

O Carrefour (CRFB3) apresentou resultados fracos com uma rentabilidade pressionada no Sam’s Club, o que acabou retirando o brilho das outras linhas do balanço, dizem analistas ouvidos pelo E-Investidor nesta quarta-feira (19). Ontem, a empresa reportou lucro líquido ajustado de R$ 1,77 bilhão no quarto trimestre de 2024. O resultado é três vezes maior (240%) quando comparado ao que foi reportado um ano antes, de R$ 520 milhões.
Mesmo com a disparada do lucro do Carrefour, analistas da Ágora Investimentos e Bradesco BBI dizem que o balanço foi fraco. Esse posicionamento é colocado após o Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda) ajustado ter sido impactado por ajustes não recorrentes significativos relacionados a despesas de reestruturação e prejuízo líquido com vendas de ativos, que trouxeram um impacto de líquido de R$ 438 milhões.
Eles afirmam também que as vendas do Sam’s Club cresceram 13,1% na comparação entre o quarto trimestre de 2024 e o quarto trimestre de 2023, cerca de 2,4 pontos porcentuais abaixo do esperado pelos analistas da Ágora Investimentos e Bradesco BBI. “A margem bruta consolidada caiu 0,7 ponto porcentual em relação ao ano anterior (aproximadamente 0,3 ponto porcentual abaixo do esperado pelo BBI)”, dizem Pedro Pinto, do Bradesco BBI e Flávia Meireles, da Ágora Investimentos, que assinam o relatório em conjunto.
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Já o analista do Citi diz que os números foram em linha com o esperado. Segundo informações do Broadcast, o banco destaca que o aumento de 6% nas vendas líquidas ficou na estimativa, com o varejo ligeiramente melhor compensando o resultado do Sam´s Club.
Em relatório, o analista João Pedro Soares aponta que as vendas líquidas da Atacadão ficaram em linha, com as vendas das mesmas lojas do Carrefour (SSS, na sigla em inglês) de 6,3% (versus 6,2% esperados). A margem bruta contraiu 0,7 ponto porcentual e ficou 0,4 ponto porcentual abaixo do esperado. Para ele, a perda foi explicada principalmente pela margem bruta, que ficou 0,3 ponto porcentual abaixo do esperado devido aos descontos da Black Friday e mudanças no mix de produtos.
“Nenhuma surpresa além do reconhecimento positivo de ativos fiscais. Nossa principal pergunta para a teleconferência de hoje, sobre as operações, é sobre a margem bruta e se isso se relaciona a mudanças no mix. Também esperamos atualizações sobre a transação com o Carrefour France”, destaca.
Os analistas da Genial afirmam que o grande destaque do resultado foi a expressiva redução do endividamento (alavancagem) da companhia, com a alavancagem recuando de 3,2 vezes para 1,8 vezes. “Esse movimento foi impulsionado pela sazonalidade positiva no capital de giro e por um EBITDA Ajustado consolidado 4,2% acima da nossa projeção. A dinâmica que mais destoou de nossa projeção foi a alíquota efetiva do grupo, onde projetávamos um pagamento de R$ 120 milhões no trimestre e o grupo reconheceu R$ 777 milhões no período”, dissertam Iago Souza e Nina Mirazon, que assinam o relatório da Genial.
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A XP Investimentos relata que o lucro líquido do Carrefour foi impulsionado por um ganho fiscal positivo de R$ 1 bilhão, embora parcialmente compensado por maiores despesas relacionadas ao fechamento e desinvestimento de lojas e baixas contábeis. “Finalmente, a geração de caixa foi positiva em R$ 10 bilhões, principalmente devido à sazonalidade, embora o maior impacto sobre os fornecedores observado no terceiro trimestre tenha sido revertido, como esperado”, apontam Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer.
Ação do Carrefour é uma boa oportunidade de investimentos?
O consenso dos analistas consultados pela reportagem é a recomendação neutra. Os analistas da Ágora Investimentos e Bradesco BBI dizem que o resultado não deve mais trazer grandes impactos e devem ficar em segundo plano para a ação do Carrefour. “Isso não será a pauta central quanto a empresa e seu grupo controlador estiverem conduzindo a discussão para fechar o capital do Carrefour Brasil”, salientam Pedro Pinto e Flávia Meireles.
A Ágora Investimentos tem recomendação neutra para a ação CRFB3 com preço-alvo de R$ 7,00 para o fim de 2025, uma queda de 6,7% na comparação com o fechamento de terça-feira (18), quando a ação encerrou o pregão a R$ 7,50. O Citi também tem recomendação neutra para o Carrefour, com preço-alvo de R$ 7,30, representando uma potencial queda de 2,7% sobre o fechamento do papel no pregão de ontem.
A Genial tem recomendação de manter, que é equivalente à neutra, com preço-alvo de R$ 7,50, o mesmo valor que o papel encerrou nesta terça-feira (18), ou seja, sem nenhuma chance de alta para o ativo. A XP também tem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 7,00 para o fim de 2025, queda de 6,7% na comparação com o fechamento de terça-feira.
Ou seja, em meio a um resultado considerado fraco, sem grandes surpresas e com as questões do fechamento do capital, os analistas preferem que o investidor não compre a ação do Carrefour (CRFB3) para evitar prejuízos com a possível queda do papel no curto e médio prazo.
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