Sede do Banco do Brasil, em Brasília: estatal concentra 32% do crédito rural e sente mais o impacto da crise no agronegócio. (Foto: Adobe Stock)
O Banco do Brasil (BBAS3) terá um caminho lento para a recuperação, com a inadimplência do agronegócio continuando sob pressão, além das carteiras de Pessoa Física (PF) e Pequenas e Médias Empresas (PMEs) em níveis piores devido ao cenário macroeconômico de juro elevado. Essa é a visão de analistas da XP Investimentos em relatório enviado aos clientes nesta sexta-feira (12).
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Os analistas esperam que o setor agro continue sob pressão, impulsionado por grandes produtores no Mato Grosso (MT) que estão bem capitalizados, apesar da comercialização de grãos atrasada, enquanto margens apertadas continuam pesando fortemente sobre produtores menores ou mais alavancados. Além disso, a corretora estima que o Banco do Brasil tende a ter uma proporção maior de garantias júnior em meio à intensificação da concorrência e ao aumento de Recuperações Judiciais.
A corretora espera que a inadimplência do agro permaneça pressionada, potencialmente normalizando em níveis piores do que nos últimos anos. Além disso, eles estimam que a maior pressão sobre as outras carteiras do banco devido à desaceleração macroeconômica, impulsionada pelas altas taxas de juros.
“Consequentemente, no 2° semestre de 2025, projetamos uma provisão para perdas esperadas de R$ 33 bilhões, o que levaria as provisões totais do ano além do limite do topo da projeção (guidance) de R$ 51 bilhões a R$ 56 bilhões”, calculam Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães, que assinam o relatório da XP.
Eles lembram ainda da a Medida Provisória 1.314, a qual autoriza fontes de financiamento para linhas de crédito rural para liquidar ou amortizar dívidas de produtores afetados por eventos adversos. Para os analistas, isso pode beneficiar o Banco do Brasil, reduzindo potencialmente a inadimplência do agronegócio e auxiliando os indicadores de capital.
Devido ao aumento da inadimplência e do custo do risco, a XP espera pressão contínua sobre a margem financeira líquida e a um índice de eficiência que deve permanecer estável. Por causa disso, a corretora reduziu suas estimativas de lucro líquido para 2025 de R$ 26 bilhões para R$ 20,6 bilhões, baixa de 21%. Já para 2026 a perspectiva foi de R$ 27,93 bilhões para R$ 23,33 bilhões, recuo 16%.
“Como resultado, agora esperamos uma rentabilidade, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês), de 11% para 2025, com retornos se aproximando do custo de capital apenas nos próximos anos. Estimamos dividendos suficientes no terceiro e quarto trimestres para alcançar um payout de 30% no ano, implicando um retorno em dividendos (dividend yield) de 4,8%”, explicam Guttmann e Guimarães.
Por causa desses fatores, a XP vê pouca atratividade nas ações BBAS3, com o ROE chegando a 14,2% em 2027 e os dividendos retornando ao patamar de dois dígitos, a 11,3%, somente em 2030. Sendo assim, a XP tem recomendação neutra para o Banco do Brasil (BBAS3) com preço-alvo de R$ 25, alta de 13% na comparação com o último fechamento.