- Setor deverá enfrentar solavancos mercadológicos até chegar ao ponto de equilíbrio
- Há anseio do setor de óleos em migrar para fontes mais limpas. No caso das commodities agrícolas, perspectivas são boas a depender do clima
- Fatores políticos devem interferir no mercado de ferro este ano
Por Francisco Carlos de Assis e Karla Spotorno – O mercado de commodities, de modo geral, tem uma perspectiva positiva do ponto de vista estrutural para os curto e médios prazos. Todavia, o setor deverá enfrentar alguns solavancos mercadológicos no decorrer do percurso até chegar ao ponto de equilíbrio. Este cenário está de acordo com a visão dos analistas Bruno Cordeiro, da Kapitalo Investimentos, e Felipe Hirai, sócio e gestor da Dahlia Capital, que participaram nesta quarta-feira (03) do evento Expert da XP no painel “Commodities: Vale a Pena Investir?”
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Eles não deram uma resposta clara à pergunta que deu título ao painel, mas fizeram uma análise sobre o cenário forjado pelas crises geopolíticas e climáticas. No campo energético, segundo Cordeiro, pesa o componente estrutural da energia, em que o anseio está em migrar para fontes limpas, o que já vem acontecendo paulatinamente. Ao mesmo tempo, o estoque de óleo no mundo se encontra baixo.
“Então vamos migrar, mas enquanto isso vai faltar o óleo. O mercado tem ciência de que vai faltar, mas o estrutural de energia para frente é construtivo nos curto e médio prazos”, disse Cordeiro, para quem essa razão faz os preços de petróleo alternarem entre subidas e quedas.
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Hirai, sócio e gestor da Dahlia Capital, discorreu sobre o mercado de minério de ferro. Ele tomou como base para sua análise o mercado de casas (imobiliário) na China, que responde por 60% a 70% de todo o consumo de aço chinês. “E como esse setor vai mal, o minério de ferro vai mal também”, disse.
Para ele, fatores políticos devem interferir no mercado de ferro este ano, já que Xi Jinping, que tem desejo de ultrapassar Mao Tse-Tung, vai tentar o terceiro mandato como presidente chinês. Assim, Hirai acredita que o preço da tonelada de minério de ferro deverá ficar entre US$ 80 e US$ 100.
Agrícolas
No caso das commodities agrícolas, as perspectivas são boas a depender do clima, de acordo com Cordeiro. Houve seguidas quebras de safras nos últimos anos, mas na agricultura os ciclos são curtos se comparados ao tempo de maturação de processos no segmento de óleos. No Brasil, disse, a produção agrícola vem crescendo com a ampliação das fronteiras.
“Não faltou dinheiro, mas teve quebra se safra e demanda em crescimento. Quando tem quebra de safras sequenciais os preços sobem e os mercados ficam apertados. Mas se São Pedro ajudar, a safra vai melhorar aqui e de agosto a setembro nos EUA“, afirmou.