O aumento de capital de R$ 2 bilhões pela Minerva (BEEF3), finalizado na sexta-feira (20), não será suficiente para reduzir seu endividamento, segundo estimativas do BTG Pactual. A dívida líquida da companhia deve chegar a R$ 17,8 bilhões até o fim de 2025, o que implicaria em uma alavancagem de 3,9x. O volume, segundo o banco, é um resultado das estratégias como adiantamentos de clientes, financiamentos de fornecedores e FIDCs, que foram adotadas nos últimos trimestres para melhorar o fluxo de caixa.
“Com um múltiplo de 5,1x EV/EBITDA, a ação é negociada próxima à sua média histórica de dez anos (5,3x), oferecendo uma margem de segurança limitada em termos de valuation. Em um ambiente de juros altos, é difícil justificar a manutenção de um ativo com baixo rendimento e alto endividamento em uma visão de 12 meses”, escreveram os analistas Thiago Duarte e Guilherme Guttilla em relatório, divulgado nesta terça-feira (24).
Por causa desse quadro financeiro, o banco de investimentos reduziu o preço-alvo para as ações da empresa de alimentos de R$ 10 para R$ 8 e manteve a recomendação neutra para a companhia. Apesar das ressalvas financeiras, o BTG Pactual reconhece que a perspectiva de curto prazo para a companhia parece ser construtiva com o impulso das exportações e venda de estoques, podendo resultar em números interessantes para o balanço do segundo trimestre. O banco ressalta que as exportações para a China e para os EUA seguem fortes, enquanto os preços da carne bovina alcançaram patamares mais elevados.
“Acreditamos que a Minerva aproveitou a cota de importação isenta de impostos dos EUA para antecipar exportações e estocar carne bovina para vendas futuras. Antecipamos que esses estoques serão monetizados no segundo trimestre a preços elevados”, disseram os especialistas. Há ainda uma expectativa para uma melhora de margem no curto prazo, impulsionada pela aceleração das operações das plantas de abate e desossa de bovinos e ovinos que foram adquiridas pela Marfrig (MRFG3).
Segundo o banco, esse fator é um dos principais responsáveis para a projeção de margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em inglês) de 9,2% para 2026, contra 8,8% para 2025. Às 11h30 (de Brasília), os papéis da Minerva(BEEF3) registram uma queda de 0,21%, sendo negociados a R$ 4,80. Já em 2025, as ações avançam a 16,26%.