse esperada, sua extensão foi uma surpresa negativa, e outra revisão sequencial da orientação implica que a linha também deve permanecer sob estresse no quarto trimestre de 2024”, apontam os analistas.

A PDD do Banco do Brasil foi de R$ 10 bilhões, piora de 34,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. A inadimplência acima de 90 dias ficou em 3,3% no terceiro trimestre de 2024, crescimento de 0,5 ponto porcentual em relação ao mesmo período do ano passado. A piora foi puxada pelo salto da inadimplência do agronegócio, que foi de 0,71% no terceiro trimestre de 2023 para 1,97% no terceiro trimestre de 2024, alta de 1,23 ponto porcentual.

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Na visão dos analistas da Genial Investimentos, mesmo com essa piora acima do esperado neste trimestre, o cenário para o quarto trimestre tende a ser melhor parao banco com a redução no custo de crédito e maior aceleração na concessão de crédito. “No entanto, a deterioração do segmento agro e uma alíquota de imposto baixa e não sustentável devem pesar na reação do mercado”, explicam Eduardo Nishio e sua equipe composta por mais quatro analistas da Genial.

Embora as provisões tenham chamado a atenção do mercado, a XP Investimentos lembra que nem tudo foi ruim no balanço do Banco do Brasil. Os analistas dizem que o resultado foi negativo, mas que houve um grande destaque positivo, que foi a margem financeira de clientes, que aumentou 9,3% entre o terceiro trimestre de 2023 e o terceiro trimestre de 2024.

“Esse desempenho reflete um melhor mix de financiamento e margem de crédito. No lado da margem com o mercado, houve uma alta de 63,3% na base anual, influenciada pela carteira de títulos do Banco Patagônia. Nos primeiros nove meses de 2024, a margem financeira gerencial subiu 13,9%, ligeiramente acima do limite superior da faixa projetada pelo Banco do Brasil, que era de 10,0% a 13,0%”, afirmam Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre, que assinam o relatório da XP.

Para a Ágora Investimentos e Bradesco BBI, os números vieram abaixo do esperado, mas o lucro do banco estatal ainda ficou dentro da expectativa. Isso porque, mesmo após a inadimplência, ter causado uma piora nas provisões. Eles dizem acreditar que o Banco do Brasil apresentou tendências desafiadoras, apesar de um lucro líquido amplamente em linha com as expectativas.

“Do lado positivo, notamos as melhores despesas operacionais, que também levaram à revisão da orientação, enquanto o portfólio do Banco do Brasil continua crescendo próximo ao limite superior da orientação da administração, em 11% em base anual (contra a orientação de 8 a 12%)”, explicam Francisco Navarrete do Bradesco BBI e Renato Chanes da Ágora Investimentos em relatório conjunto.

O que esperar dos dividendos do Banco do Brasil?

Embora a companhia tenha apresentado um resultado que não agrade o mercado e revisado as provisões para cima, os analistas ainda estimam que o pagamento de dividendos do Banco do Brasil tende a ser expressivo para o investidor. A Ágora Investimentos calcula que o dividend yield de Banco do Brasil (rendimento da ação em dividendos) tende a ser de 10,6% em 2025. Já a Genial Investimentos estima que o Banco do Brasil deve pagar cerca de 10,3% do seu valor de mercado em dividendos para o investidor. A XP segue a mesma linha e diz que o pagamento de proventos da companhia tende a ser robusto e de dois dígitos.

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No entanto, mesmo com a visão de bons dividendos para a empresa, os analistas possuem recomendações diferentes para o papel. A Genial  e a XP  estão otimistas com o Banco do Brasil. A XP reafirma a sua visão de que o BB continua negociando a múltiplos com desconto e mantém sua recomendação de compra para o Banco do Brasil. A corretora possui preço-alvo de R$ 36,50 para os próximos 12 meses, uma potencial alta de 40,66% na comparação com o fechamento de quarta-feira (13), quando a ação encerrou o pregão a R$ 25,95.

A Genial também recomenda compra com preço-alvo de R$ 34 para o fim de 2024, uma potencial alta de 31,02% na comparação com o fechamento de quarta-feira (13). “Apesar da piora na qualidade do lucro trimestral, continuamos vendo a companhia em um nível de rentabilidade interessante, sendo um dos melhores resultados dentre os incumbentes, tanto em termos de lucro quanto de rentabilidade. Além disso, vemos as ações BBAS3 em múltiplos bem atrativos”, dizem Eduardo Nishio e sua equipe composta por mais quatro analistas da Genial.

Já a Ágora Investimentos e o Safra não recomendam compra para a ação. Os analistas da Ágora Investimentos possuem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 32 para o fim de 2025, alta de 23,3% em relação ao fechamento de quarta-feira (13), quando a ação encerrou o dia cotada a R$ 25,95. Os analistas comentam que, mesmo com o dividendo de dois dígitos, o resultado não foi tão atrativo, o que pode causar volatilidade nas ações.

A equipe do Safra tem a mesma visão, com recomendação neutra e orientação de que o melhor é o investidor comprar as ações do Itaú Unibanco (ITUB4) e BB Seguridade (BBSE3), as quais são as suas favoritas do setor bancário e de seguros. Ou seja, em linhas gerais, o investidor que se interessa por Banco do Brasil (BBAS3) precisa escolher entre ter dividendos de dois dígitos com as ações voláteis ou ir para outras empresas para ter dividendos menores ecom as ações mais estáveis. Esse fator dependerá do perfil de cada pessoa.

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