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- Para os consumidores brasileiros, a medida representa uma queda de 20% no valor da conta de luz, que deve permanecer até o final do ano
- Além de baratear a conta e aliviar o bolso dos consumidores, a bandeira verde na conta de luz dá um sinal positivo quanto ao risco hidrológico
- A notícia também é boa para as empresas do setor de energia, avaliam analistas
Começou a valer, no sábado (16), a tarifa de bandeira verde na energia elétrica. Para os consumidores brasileiros, a medida representa uma queda de 20% no valor da conta de luz e deve permanecer até o final do ano, de acordo com o Ministério de Minas e Energia.
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Desde setembro do ano passado incide sobre as cobranças de energia a bandeira Escassez Hídrica, um acréscimo de R$ 14,20 por cada 100 kWh consumidos no mês. Na época, o valor extra foi estabelecido pelo Governo Federal como uma maneira de compensar os custos de energia, mais elevados em decorrência da escassez de chuvas.
Além de baratear a conta e aliviar o bolso dos consumidores, a bandeira verde na conta de luz dá um sinal positivo quanto ao risco hidrológico: a temporada de chuvas deste ano foi suficiente para afastar de vez o risco de racionamento de energia.
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A notícia também é boa para as empresas do setor de energia, avaliam analistas. “A volta para a bandeira verde vai ser vista pelo mercado positivamente, como um sinal de que o equilíbrio de oferta e demanda de energia está voltando ao normal, e isso sempre é bom para o setor como um todo. Mas não tem maiores impactos no equilíbrio econômico e financeiro das empresas, principalmente das distribuidoras que eram as mais afetadas pelo regime de bandeiras”, diz Luiz Fernando Araújo, CEO da Finacap Investimentos.
Matheus Spiess, analista de investimentos da Empiricus, afirma que existe uma percepção equivocada de que a tarifa mais barata seja ruim para o setor energético brasileiro. Mas não é assim. “A matriz energética brasileira é predominantemente hidrelétrica. Nesse caso, a bandeira verde significa mais águas nos reservatórios e, portanto, mais receita para as empresas, menor risco de não gerar energia e menor necessidade de ter capital para eventuais problemas”, explica.
Ricardo França, analista da Ágora Investimentos, destaca que a redução tarifária é boa para o setor, trazendo mensagens importantes. As geradoras que, no passado, não estavam conseguindo gerar a energia suficiente para cobrir os seus contratos, vão conseguir se recuperar com a melhora no nível dos reservatórios.
“Já para as distribuidoras de energia tem uma sinalização boa, porque barateando o custo da energia isso pode estimular o aumento do consumo, e elas ganham por volume. E também você acaba reduzindo um pouco o preço da tarifa e evita um risco de piora de indicadores como inadimplência ou, por exemplo, furto de energia”, diz França.
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Para Leandro Saliba, head de renda variável da AF Invest, o impacto positivo se dá, ainda, do lado do consumidor: “A conta de luz fica menor para o consumidor e isso ajuda a reduzir a inadimplência. A conta vai diminuir em aproximadamente R$ 71 para quem gasta cerca de 500 kWh no mês,”.
Olhando para o lado do investidor, embora a bandeira verde não signifique, necessariamente, uma melhora nos resultados das empresas, o setor elétrico segue como uma boa opção para a alocação dos recursos. Para Saliba, são empresas muito atrativas para o investidor. “Lá atrás, as empresas de energia caíram muito por conta da crise hídrica e ainda não se recuperaram totalmente. Mas à medida que os juros forem caindo, é um setor que tende a valorizar bem para frente”.
França, da Ágora, concorda: “É um setor que tem boas oportunidades. Sobretudo em ano com muitas volatilidades no mercado, é um setor mais resiliente, mais previsível. Algumas empresas do setor pagam bons dividendos, o que é interessante principalmente no cenário de juros em alta que estamos vivendo”, diz.
Na Empiricus, Matheus Spiess lembra que algumas companhias podem sair prejudicadas, como geradoras térmicas, que estavam com contratos extras para suprir a oferta. “A Eneva, por exemplo, é uma geradora térmica, a gás, que estava sendo sobrecontratada para suprir a falta de energia pelas hidrelétricas. Mas, tirando o cenário para térmicas, é um cenário benigno para o setor”, pontua o analista.
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Além das empresas de distribuição, que não sofrem muita diferença em termos de resultado já que repassam o custo de energia ao consumidor, Spiess destaca as teses das transmissoras, menos voláteis aos riscos hidrológicos.