Ações do Banco do Brasil (BBAS3) tombam após balanço. Foto: Adobe Stock
A XP Investimentos rebaixou a recomendação para as ações do Banco do Brasil (BBAS3) para ‘neutro’ e cortou o preço-alvo de R$ 41 para R$ 32 por ação. A mudança ocorreu após a corretora detectar ‘um elevado grau de incerteza’ na companhia com a divulgação do balanço do primeiro trimestre de 2025 e a sinalização das perspectivas dos executivos da companhia para os próximos trimestres.
A corretora diz que revisou o lucro do Banco do Brasil de 2025 para R$ 28 bilhões, enquanto em 2026 a expectativa é de que o BB lucre R$ 30 bilhões, uma redução de 29% nas estimativas da XP. “A redução em 2025 é amplamente explicada por uma queda de 12% na receita líquida de juros, juntamente com um custo de crédito 9% maior. No entanto, o consenso de mercado para o Lucro Líquido permanece em R$ 35 bilhões, que, em nossa opinião, ainda será revisado para baixo para refletir as mensagens mais pessimistas compartilhadas pela administração do banco”, dizem Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães, que assinam o relatório da XP.
A empresa teve dois grandes problemas no trimestre. O primeiro foi a norma 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que obrigou a companhia a adiantar suas provisões, o que causou uma perda de R$ 1 bilhão. Os executivos da empresa também disseram, em coletiva com a imprensa, que a inadimplência do agronegócio, que pesou sobre o balanço, ainda deve continuar no segundo trimestre, o que foi um fator crucial para a não divulgação de uma nova projeção da própria empresa para lucros e receitas.
Para a XP, esses são fatores que elevam a incerteza sobre a ação BBAS3, visto que a piora superou as estimativas iniciais do BB. “Consequentemente, os executivos perderam seu ponto de referência para provisionamento, levando à suspensão desse guidance. Além dos impactos técnicos, isso reflete um declínio econômico real na qualidade dos ativos, sugerindo que algum suporte governamental ou regulatório pode ser necessário”, explicam Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães.
Em meio a redução de expectativas de lucros e receitas, a corretora também reduziu suas estimativas de rendimento em dividendos do Banco do Brasil de 11,2% para 8,2% para 2025. “Em conjunto, essas mudanças sinalizam um enfraquecimento do momento da ação, levando-nos a rebaixar nossa classificação para neutro”, dizem os especialistas.