Para a Ágora Investimentos, o Itaú (ITUB4) será o grande vencedor do trimestre, com lucro líquido de R$ 11,1 bilhões entre janeiro e março de 2025, alta de 13,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. A corretora estima que a rentabilidade do Itaú, medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), deve ficar em 22,4%, crescimento de 0,5 ponto porcentual.
“O balanço do Itaú deve refletir uma expansão de margem mais lenta no primeiro trimestre de 2025 devido ao menor número de dias corridos, sem grandes surpresas nas demais linhas. Esperamos que as tarifas e despesas operacionais sigam as tendências sazonais”, dizem Marcelo Mizrahi do Bradesco BBI e Renato Chanes da Ágora Investimentos, que assinam o relatório.
Eduardo Nishio, head da área de Research da Genial Investimentos, afirma que o Itaú terá melhor balanço entre os quatro bancões. Ele também estima que o banco deve reportar um lucro líquido de R$ 11,1 bilhões com uma rentabilidade (ROE) de 21,7%. “O banco segue blindado frente à nova resolução 4966, sendo o único grande player sem impactos visíveis no capital ou no resultado nesta virada para o novo modelo de provisões por perdas esperadas”, argumenta.
A XP também concorda com a tese de que Itaú será o grande destaque do 1º tri dos bancos. No entanto, os analistas lembram que o período é marcado por menor crescimento da carteira pessoa física e ligeira piora na qualidade de crédito. Para 2025, a corretora espera impacto relevante do câmbio na carteira em moeda estrangeira e efeito negativo no crédito consignado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por causa do teto de juros. “Ainda assim, mantemos uma visão positiva para o lucro do banco neste ano: a margem financeira bruta deve subir 9% na comparação anual e chegar a R$ 29,3 bilhões no primeiro trimestre de 2025”, diz Bernardo Guttmann.
Banco do Brasil terá o pior resultado, mas números devem continuar fortes
O Banco do Brasil terá o pior resultado entre os bancos, mas não deve apresentar os números fracos em seu resultado, dizem os especialistas. Explicam que a empresa vinha apresentando “indicadores excelentes” de rentabilidade e lucratividade. Eduardo Nishio, da Genial, pondera que a inadimplência do Banco do Brasil no agronegócio deve pesar novamente neste trimestre, fazendo com que os calotes sofridos pelo banco cheguem a 3,5% no primeiro trimestre de 2025, alta de 0,61 ponto porcentual em relação ao ano anterior. O custo do crédito deve atingir a faixa dos R$ 10 bilhões, alta de 17,8% em um ano. Essa piora deve ocorrer em função da resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que exige mais provisionamento dos bancos.
Nishio calcula que o Banco do Brasil deve apresentar um lucro líquido de R$ 8,9 bilhões no primeiro trimestre de 2025, recuo de 4,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. A rentabilidade do Banco do Brasil, medida pelo ROE, deve ficar em 18,6%, queda de 2,51 pontos porcentuais na comparação com o mesmo período do ano anterior. A Ágora Investimentos segue a mesma linha e estima que a companhia deve entregar um ROE de 18,6%. O lucro estimado pela corretora é um pouco menor, de R$ 8,7 bilhões, baixa de 9% na comparação com o mesmo período do ano passado. O motivo para a desaceleração é o mesmo: a inadimplência do agronegócio.
Bernardo Guttmann, da XP, estima um lucro de R$ 9,5 bilhões, alta de 2% em um ano, com um ROE de 20,9%. O ambiente de juros mais altos, segundo ele, deve melhorar os retornos, mas o custo de financiamento também pode subir. Isso fará com que o banco tenha uma margem financeira estável, com uma alta de 5% em um ano, para R$ 27 bilhões. “De forma geral, embora a primeira metade do ano deva continuar pressionada, esperamos uma melhora ao longo de 2025, permitindo que o lucro líquido feche no projetado pelo banco”, diz Bernardo Guttmann.
Bradesco e Santander seguem como coadjuvantes
Se o Itaú será o destaque positivo e o BB o negativo, Bradesco e Santander devem seguir como o esperado no consenso dos analistas. Milton Rabelo, analista da VG Research, projeta resultados mais mornos desses dois banco, com leve retração na rentabilidade do Santander números parecidos com o quarto trimestre de 2024 do Bradesco, mesmo com os efeitos negativos da sazonalidade dos primeiros trimestres do ano.
A XP Investimentos estima um lucro de R$ 5,3 bilhões para o Bradesco, alta de 26%. O ROE do banco deve ficar em 13%, acréscimo de 2,4 pontos porcentuais, mas ainda abaixo do custo de capital, fazendo com que os analistas tenham recomendação neutra. “Apesar do cenário macro menos favorável, seguimos construtivos com a trajetória de recuperação gradual do ROE”, diz Bernardo Guttmann. A Genial estima lucro de R$ 5,4 bilhões para o Bradesco, alta de 28,7% com ROE de 13,39%. “A alta do lucro do Bradesco é relevante, mas a base de comparação anual desse indicador do banco é baixa”, diz Nishio.
No caso do Santander, a Genial estima que o banco tende a ser impactado pela nova resolução da CMN, o que deve fazer com que a companhia reporte um aumento nas provisões. A corretora estima que o banco deve apresentar uma alta de 3,6% nas provisões na comparação anual. Ainda assim, a estimativa é de um lucro líquido de R$ 3,8 bilhões, crescimento de 25,8%. Já a XP calcula um crescimento de 20% para o lucro do Santander, que deve ficar em R$ 3,6 bilhões.
A Ágora Investimentos explica que essa melhora no lucro, mesmo com as provisões em alta, deve acontecer com as despesas menores que o banco deve reportar neste último trimestre. Os analistas estimam lucro líquido de R$ 3,8 bilhões, com ROE de 16,4% para o Santander neste primeiro trimestre de 2025. A rentabilidade estimada de 16,4% apresenta uma desaceleração do banco em relação ao trimestre anterior, o ponto negativo do balanço na visão dos analistas.
Qual é a melhor ação de banco para ter na carteira agora?
O consenso dos analistas é de que o Banco do Brasil terá o dividend yield (rendimento em dividendos) mais atrativo entre os pares. No entanto, a preferência dos especialistas é pela ação do Itaú. As estimativas para os dividendos do Banco do Brasil são de um retorno entre 10,8% (Ágora Investimentos) e 9,9% (Genial Investimentos). Já para o Itaú as estimativas são de um retorno máximo de 9,6% (XP Investimentos) e mínimo de 6% (Genial Investimentos).
Bernardo Guttmann, da XP Investimentos, prefere o Itaú por uma questão técnica do balanço. O banco privado tem uma rentabilidade maior e pode apresentar um balanço melhor que o Banco do Brasil, o que não deve causar pressão no preço da ação da companhia gerida por Milton Maluhy Filho. O especialista reforça, no entanto, que também possui recomendação de compra para o Banco do Brasil, pois a empresa está atrativa para o investidor.
Segundo Eduardo Nishio, da Genial, outras projeções são mais importantes, como crescimento do lucro. Para o BB, ele projeta um crescimento de 5% do lucro com um retorno em dividendo de 9,9%, o que deve gerar um retorno de 14,9% em 2025. Para o Itaú o crescimento do lucro é estimado em 12% com um rendimento em dividendo de 6%, um avanço total de 18% em 2025.
Mas o especialista sugere que se o investidor quiser ter exposição ao Itaú, o melhor é aportar na Itaúsa (ITSA4). A ação da controladora do Itaú está mais barata e deve proporcionar maior retorno em dividendos, na faixa de 8,7%. “É melhor olhar para o Banco do Brasil um pouco mais à frente, quando a rentabilidade, medida pelo ROE, estiver voltando para cima dos 20%”, explica Nishio.
O melhor neste momento, reforçam os analistas, é aportar na empresa apontada como a campeã dos balanços dos bancos. O investidor pode escolher pela entrada da ação do próprio Itaú ou pela entrada via Itaúsa. Os especialistas também recomendam compra para o Banco do Brasil se o foco for somente os dividendos: o banco estatal deve pagar o maior retorno em relação ao preço de sua ação.