

O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou, na noite da última quinta-feira (14), o esperado balanço do 2º trimestre de 2025. Como era temido pelo mercado, a instituição financeira apresentou resultados piores em várias linhas do balanço.
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O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou, na noite da última quinta-feira (14), o esperado balanço do 2º trimestre de 2025. Como era temido pelo mercado, a instituição financeira apresentou resultados piores em várias linhas do balanço.
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No período, o lucro líquido caiu 60,2% na comparação com o 2º trimestre de 2024, para R$ 3,8 bilhões. A pressão sobre a carteira de crédito pelo aumento da inadimplência do setor de agronegócio também não passou despercebido. Neste segmento, os débitos não pagos chegaram a 3,49% do portfólio, quase o triplo do registrado há um ano. Por outro lado, a rentabilidade (ROE) do BB afundou para 8,4%, ante 21,6% há 12 meses.
O salto das recuperações judiciais no agronegócio, questões de sazonalidade e o modelo de crédito oferecido pelo BB aos produtores criaram a tempestade perfeita para a piora brusca dos números, como explicamos em detalhes nesta matéria.
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Entretanto, Felipe Prince, vice-presidente de controles internos e gestão de risco do Banco do Brasil, traça uma perspectiva melhor para frente. O executivo espera que até junho do ano que vem a inadimplência do agro caia para a faixa entre 2% e 2,5% – uma expectativa factível para os analistas consultados pelo E-Investidor, ainda que não seja considerada uma meta trivial.
“É possível, mas desafiador. Dependerá não só de uma gestão interna eficiente, como de fatores externos no agronegócio, que têm alta volatilidade. O principal ponto será reduzir concessões de risco, renegociar dívidas, reforçar monitoramento e mostrar queda gradual já a partir do 4º trimestre de 2025 para ganhar a credibilidade esperada pelos investidores”, apontou Sidney Lima, analista da Ouro Preto investimentos.
Entre as questões externas relacionadas ao agronegócio, está a manutenção da boa performance nas exportações e do cenário macroeconômico, com juros e inflação controlados. “O prazo até meados de 2026 é razoável para uma redução gradual da inadimplência, considerando que parte desse movimento depende da normalização do ciclo de crédito e da recuperação de produtores impactados por fatores climáticos e de preços”, destaca Carlos Braga, CEO do Grupo Studio.
Gustavo Moreira, planejador financeiro CPF e especialista em investimentos, vê uma conjuntura “dividida” para o agronegócio, com parte do cenário a favor dado a previsão de safra recorde e uma postura mais ativa do Banco do Brasil na recuperação de créditos, e parte contra, considerando as oscilações climáticas e instabilidade nos preços de commodities. “É uma meta ousada, mas não impossível”, diz.
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Já Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, aposta em um 4º trimestre de recuperação para o Banco do Brasil, principalmente considerando o efeito da sazonalidade. No período de safra, entre o final de fevereiro e maio, é esperado uma inadimplência mais alta. Já durante a colheita, no terceiro trimestre, o desempenho tende a ser superior. Na visão de Eyng, só esse fato deve gerar um impacto positivo para os próximos balanços.
Para os especialistas consultados pelo E-Investidor, o Banco do Brasil segue como oportunidade, mas para quem tem visão de longo prazo. Um dos pontos para esse reposicionamento é a revisão das expectativas para pagamentos de dividendos, um dos atrativos da tese de investimento no banco.
Com todo o impacto sobre os números, o BB anunciou em fato relevante publicado simultaneamente aos resultados uma redução no percentual do lucro distribuído aos acionistas para 30% em 2025. Antes, o “payout” projetado estava entre 40% e 45%.
“Para quem aceita mais risco pode fazer sentido, desde que a execução da meta seja consistente e focada no aumento esperado para o preço da ação no longo prazo”, aponta Lima, analista da Ouro Preto investimentos.
Evandro Medeiros, analista CNPI da Suno Research, vê os papéis como oportunidade de retornos expressivos, mas para quem tem “paciência” e consegue manter o investimento por um prazo de pelo menos três anos.
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Ele ressalta que, apesar do momento desfavorável, o BB dispõe de uma base de depositantes fiel e que cobra pouco para financiar o banco (69% do CDI no 2T25), além de ser referência no segmento financeiro. Em outras palavras, não é um ação para se ignorar.
“O Banco do Brasil possui uma seguradora enorme (BB Seguros), a maior gestora da América Latina (BB Asset) e uma operação de crédito pouco rentável, mas que ainda gera um retorno razoável sobre o patrimônio líquido”, avalia Medeiros. “A questão da inadimplência é cíclica e eventualmente quando as commodities reagirem teremos melhora da carteira agro do BB.”
Já o João Abdouni, analista da Levante Inside Corp, segue com recomendação de compra para BBAS3, pensando em um cenário benigno em 2026, com lucro de R$ 27,6 bilhões e dividendos de 40% deste montante. “Isso daria R$ 1,93 por ação em dividendos, algo em torno de 10% de rendimento em dividendos (DY) no ano.”
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