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![Veja o que esperar dos dividendos do Bradesco após balanço do quarto trimestre de 2025 (Foto: Adobe Stock)](https://einvestidor.estadao.com.br/wp-content/uploads/2025/02/bradesco-bbdc4-analise-balanco-4t24-guidance-2025_070220255207-710x473.webp)
As ações do Bradesco (BBDC4) recuam no pregão desta sexta-feira (7) após a companhia divulgar seu balanço do quarto trimestre de 2024 e revelar suas projeções para 2025 (guidance). O banco de Osasco reportou lucro líquido recorrente de R$ 5,402 bilhões no quarto trimestre de 2024, resultado 87,7% maior que o do mesmo intervalo do ano anterior. Analistas do mercado financeiro disseram que os números vieram em linha com o esperado, mas comentaram que o guidance conservador pode deixar a recuperação do banco mais lenta.
Às 15h30 as ações do Bradesco recuavam 3,13%, a R$ 12,09. Para os analistas da XP Investimentos, o banco reportou um resultado neutro e em linha com o consenso do mercado. O lucro líquido de R$ 5,4 bilhões ficou 3% acima do esperado pelos analistas. Na visão dos especialistas, a alta aconteceu devido ao forte resultado da margem com o mercado, refletindo ganhos de arbitragem.
“O banco manteve sua trajetória de recuperação da rentabilidade, atingindo um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) de 12,7%. A carteira de crédito voltou a acelerar, crescendo 4% na comparação entre o terceiro trimestre de 2024 e o quarto trimestre de 2024, permitindo ao banco atingir seu guidance para o ano”, dizem Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre, que assinam o relatório da XP.
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Para Bruno Benassi, analista de Ativos da corretora Monte Bravo, o destaque positivo foram a expansão da carteira de crédito do Bradesco, manutenção da qualidade de crédito, resultado no braço de seguros e o desempenho de receitas de serviços. “Ponto negativo é que o banco continua numa trajetória de evolução mais lenta que os pares em relação à recuperação de rentabilidade, movimento que deve continuar em 2025 com o guidance que foi divulgado”, diz o especialista.
Já Evandro Medeiros, analista da Suno, relata que o índice de cobertura, que mensura quanto há de provisão frente à inadimplência de 90 dias, está em 169%. O especialista considera o nível relativamente baixo, sobretudo quando comparado a seus pares. Se a inadimplência se acomodar ao longo do ano, ele espera melhora na cobertura.
“No lado negativo, as despesas encerraram o ano crescendo 7,5%, excluindo a Cielo, uma elevação acima do dissídio coletivo concedido aos bancários de 4,6%. Em termos de alavancagem, o Bradesco está saudável, com um índice de capital principal de 10,9%, bastante acima do mínimo regulatório de 8%”, diz Medeiros.
CEO do Bradesco projeta 2025 conservador com alta de juros
Grande parte do receio dos analistas vem das projeções próprio banco com o seu crescimento de receitas e produtos para 2025. A companhia divulgou um guidance de 2025 e estima crescer a carteira de crédito entre 4% e 8% em 2025. A margem financeira líquida de provisões entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões. As receitas com operações de serviços deve subir entre 4% e 8%. As despesas operacionais devem crescer entre 5% e 9% e os resultados com operações de seguros tendem a avançar entre 6% e 10%.
Em entrevista coletiva com jornalistas nesta sexta-feira, o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha, disse que as projeções para 2025 são conservadoras, com “pé no chão”. Ele comentou que o ano de 2025 pode ser desafiador, com alta da Selic e avanço da inflação. O executivo afirmou que o banco espera que a Selic possa chegar a 15,25% ou 15%.
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“O cenário em 2025 é de maior risco. Ele bate mais nas médias empresas do que nas pessoas físicas. A renda real quase cresceu quase 5% e para esse a projeção é de crescimento de 2%, com o desemprego podendo sair de 6,1% para 7,5%. Esse número é baixo em relação ao histórico do Brasil. Não me parece ter um estresse grande em pessoa física. Já para as empresas, o cenário é desafiador, pois elas podem pagar juros crescentes e, com isso, elas podem ter problemas”, disse Noronha.
O executivo afirmou que o banco deve manter a estratégia de focar em ativos seguros e rentáveis, que, segundo ele, devem manter a boa qualidade da carteira de crédito do Bradesco. “A gente tem um crescimento razoável em veículos, poderíamos estar crescendo mais. Em cartão de crédito, nós crescemos 5,1% no geral e na alta renda, crescemos 14,5%. O nosso custo de risco sobre a carteira é de 3% no ano”, explicou o CEO.
Ainda que o cenário seja desafiador, o executivo comentou ainda que o banco pode reajustar a rota em caso de melhora do cenário macroeconômico. Ele lembra que a queda recente do dólar pode fazer com que a inflação arrefeça e o Banco Central não tenha tanta necessidade de elevar a taxa básica de juros para a faixa dos 15%. “Eu não descarto o cenário melhor, mas o nosso é de cautela. A depender do andar da carruagem, a gente pode ter um ano diferente”, explicou o executivo.
Analistas estimam recuperação lenta para o Bradesco após projeções
Em meio ao guidance conservador no ciclo de alta de juros, os analistas ouvidos pelo E-Investidor passaram a estimar que o banco terá uma recuperação lenta. Felipe Moura, analista de investimento da Finacap, aponta que as projeções mostram que a recuperação do banco será mais lenta devido à alta dos juros.
Bruno Benassi, analista de Ativos da corretora Monte Bravo, diz que o guidance divulgado foi conservador, como tem sido dos demais players privados. Para o banco, ele diz que a leitura é ligeiramente negativa, pois mostra que a recuperação da rentabilidade do Bradesco em relação aos outros players deve demorar ainda mais tempo. Entretanto, o especialista da Monte Bravo diz que o banco está preocupado em crescer de forma menos cíclica e tornar seus resultados mais previsíveis, o que para ele é positivo. Para 2025, o analista estima um pagamento de dividendos do Bradesco de 9% do seu valor de mercado.
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Na visão dos analistas da XP Investimentos, o banco transmitiu uma mensagem de cautela, priorizando o crescimento rentável, mas em um ritmo mais lento. “Em 2025, o banco entra na segunda fase de seu plano, focado na recuperação do crescimento do NII. No entanto, o cenário macroeconômico desafiador apresenta dificuldades para a recuperação dos spreads, e acreditamos que será difícil para o banco crescer acima de seu custo de capital em 2025. Essa perspectiva está alinhada com nossa atualização recente, reiterando nossa posição neutra”, apontam Guttmann, Guimarães e Nobre, que estimam um dividend yield do Bradesco em 10,2% para 2025.
Já Evandro Medeiros, analista da Suno, lembra que um ambiente de juros altos impacta o custo de captação. Ainda assim, o especialista é mais otimista que o consenso: diz que o ano deve trazer um bom resultado de margem financeira para o banco, que tem tomado medidas para aprimorar seus processos de concessão de crédito. “A Selic elevada tende a favorecer o Bradesco devido à operação de seguros, que se beneficia da maior rentabilização do float — os prêmios retidos para cobrir sinistros futuros —, aplicado em ativos de curto prazo e gerando receita financeira”, aponta Medeiros. A Suno calcula que os proventos do Bradesco devem entregar um rendimento de 8% em 2025.
Questionado pelo E-Investidor se o ciclo de alta de juros pode de fato fazer com que a recuperação do Bradesco seja mais lenta, o executivo comentou que o banco terá menos margem financeira com o mercado em 2025. “No entanto, nós precisamos ver a dinâmica do ano. O guidance conservador deve trazer um crescimento mais lento, mas isso vai acontecer em toda a indústria”, apontou Noronha.
A XP tem recomendação neutra para o Bradesco (BBDC4) com preço-alvo de R$ 17 para o fim de 2025, uma possível alta de 36,2% na comparação com o fechamento de quinta-feira (6), quando a ação encerrou o pregão a R$ 12,48. A Monte Bravo tem recomendação neutra para o Bradesco, com preço-alvo de R$ 15,50, alta de 24,19% na comparação com o fechamento de quinta-feira. A Suno diz que há opções mais atraentes na bolsa. Os analistas estimam um preço justo de R$ 13 para as ações, alta de 4,16%.
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