O BTG Pactual (BPAC11) divulgou nesta segunda-feira (3) a carteira recomendada de ações para fevereiro, com os 10 melhores papéis para investir no período. De acordo com a instituição financeira, o cenário fiscal “altamente incerto” no País, o aumento da taxa de juros e a falta de visibilidade de melhora no curto prazo conduziram a escolha por ativos resilientes e menos ligados à economia doméstica. Tendo essa conjuntura no radar, o banco preferiu manter um portfólio defensivo, com empresas que são boas pagadoras de dividendos e que se beneficiam de um dólar alto, frente às perspectivas pessimistas para 2025.
Fazem parte da carteira, por exemplo, as ações de exportadoras como Suzano (SUZB3), Weg (WEGE3) e Embraer (EMBR3), que conferem ao investidor uma exposição ao dólar. A Petrobras (PETR4) também está entre as principais recomendações de compra, como uma forma de ter não só uma proteção contra a volatilidade do câmbio, já que os preços do petróleo são baseados em cotações internacionais, mas pelos altos dividendos pagos historicamente. Há indicações também para as companhias de serviços básicos, Sabesp (SBSP3) e Eletrobras (ELET3), e financeiro, B3 (B3SA3) e BB Seguridade (BBSE3). Por último, completam o portfólio os papéis da construtora de imóveis de baixa renda Cury (CURY3) e TIM (TIMS3), em função das boas perspectivas para distribuição de proventos.
“Estamos evitando uma exposição mais relevante a varejistas, empresas alavancadas e companhias que possuem a geração de caixa mais concentrada no longo prazo”, afirma o BTG. Saíram do portfólio as empresas JBS (JBSS3), Itaú (ITUB4) e Marcopolo (POLO4).
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Cenário pessimista após “voo de galinha” do Ibov em janeiro
Em janeiro, o Ibov fechou em alta de quase 5% em reais e 11% em dólares. Para o BTG, essa recuperação acontece muito em função do cenário externo – as sinalizações iniciais do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação à elevação de tarifas de produtos estrangeiros foram mais brandas do que o esperado, o que proporcionou alívios momentâneos sobre o dólar e os juros futuros, desafogando o principal índice de ações da B3.
Contudo, no cenário interno, o BTG não espera notícias positivas em relação ao fiscal. “Sem medidas estruturais mais significativas para reduzir o ritmo de expansão da dívida, o que parece altamente improvável, não esperamos uma recuperação sustentada das ações brasileiras”, afirma o banco. Para piorar a situação, as taxas de juros estão subindo no País, enquanto as perspectivas para a inflação continuam sendo revisadas para cima. Para a instituição financeira, a taxa de juros Selic, hoje em 13,25% ao ano, deve chegar a 15,25% em 2025. Caso isto aconteça, será o nível mais alto desde 2006.
A equipe econômica do BTG Pactual continua cética quanto à existência de espaço para que os juros comecem a cair este ano, ainda que a atividade econômica desacelere. “Se a atividade econômica desacelerar o suficiente para reduzir as pressões inflacionárias, o possível impacto negativo sobre a popularidade do governo (um ano antes de eleições presidenciais) pode ser suficiente para pressioná-lo a adotar medidas para reaquecer a economia (por meio de estímulos fiscais adicionais ou medidas parafiscais, por exemplo). Essas medidas podem aumentar os prêmios de risco, pressionar o real e dificultar o processo de desinflação”, diz o banco.
Por ora, as perspectivas para o Ibovespa seguem pessimistas, com as projeções para os lucros das empresas domésticas em 2025 desacelerando significativamente. Na visão do banco de investimentos, a única maneira de os preços dos ativos se estabilizarem ou melhorarem seria se o governo implementasse mudanças mais estruturais no orçamento. “O que parece improvável neste momento”, aponta o BTG, em relatório.
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